Resiliência
(12/10/2006)

A rapidez de se levantar após a queda

Você perdeu o emprego, seu cônjuge pediu o divórcio, algo catastrófico ocorreu para você (acidente, morte de um ente querido, um crime, enchente…) Como você reage a isto?

Você certamente irá sofrer porque a nós nos foi ensinado que coisas deste tipo nos provocam dores. Você se afunda em si mesmo e pode até chegar a afirmar “que está no fundo do poço”.

Para mais, a sociedade como um todo (pais, amigos, parentes, professores) nos ensina que acontecimentos ruins como o erro, a falha ou o fracasso também são coisas horríveis. Mas ninguém nos ensina como aprender com eles e vislumbrar novos caminhos para nos tornarmos melhores, se as coisas vierem a se repetir.

Imagine-se agora ocupando um cargo de alta gerência ou superior em uma organização líder de mercado. Certamente você estará sofrendo pressões, cobranças, sobrecarga de tarefas, medo de desemprego e “otras cositas mas” oriundas da globalização e da nova economia. E como você reage a isto?

Em qualquer destas situações acima, citadas apenas como exemplos, iremos reagir de acordo com nossas crenças e nossos valores. Mas, o que devemos ter em conta, que é pela mente que iremos perceber tais fatos. E estes fatos irão gerar respostas após serem “filtrados” pelas nossas mentes.

Portanto, nossas reações boas ou ruins vão depender de como nossa mente interpreta o evento ou a situação. E isto é algo individual, ou seja, cada ser humano reage de uma maneira. Assim sendo, o estresse pode ser compreendido como a forma de se perceber cada fato ou evento. O que para uns pode representar um risco ou uma fonte de estresse, pode não ser para outros. O que pode, para uns, representar um risco em um determinado momento de suas vidas, pode não sê-lo em outro momento.

A diferença está em nossa reação. A vivência de algo negativo nos ensina a reagir de forma diferente e mais serena caso o mesmo evento venha a se repetir, o que faz com que não tenhamos as mesmas reações. E não iremos tê-las porque nos adaptamos, nos reajustamos e aprendemos a reagir de forma mais inteligente para não chegarmos, novamente, “ao fundo do poço”.

Esta capacidade humana tem o nome de resiliência. É uma palavra oriunda da Física e definida como a propriedade pela qual a energia armazenada em um determinado corpo deformado é devolvida quando cessa a tensão causadora de uma deformação elástica (Dicionário Aurélio), ou seja, a capacidade de um corpo voltar ao seu estado normal após ter sofrido uma pressão (deformação) que foi removida.

Em Ciências Sociais, a resiliência é “uma qualidade de resistência e perseverança da pessoa humana face às dificuldades que encontra.

Em Medicina, é “a capacidade que o indivíduo tem de resistir, por si próprio ou por medicamentos, a uma doença, infecção ou intervenção”.

Em Biologia, é “a capacidade que a natureza tem de se reorganizar após passar por uma situação de devastação”.

Em Psicologia é “a capacidade que o ser humano tem em superar situações adversas (perdas, estresse, crises) com o mínimo de disfuncionalidade no seu comportamento, adaptando-se ou ajustando-se à nova situação”.

O Dr.Alberto D’Auria nos fornece o seguinte exemplo: “um indivíduo submetido a situações de crises, estresse ou perdas e que sabe vencer sem lesões severas (rachaduras) é um resiliente Já aquele(a) que não possui resiliência é chamado(a) “homem ou mulher de vidro”, que se “quebra” ao ser submetido a pressões e situações estressantes. A idéia de resiliência pode ser comparada às modificações da forma de uma bexiga parcialmente inflada: se comprimida, adquirindo as formas mais diversas e retornando ao seu estado inicial após a remoção das pressões exercidas sobre a mesma”.

Já Tavares, define resiliência como “a capacidade de responder de forma mais consistente aos desafios e dificuldades, de reagir com flexibilidade e capacidade de recuperação diante de desafios e circunstâncias desfavoráveis, obtendo uma atitude otimista, positiva e perseverante e mantendo um equilíbrio dinâmico durante e após os embates”.

Deste modo, resiliência é a capacidade que o indivíduo possui em saber lidar com pressões e situações difíceis e adversas, sem prejuízo de sua saúde física e de seu equilíbrio emocional. Quem é resiliente consegue recuperar-se após vencer cada desafio. E, quanto mais resiliente é a pessoa, menor será o índice de doenças e maior será seu desenvolvimento pessoal.

Resiliência significa equilíbrio entre tensão e capacidade de lutar, além de servir de aprendizado para estarmos preparados quando outra situação adversa acontecer. Pessoas resilientes abrem-se para outro nível de consciência.

Atualmente, várias organizações têm fornecido ferramentas e treinamentos nesta área, pois aquele colaborador que não desenvolve a resiliência poderá apresentar queda de produtividade e desenvolvimento de doenças. Com isto, todos os colaboradores e líderes terão a oportunidade de aumentar o conhecimento de si mesmos, mudar suas respostas, tanto comportamentais como emocionais, diminuir a ansiedade e o estresse frente as adversidades e aumentar sua confiança quando incertezas se fizerem presentes.

Como desenvolver e/ou aumentar a resiliência

O Dr. Alberto D’Auria fornece as seguintes orientações:

Vantagens

O desenvolvimento da resiliência pode proporcionar ao ser humano as seguintes vantagens:

A resiliência fortalece o desempenho mantendo as habilidades e competências necessárias para que o indivíduo continue seu aprendizado, seu desenvolvimento e ascensão de sua carreira profissional.

Características da pessoa resiliente

Para Frederic Flach, as características da pessoa resiliente são:

Já, para Eduardo Camello, autor do livro “Supere – A arte de lidar com as adversidades” (Ed. Gente), são resilientes as pessoas que possuem uma combinação das seguintes qualidades:

Comece a prestar mais atenção a você mesmo quando situações adversas, como um acontecimento do passado lhe trouxer lembranças amargas ou ser acometido por uma doença ou uma perda, ou… e você ficar “para baixo” ou deprimido. Este é o momento que a vida está lhe dando para saber, realmente, se você é resiliente ou não.

Ou, como afirma Kelly Young: “O problema não é o problema. O problema é sua atitude com relação ao problema”.

Notou a diferença?