IRRADIAÇÕES
A Chave Mestra do Universo

A ORIGEM DA VIDA NA TERRA

Há décadas duas correntes antagônicas, o criacionismo e o evolucionismo, se empenham em responder as questões básicas da existência humana: Quem somos? De onde viemos?

Ambas já mediram forças várias vezes, num fluxo e refluxo de batalhas ganhas e perdidas, com traições e deserções, conquistas e capitulações, tudo, enfim, que caracteriza uma guerra. Santa, no entender de um grupo; justa, no entender de outro. Nem bem os criacionistas tinham acabado de comemorar o desmoronamento da insustentável teoria materialista da geração espontânea, e as ideias de Darwin já começavam a ganhar o mundo. O que se seguiu daí foi uma sucessão extenuante de debates acalorados, provas e contraprovas e até processos judiciais.

Qual das duas concepções básicas seria então a correta? O primeiro homem teria sido criado a partir do barro e a primeira mulher nascida de sua costela? Ou o casal primevo da humanidade teria surgido de uma dissidência símia? Barro ou macaco? Eis a questão.

As duas linhas estão certas e erradas ao mesmo tempo. A visão criacionista acerta ao afirmar que toda a vida na Terra foi criada por um Ser Supremo, mas erra ao supor que todas as criaturas surgiram de repente, já perfeitamente evoluídas, sem nenhuma transição de desenvolvimento. Os criacionistas não admitem a evolução das espécies porque não encontram um respaldo bíblico para essa ideia. O erro aí está em tomar ao pé da letra a narrativa do Gênesis. Se considerassem a Bíblia como um livro espiritual, repleto de metáforas de cunho espiritual, não teriam dificuldade em discernir naquelas imagens tão belas da Criação do mundo, processos gigantescos de desenvolvimento que demandaram não centenas ou milhares, mas milhões de anos.

A corrente evolucionista, por sua vez, acerta ao apresentar a evolução das espécies como um processo contínuo na Natureza, porque o desenvolvimento permanente é inerente à própria Criação. Está inserido na Lei do Movimento. Erra, porém, ao supor que o ser humano descende de uma criatura simiesca. Também erra ao supor que todos os seres vivos descendem de uma única forma primitiva de vida. O problema aqui é a visão estritamente materialista, que considera o corpo terreno como sendo a própria criatura humana, a qual na verdade é constituída de espírito, alma e corpo.

A alma é o invólucro do espírito, assim como o corpo é o invólucro da alma. O espírito é o único realmente vivo no ser humano; aliás, é o próprio ser humano. Tudo o mais são apenas invólucros que lhe permitem atuar em outros planos da Criação que não o espiritual, seu verdadeiro ponto de origem. A alma é constituída de uma matéria mais fina – porém ainda matéria – não perceptível aos olhos terrenos.

Essa divisão do ser humano em espírito, alma e corpo aparece até na Bíblia. O apóstolo Paulo, por exemplo, exorta os Tessalonicenses a “conservar espírito, alma e corpo íntegros e irrepreensíveis” (1Ts5:23), a mesma divisão, aliás, já ensinada antes por Platão, grego como eles. Essa diferenciação, inclusive, aparece tanto no Novo como no Antigo Testamento. Os textos hebraicos do Antigo Testamento fazem uma clara distinção entre baśār – corpo, nepeš – alma e rûah – espírito, o mesmo acontecendo com os textos gregos do Novo Testamento: sōma – corpo, psychē – alma e pneuma – espírito. Esse conhecimento é, portanto, bastante antigo. O teólogo Orígenes, do século III da nossa era, também explica em seus Primeiros Princípios que “o homem consiste de corpo, alma e espírito”.

O espírito humano necessita incondicionalmente desses dois invólucros básicos para poder se fazer valer plenamente aqui na matéria. Sem o corpo físico, o invólucro grosso-material mais externo, ele não poderia atuar no ambiente terreno de mesma espécie. É como alguém que desejasse pesquisar o fundo do oceano e conhecer o que se encontra naquele ambiente, situado abaixo dele. Para poder saber o que existe no fundo do mar ele precisa mergulhar até lá. E, para tanto, não pode simplesmente pular na água, mas sim deverá vestir um macacão apropriado, e por cima desse ainda um escafandro, que é um invólucro adequado para esse tipo de mergulho, bem mais pesado, que lhe permite movimentar-se no ambiente aquático, mais denso que o ar a que está acostumado. Assim, bem aparelhado, ele pode descer até o fundo do mar, caminhar por ali, aprender o que necessitar e, por fim, subir novamente à tona, quando então poderá se despir dos dois invólucros especiais que havia utilizado em sua descida.

Da mesma forma que essas roupagens especiais para mergulho, ambos os invólucros do espírito humano – alma e corpo – também não têm vida autônoma fora das matérias fina e grosseira, mas são apenas vivificados pelo espírito, o único realmente vivo no ser humano, aquilo que se sente nitidamente como sendo o “eu”.

Os defensores da linha estritamente evolucionista não refletem que o sentimento do “eu” não pode provir de parte alguma do corpo humano perecível, pois, se assim fosse, este sentimento deveria logicamente também se modificar com o tempo, seguindo a trajetória de envelhecimento do corpo. O sentimento do “eu” porém, não muda durante a vida terrena e nem depois dela. Permanece sempre o mesmo, porque não provém de parte alguma do corpo físico mutável e perecível, e sim da alma, ou mais precisamente do espírito, que é o próprio ser humano. Conforme dito, a alma é o invólucro do espírito, constituída de um tipo diferente de matéria, mais fina, assim como o corpo terreno é o invólucro da alma, constituído de uma matéria mais grosseira, que podemos perceber com nossos sentidos corpóreos. Nem alma nem corpo são realmente “vivos”, mas apenas vivificados pelo espírito humano durante suas peregrinações pelos planos da materialidade.

Nossa origem não remonta, pois, a um ser criado a partir do barro, simplesmente porque somos seres espirituais, provenientes do plano espiritual da Criação. Por outro lado, o que se desenvolveu de um animal simiesco não foi o ser humano, que é um ente espiritual, mas apenas seu corpo terreno, que nada mais é do que uma vestimenta, uma ferramenta que lhe permite viver e atuar na matéria.

O processo que propiciou o surgimento do ser humano na Terra é explicado minuciosamente na Mensagem do Graal de Abdruschin, e complementado na obra Os Primeiros Seres Humanos, de Roselis von Sass. Quero aqui apenas detalhar alguns aspectos do surgimento da vida na Terra, decorrentes de um grande processo de irradiação, proveniente de alturas inimagináveis.

Tudo quanto existe no Universo provém, em última instância, da irradiação do Criador. Essa irradiação já contém em si todas as partículas necessárias à formação dos vários planos e mundos. Vamos considerar aqui duas parcelas desta irradiação: as sementes espirituais (ou germes espirituais) e as partículas espirituais, sem nos ater por enquanto sobre sua formação. Ambas percorrem distâncias inconcebíveis, desde a Fonte Primordial até um ponto de resfriamento da irradiação que permite a formação dos mundos materiais.

Durante o processo de descida, as partículas espirituais vão se envolvendo com outros elementos provenientes da irradiação criadora e que se encontravam soltos, em alturas condizentes com os respectivos graus de resfriamento. É semelhante à decantação de vários elementos de uma mistura líquida. Inicialmente separam-se os elementos mais leves, permanecendo numa certa altura do recipiente. Depois, apartam-se os elementos mais densos, permanecendo numa altura menor, e assim por diante, até que, no fundo, fica apenas o elemento mais pesado.

Em seu percurso descendente, as partículas espirituais envolvem-se com os elementos dispersos porque sua irradiação própria é magnética, atraindo, com uma força correspondente ao seu tamanho, aquilo que se encontra ao seu redor. Assim, quando chega ao ponto de resfriamento da irradiação primordial no qual podem se formar os mundos materiais a nós visíveis, esta partícula já está envolta com várias outras espécies de sedimentos da Criação, que se achavam soltos em planos acima dela. Ela se encontra, portanto, envolvida com vários invólucros de espécies diferentes.

Cada vez que a partícula é envolta com uma espécie da Criação, a irradiação que sai do último invólucro é diferente da irradiação original da partícula, porque esta tem de atravessar agora várias camadas superpostas, formadas pelos diferentes invólucros, os quais modificam essa irradiação. É justamente essa irradiação modificada, mas ainda magnética, que possibilita a atração dos elementos soltos na camada subsequente de sedimento do plano em que a partícula mergulha.

O processo vai se repetindo de degrau em degrau para baixo, até chegar ao plano mais afastado da Fonte de irradiação primordial: o plano da materialidade. Aqui, a partícula espiritual original, já envolta com vários outros invólucros de planos mais etéreos, envolve-se então com uma camada material, dando origem, então, a partículas minúsculas de matéria.

Há tempos a ciência se esforça por desvendar o “segredo último” da matéria ou o “tijolo fundamental”, que daria origem a todas as partículas subatômicas conhecidas. Quanto mais se procura, mais e mais partículas surgem, algumas com tempos de vida infinitesimais, e novos mundos vão sendo desvendados, de modo que a impressão que se tem é de que não há um fim para essa busca.

Fim há, só que não pode ser alcançado por instrumentos terrenos, pois a partícula primordial, origem de todos os aglomerados atômicos conhecidos é de origem espiritual. Esses aglomerados atômicos, denominados moléculas, constituem todos os elementos materiais que a ciência já conhece e descreveu.

A concepção de que a matéria seria formada por partículas minúsculas surgiu pela primeira vez com o filósofo grego Leucipo (450? – 370 a.C.), desenvolvida posteriormente por um outro grego, seu contemporâneo: Demócrito. Segundo Leucipo, a matéria seria formada por partículas “idênticas e indivisíveis, em constante movimentação”. Interessante notar como a intuição é capaz de dar respostas prontas e simples para os grandes enigmas da vida… Essas partículas foram chamadas de “átomos” na Grécia antiga, que significa “não divisível”. No século XIX, o inglês John Dalton postulou que os átomos se uniam entre si em proporções definidas, as chamadas moléculas, as menores partículas de uma substância que ainda mantêm as propriedades químicas desta substância.

Quando a ciência moderna descobriu que os átomos eram formados por partículas ainda menores, concluiu logicamente que os gregos haviam errado em sua concepção original de menor partícula da matéria, já que o átomo mostrou que era, sim, divisível. No entanto, o que aqueles gregos antigos anteviram intuitivamente não foi o átomo descrito pela ciência, e sim o corpúsculo primordial espiritual constituído de várias camadas superpostas, que o envolvem como invólucros, depositados em seu percurso descendente do plano espiritual até a matéria grosseira.

A ciência descobriu que os prótons e nêutrons, tecnicamente chamados bárions , os quais compõem o núcleo dos átomos, são constituídos de partículas ainda menores, a que deram o nome de quarks. A matéria toda seria constituída de três tipos de partículas elementares: léptons, quarks e bósons, subdivididas em espécies de características distintas.

Há seis espécies de léptons conhecidas, das quais a mais familiar, de que todos nós já ouvimos falar, é o elétron. As outras são: elétron-neutrino, múon, múon-neutrino, tau e tauneutrino. Os seis tipos de quarks conhecidos receberam nomes um tanto esdrúxulos, para que fossem facilmente lembrados: up, down, charm, strange, top e bottom. Os bósons se subdividem em quatro tipos: fóton, glúon, bósons vetoriais intermediários e grávitons. Essa última partícula, o gráviton, ainda não foi detectada, mas sua existência é tida como certa. A coisa funciona assim: com base no comportamento da matéria, os cientistas concluem que deve existir uma determinada partícula com esta e aquela característica, e procuram encontrá-la em equipamentos chamados detectores de partículas. O gráviton, a quem ficaria a cargo a gravidade, ainda não foi detectado, mas a busca continua.

Atualmente já se especula se essas partículas, tidas hoje como básicas, não seriam constituídas, elas mesmas, de elementos ainda menores, pequeníssimos, na forma de pequenas cordas vibrantes. Essas minúsculas cordas teriam um tamanho cerca de mil quintilhões de vezes menor do que um núcleo atômico. Para dar uma imagem de comparação: se o núcleo de um átomo tivesse o diâmetro do sistema solar, as cordas teriam o tamanho de uma árvore. Essas elucubrações mostram que o mundo do infinitamente pequeno parece mesmo não ter fim, pois é claro que daí já surgiria a pergunta se essas cordas também não seriam compostas de coisas ainda menores… O raciocínio humano jamais chegará a desvendar o segredo último da matéria, pois, conforme visto, a partícula primordial propriamente dita, única e indivisível, é espiritual, e esta a ciência nunca poderá divisar com suas teorias mirabolantes nem tampouco enxergar com seus aceleradores de partículas. O que ela poderá discernir será sempre mais e mais divisões de partículas materiais, portanto corpúsculos que já constituem, eles próprios, os invólucros mais externos da partícula espiritual fundamental.

De tudo isso podemos concluir que a matéria só existe como tal porque é condensada e incandescida permanentemente pela partícula primordial espiritual. Tal como nós mesmos, cujos corpos físicos só existem e permanecem vivificados enquanto são incandescidos pelo espírito, o único realmente vivo, que nos outorga o inefável sentimento do “eu”, a autoconsciência adquirida através de vivências no longo percurso pela materialidade, através de várias vidas no aquém e no além.

Os aglomerados desses elementos materiais incandescidos constituem a matéria-prima de atuação de determinados seres da Natureza, encarregados de dar formas várias à matéria. Dessa atuação surge tudo quanto denominamos de Natureza.

O conhecimento da atuação dos seres da Natureza, os enteais, também conhecidos como seres elementares ou elementais, compõe um grande capítulo à parte e, novamente, é descrito com riqueza de detalhes na Mensagem do Graal de Abdruschin e em alguns livros de Roselis von Sass, particularmente em O Livro do Juízo Final e O Nascimento da Terra.

O surgimento da Natureza, tal como a conhecemos, também não se deu de repente, mas foi igualmente um processo de evolução contínuo, em obediência à Lei do Movimento na Criação.

Com a matéria na forma básica colocada à sua disposição, um tipo de enteais para isso encarregados deu forma primeiramente aos vários tipos de solos e de pedras. A irradiação de cada tipo de pedra difere uma das outras devido aos diferentes invólucros que a irradiação conjunta das partículas espirituais tem de atravessar até emergir da superfície da pedra. Assim, cada tipo de pedra emite uma irradiação diferente, consentânea à sua espécie básica.

À medida que a rocha vai se degradando pelas influências externas do ambiente, sua irradiação externa também se modifica, porque a irradiação original das partículas espirituais tem de atravessar agora um último invólucro, que está se modificando. Essa irradiação alterada da pedra pela sua degradação natural atrai agora magneticamente corpúsculos materiais de constituição diferente, já moldados pelos enteais: minúsculas sementes, as quais pairavam acima do solo. Em primeira linha, sementes de líquen e musgo, vegetais de constituição muito simples, que são atraídos para a superfície em degradação da rocha e lá podem germinar.

Ao se decomporem em processo natural, o líquen e o musgo promovem uma nova modificação da irradiação original da pedra, pois esta se altera novamente ao atravessar o último invólucro, formado agora de líquen e musgo em decomposição. Essa irradiação alterada atrai outros tipos de sementes, algo mais complexas, que também germinam e se desenvolvem no solo da pedra em degradação.

Cada nova planta que pode crescer na superfície da rocha original altera sua irradiação, que, com isso, é capaz de atrair outros tipos de sementes de planta. A rocha degradada é agora um solo fértil para a germinação de plantas cada vez mais complexas. O processo continua a se repetir, não somente com as pedras, mas também em relação à terra, à água e ao ar, dando origem assim à toda vida vegetal na Terra.

Convém intercalar aqui que esses processos naturais de mudança de irradiações jamais poderão dar origem a algo insano, nocivo, que provoque algum tipo de desequilíbrio, justamente porque são naturais. É diferente quando o ser humano provoca uma alteração artificial nos elementos. Nessas situações ocorre a geração de irradiações desconhecidas, que podem ser muito prejudiciais. É o caso, por exemplo, da formação de elementos não existentes originalmente na Natureza, como o plutônio, uma das substâncias mais radiotóxicas conhecidas, ou, então, quando se promove uma alteração genética qualquer numa planta, dando origem a uma espécie transgênica, das quais infelizmente já existem muitas.

Voltando à origem propriamente da vida no planeta, é preciso saber que em tempos imemoriais uma chuva contínua caiu durante milênios sobre a Terra. Essa chuva permanente teve papel fundamental na distribuição das várias espécies das várias sementes de plantas pelos continentes. Reproduzo a seguir uma explicação deste processo dada por um guia dos povos enteais, contida no livro “O Nascimento da Terra”, de Roselis von Sass:

“A Terra inteira precisa ser totalmente impregnada com o líquido puro. Ela, pois, também deve receber plantações da maneira mais bela! Junto com a chuva descem as sementes que no solo macio logo encontram o necessário apoio. Com a distribuição das sementes dentro das nuvens de chuva consegue-se algo formidável. Pois para cada continente ou região aquática descem apenas aquelas sementes que devem crescer e se desenvolver nessas regiões.”

Da mesma autora, podemos ler o seguinte esclarecimento na obra Os Primeiros Seres Humanos, sobre os períodos distintos de vegetação que se formaram sobre a Terra:

“As sementes da vegetação, da flora terrena, não germinaram ao mesmo tempo. Pelo contrário! As sementes primitivas eram de tal contextura, que somente depois de um determinado período, mais ou menos longo, podiam começar a germinar. Tinha-se a impressão de que até mesmo as sementes se orientavam de acordo com um mecanismo de relógio, que lhes indicava o tempo em que lhes seria permitido tornar-se ativas…”

Por fim, as irradiações conjuntas em constante alteração dos elementos básicos da matéria grosseira: pedras, água, terra e ar, atingem um grau compatível com a atração das primeiras sementes de animais, formadas igualmente da irradiação básica proveniente do Criador.

Com as sementes de animais o processo se repete. Inicialmente desenvolvem-se as espécies mais primitivas, mas já de grande diversidade, consentânea aos vários tipos de solos formados pela vida vegetal precedente. Essas espécies animais são, porém, portadoras de uma grande diferença em relação às espécies vegetais: a capacidade de locomoção. A capacidade de deslocar-se por si mesmo é inerente aos seres desenvolvidos de sementes animais.

Isso acontece porque os animais são formados por um núcleo vivo próprio: a alma enteal, o que não ocorre com os vegetais, que só podem se desenvolver pela atuação externa e interna dos seres da Natureza.

O saber de que os primeiros animais desenvolveram-se de sementes primordiais responde ao conhecido enigma de criança sempre à espera de uma resposta adulta: “quem veio primeiro: o ovo ou a galinha?” Quem veio primeiro foi o ovo, ou mais precisamente a semente, que deu origem a um animal ovíparo que redundou, através do processo de evolução das espécies, nas aves existentes hoje na Terra, que se reproduzem da maneira que conhecemos.

O desenvolvimento da Natureza mostra-se nas várias espécies vegetais e animais que vão se sucedendo em ciclos. Cada ciclo de desenvolvimento da Terra é apropriado para o surgimento de bem determinadas espécies vegetais e animais. Em outras palavras, o tipo de espécie vegetal e animal que habitou a Terra num determinado período de desenvolvimento estava adaptado àquela respectiva época, e tão-somente àquela época, constituindo essas próprias espécies um retrato da evolução progressiva do planeta.

Assim sucederam-se vários ciclos de espécies animais e vegetais, dos quais destaca-se o ciclo dos sáurios, bastante estudados visto que frequentemente são encontrados fósseis desses animais pré-históricos. Mas houve, sim, períodos de desenvolvimento anteriores, dos quais não chegaram registros até a época presente. Os primeiros animais pré-históricos propriamente ditos, por exemplo, eram de tamanho colossal, muito maiores do que os conhecidos dinossauros. Mas deles nadas mais resta hoje em dia, pois não surgiram há milhões e sim há bilhões de anos. Seus esqueletos já se dissolveram integralmente há muito.

Um outro grande degrau de evolução atingido pela Terra foi a chegada dos mamíferos. Essa classe de animais vertebrados é importante porque dela surgiram as primeiras espécies capazes de sentir amor. O exemplo mais imediato que temos disso hoje é o amor que sentem e retribuem aos seus donos os animais de estimação. Este amor recíproco é capaz de manter a forma das almas enteais desses animais, de modo que não se fundem com o todo após a morte, podendo continuar a viver por si.

Da classe dos mamíferos adveio mais tarde a ordem dos primatas, e dentro desta uma espécie peculiar de animais, chamados Babais , os quais deram origem aos corpos habitados pelos primeiros seres humanos que chegaram à Terra. Em outras palavras, esses corpos adquiriram uma tal irradiação em seu desenvolvimento progressivo que permitiram a encarnação de sementes de espíritos humanos, ou de germes espirituais, provenientes do plano espiritual da Criação, chamado Paraíso. Pode-se dizer que a Terra foi fecundada nesta época, há aproximadamente três milhões de anos, com sementes espirituais, que aqui deveriam evoluir e com isso levar a própria Terra a um outro patamar de desenvolvimento, mais elevado do que até então.

Aqui retomamos o início deste capítulo para falar então da outra parcela espiritual proveniente, como tudo o mais, da irradiação básica oriunda do Criador: os germes ou sementes espirituais. São sete espécies de sementes que se formam, como resíduos, no último degrau da região espiritual da Criação, que denominamos Paraíso. Essas sementes não têm capacidade de se desenvolver lá, porque a pressão da irradiação do Criador naquela altura é ainda forte demais para elas, e por isso descem, ou são “expulsas” como diz alegoricamente a linguagem bíblica, do Paraíso até os planos materiais, para em bem determinada época poderem germinar na matéria grosseira.

As primeiras sementes encarnaram-se, pois, na espécie de animais desenvolvida ao máximo, chamados Babais, e com o tempo modificaram a forma desses corpos primitivos, dando-lhes um impulso ascendente de evolução pela força espiritual inerente a elas. Com isso, o corpo originalmente mais tosco, semelhante a um macaco sem pelos, modificou-se para a atual forma do corpo humano.

Ressalte-se que essas sementes espirituais estavam submetidas ao mesmo processo de evolução de tudo o mais. Assim, ao se encarnarem em corpos dos Babais, já traziam um invólucro de matéria mais fina, de forma humana, denominada alma. A forma humana é inerente à irradiação da semente espiritual.

É oportuno intercalar aqui que o chamado Homem de Neandertal não constituiu um degrau de evolução da espécie humana, conforme se supõe. O que aconteceu foi o contrário. Tratava-se de uma linhagem humana que regrediu gravemente e, por isso, com o tempo, seus corpos se tornaram mais rústicos e disformes. Foi, portanto, um processo de involução. Esses “seres humanos” acabaram por se extinguir naturalmente, pois eram uma aberração e não poderiam continuar a viver indefinidamente na Terra. As leis de evolução da Criação eliminaram, de forma totalmente natural, essas criaturas degeneradas. Essas mesmas leis estão atuando agora e vão eliminar também a maior parte da humanidade atual, visto que a criatura humana como um todo também se degenerou pelo afastamento voluntário de seu Criador e pela total desobediência à Sua Vontade. Esse processo é chamado Juízo Final e encontra-se em plena efetivação, mais precisamente em sua última fase…

Voltando à encarnação das primeiras sementes espirituais, estas então já traziam, pois, um invólucro de matéria mais fina, denominada alma, de modo que a forma humana já era reconhecível externamente. O despertar para a vida do germe espiritual já se dera no plano da matéria fina, por meio de múltiplas influências que chegaram irradiantemente até ele, através de vivências dentro da Criação material, em seu processo contínuo de nascer, evoluir e fenecer. Essas influências assemelham-se realmente a um “sopro” do Criador, despertando a semente espiritual para a vida, tal como novamente descreve a linguagem bíblica.

O espírito, porém, isto é, o próprio ser humano, oriundo da irradiação do germe ou centelha espiritual, só recebe a forma espiritual humana com o tempo, e isso através de um processo de conscientização que tem início no mundo de matéria mais fina e prossegue com as sucessivas encarnações. O desenvolvimento do espírito humano se dá tanto no aquém como no além, isto é, tanto na vida nos planos de matéria grosseira como nos de matéria fina. A vida terrena, porém, com suas múltiplas vivências, fornece o solo necessário para impulsionar de modo decisivo a germinação propriamente dita da semente espiritual, ou seja, o aparecimento do espírito humano autoconsciente em forma humana. Por isso, cada existência terrena se reveste de grande importância para a evolução do espírito humano. Todo esse processo é descrito minuciosamente na obra Na Luz da Verdade, a Mensagem do Graal de Abdruschin.

O espírito humano plenamente consciente adquiriu também uma forma humana perfeita, depois de várias encarnações, e com isso tornou-se apto a regressar ao Paraíso após a última morte terrena, de onde saíra outrora como semente espiritual inconsciente. As sucessivas vidas na matéria, com suas múltiplas vivências, por vezes bem dolorosas, tiveram a prerrogativa de moldar a forma humana espiritual, semelhante a um diamante bruto que vai sendo lapidado pouco a pouco.

Pressuposto, naturalmente, que o respectivo espírito humano tenha se esforçado no sentido do bem durante toda sua existência, independentemente de crença, religião e outras exterioridades. Esforçar-se pelo bem, de toda a alma, é atribuição básica de cada espírito humano, pois com isso ele demonstra que está se esforçando em direção à própria Luz, à Fonte da Vida, Deus, que é o Bem absoluto. Não é preciso detalhar aqui o que é bem e mal. Sobre isso, diz Abdruschin na obra Na Luz da Verdade, dissertação Responsabilidade: “O que vem a ser bem e mal, cada um sente até nas pontas dos dedos, sem explicações. Cismar a tal respeito só traria confusões.”

Podemos decidir a espécie de nossas irradiações conscientes através do atuar, do pensar e do intuir, mas estamos inapelavelmente sujeitos às consequências delas, em decorrência da Lei da Reciprocidade, ou lei de causa e efeito, uma das leis básicas que vigoram na Criação.

Se essas irradiações forem belas, puras, receberemos igualmente belas dádivas, que nos auxiliarão em nossa escalada espiritual. Mas, se forem más… seremos atingidos por toda a sorte de vicissitudes, por nossa própria culpa. E dependendo de como nos comportamos em relação a essas dores, podemos também tirar proveito delas e redirecionar nossa maneira de agir, retomando o caminho da ascensão espiritual, de onde nos havíamos desviado. Tal como descrito na parábola do filho pródigo.

Vamos, portanto, procurar conhecer a fundo as leis que regem a Criação, para que não aconteça de nos perdermos por ignorância e negligência. Se as conhecermos bem poderemos, conscientemente, pautar nossas vidas por elas, obtendo o que elas sempre estiveram prontas a dar ao espírito humano que se movimenta direito dentro da obra da Criação: paz, alegria, felicidade.

Essas leis estão esclarecidas em seus múltiplos aspectos na obra Na Luz da Verdade, a Mensagem do Graal de Abdruschin, cujo estudo, assim como de outros escritos seus, me possibilitou escrever este ensaio.

A IRRADIAÇÃO DO SER HUMANO TERRENO

Vimos que tudo, em última instância, provém da irradiação do Criador. À medida que essa irradiação primordial se afasta da Fonte original, dá origem a formas várias em bem determinados graus de resfriamento, originando-se daí os vários planos da Criação, ou as “muitas moradas da Casa do Pai”, como diz Jesus no Evangelho de João (cf. Jo14:11).

Essa irradiação primordial também dá origem a todos os habitantes desses planos ou mundos, de modo que pode-se dizer que todas as criaturas são propriamente irradiação tornada forma. Assim, também o ser humano terreno, que se desenvolveu de um germe espiritual, foi igualmente originado dessa irradiação primordial.

Cada plano formado da irradiação básica proveniente do Criador assemelha-se a um prisma que modifica a irradiação precedente, de maneira que esta irradiação modificada dá origem a novas formas em distâncias cada vez maiores da Fonte original. Não somente os mundos criados agem como prismas dessa irradiação, mas também seus habitantes. Exemplo disso são as irradiações dos mediadores enteais, tal como explicado por Abdruschin em sua Mensagem do Graal, dissertação “Fios de Luz sobre vós!”

Através dessas irradiações modificadas é que foi possível a formação, em bem determinada distância da Fonte primordial, das sementes espirituais inconscientes, que acabaram por se desenvolver em seres humanos de espírito. Durante a preparação para tomar o caminho de volta para a Pátria espiritual, o Paraíso, esses seres humanos se encarnam na matéria grosseira, sendo chamados então, em nosso planeta, de seres humanos terrenos.

Tal como os seres criados acima dele, o ser humano terreno também é um prisma, que absorve as irradiações que o atingem e as retransmite a outras criaturas, que dependem dessa transformação para poderem assimilá-las. Em outras palavras, o ser humano recebe irradiações já transformadas por seres superiores, as quais nutrem seu espírito, e tem a incumbência de transformá-las novamente para que outros seres possam recebê-las.

Estes seres são os enteais que atuam na Terra e que estão estreitamente ligados aos seres humanos. Infelizmente, o ser humano se modificou de tal forma para o mal que se tornou uma espécie de prisma com defeito, incapaz de retransmitir como deveria essas puras irradiações vindas de cima. Aliás, tornou-se até impossibilitado de conceder uma ancoragem a essas irradiações, devido à sua voluntária modificação errada. Só com uma nova e voluntária modificação incondicional para o bem, que se revela pela natural pureza dos pensamentos, é que ele poderá se tornar novamente um prisma bem lapidado, cumpridor de suas funções. Cito aqui um trecho da dissertação “O Primeiro Passo” da obra Na Luz da Verdade, de Abdruschin:

“Se pudésseis ver, uma só vez que fosse, como para cada pensamento individual, por vós nutrido, se cumpre sem cessar a inflexível justiça da sacrossanta vontade de Deus, nas leis automáticas da Criação, esforçar-vos-íeis com toda a energia para conseguir pureza em vosso pensar!

Só assim vos transformareis naqueles seres humanos que o Criador magnanimamente deseja conduzir em sua obra para o saber, concedendo-lhes a eternidade, transformando-os em auxiliares na Criação, dignos de receber as altas graças destinadas aos espíritos humanos, a fim de, agradecidos e jubilosos, retransmiti-las transformadas àquelas criaturas, que somente nessa transformação através dos seres humanos são capazes de assimilá-las, e que dessas graças hoje criminosamente estão isoladas através da decadência do espírito humano, quando já, em tempos de vibração melhor e mais pura da humanidade, puderam formar-se.”

Assim, podemos reconhecer que tudo, mas tudo mesmo, originou-se da irradiação primordial do Criador. Dela adveio tudo quanto existe, todos os mundos e todas as criaturas que se encontram em planos mais elevados e mais baixos, até chegar ao último plano de toda a Criação, aquele que se encontra afastado ao máximo da Fonte da irradiação primordial: o plano das materialidades.

Todo o Universo, nós mesmos inclusive, somos, em última instância, irradiação tornada forma. Contudo, a irradiação do Criador não contém nada Dele próprio. Unicamente Sua Vontade encontra-se inserida na obra da Criação na forma de leis inamovíveis. Nascemos, portanto, como produtos inconscientes da Vontade do Criador, na forma de germes espirituais, e devemos terminar nossa peregrinação nas materialidades como produtos acabados dessa mesma Vontade, plenamente conscientes e responsáveis, aptos a regressar à Pátria espiritual e de lá atuar em prol do desenvolvimento progressivo da Criação.

Só nos tornamos esses produtos acabados quando sintonizamos nossa vontade à Vontade do Criador e pautamos nossa vida por ela, em tudo quanto de nós emana: intuições, pensamentos, palavras e ações. Quem vive dessa forma purifica a si mesmo e a seu ambiente. Sua alma torna-se límpida e bela, sem manchas de qualquer espécie.

A irradiação dessa alma limpa, juntamente com a do corpo terreno sadio, forma uma aura resplandecente em torno do ser humano terreno, tornando-o apto a receber energias irradiantes nutridoras do Universo, que só podem ancorar-se num solo de mesma espécie. Além disso, a aura é um eficiente escudo de defesa. Cito aqui um trecho de O Livro do Juízo Final, de Roselis von Sass, tópico O Efeito Protetor da Aura:

“A pureza do anel de irradiação é tão importante, porque suas cores possuem efeitos magnéticos.

Por exemplo: um anel de irradiação puro e brilhante atrairá forças análogas de irradiação do cosmo. O afluxo dessas forças de irradiação, em parte de espécie enteal, atua beneficamente sobre a saúde em todos os sentidos. A pessoa sentir-se-á mais produtiva e mais alegre… Além disso, as cores da aura possuem também um efeito de defesa. Existem irradiações de efeito prejudicial à saúde. Como por exemplo, algumas radiações libertadas pela atividade aumentada do Sol, isto é, pelas gigantescas explosões, que influenciam campos magnéticos da Terra.”

Ao contrário das demais criaturas do reino animal, bem como dos elementos do reino mineral e vegetal, o ser humano tem a capacidade de moldar sua própria irradiação, que como todas as outras se apresenta em forma de anel. Enquanto as pedras, por exemplo, têm sua irradiação modificada de fora para dentro, pela natural degradação de sua superfície externa, ou invólucro, o ser humano tem sua irradiação inerente modificada de dentro para fora, de acordo com sua vontade e o estado de seu corpo. Essa irradiação que envolve todas as coisas é conhecida então como aura ou Od.

Quem deu o nome de Od a essa irradiação em forma de anel foi o Barão Karl von Reichenbach, em meados do século XIX. Reichenbach era um químico austríaco que, através de experimentos, chegou à conclusão de que todas as coisas e seres emanam energia. Ele conseguiu registrar essa energia nos “odógrafos”, fotos criadas através de placas sensíveis às irradiações de determinadas substâncias. Reichenbach efetuou centenas de experimentos e publicou suas descobertas em 1845 num livro intitulado A Força Ódica. Apesar de ser um químico famoso, metalurgista e também especialista em meteoritos, ele foi ridicularizado por seus pares cientistas, como de hábito sempre ocorre quando a incompreensão impera, infelizmente. Na maioria das vezes, o orgulho e a vaidade não permitem que alguém simplesmente se cale quando diante de algo desconhecido, mas exige que escarneça daquilo.

Do processo de formação da aura depreendemos também a importância da alimentação que nutre o corpo terreno. Pois dependendo do tipo de alimentação, o sangue terá uma ou outra composição, e com isso irradiará de uma ou outra forma. Essa irradiação do sangue corpóreo, em conjunto com a irradiação da alma, é que forma a aura do ser humano terreno.

Essa irradiação que forma a aura pode ser dita inconsciente, apesar de que o ser humano é plenamente responsável pela sua constituição, visto deter o poder de modificar a alma e também de manter o corpo terreno sadio. Ambos, alma e corpo, colaboram para a formação do anel de irradiação que envolve o ser humano.

Mas há ainda um outro tipo de irradiação humana, ou melhor, três espécies de irradiações que podem ser denominadas conscientes, embora as pessoas infelizmente atentem muito pouco a elas. São as irradiações provenientes do intuir, do pensar e do atuar. As duas primeiras, a das intuições e a dos pensamentos, são capazes de conglomerar magneticamente partículas de matéria fina, dando-lhes bem determinadas formas segundo a espécie do que foi intuído ou pensado. Desse modo são geradas as formas de pensamentos e formas de intuições. A terceira irradiação, a do atuar, também pode dar origem a formas, ancorando-se na matéria fina do além mais próxima da Terra, em locais de mesma espécie. É essa irradiação a que primeiro “puxa” uma alma humana logo após o seu desenlace terreno, levando-a para aquele local onde terá de vivenciar os frutos de suas ações, tenham sido eles bons ou maus. Faz parte do atuar também o falar, daí o cuidado que se deve ter com a linguagem no dia-a-dia.

As formas de pensamentos e de intuições, sejam elas também boas ou más, permanecem ligadas ao gerador, transmitindo-lhe constantemente impressões de mesma espécie. Devido à Lei de Atração da Igual Espécie – uma outra lei básica da Criação – essas formas se conectam a centrais de igual espécie, as quais por sua vez foram geradas pelo afluxo contínuo de formas análogas, produzidas por milhões de indivíduos com aquele mesmo tipo de pendor ou virtude. Essas centrais suprem constantemente as formas nelas conectadas com impressões da mesma espécie, as quais são transmitidas para os respectivos geradores pelos fios de ligação que unem essas almas às suas formas de pensamentos e de intuições.

Essa é a razão porque é tão difícil alguém se libertar de um vício qualquer, pois os afluxos de um tal pendor refluem continuamente para o gerador, a alma que deu origem àquela forma de pensamento ou de intuição, impelindo-o a continuar se entregando permanentemente ao respectivo vício. Um círculo realmente vicioso, formado pelo próprio gerador. É preciso muita força de vontade para o gerador deixar de alimentar esse vício dentro de si, pois é continuamente estimulado a permanecer no erro pelas formas que ele mesmo gerou, por culpa própria. Contudo, se perseverar em sua boa vontade, os fios que ligam essas formas ao gerador vão pouco a pouco se enfraquecendo, até cair ressequidos deles, com o que estará libertado da influência maléfica delas.

O mesmo processo, porém, constitui uma proteção poderosa contra o pecado, no caso de formas de pensamento e de intuições boas, geradas de modo permanente. Da mesma maneira, essas formas boas se conectam a centrais de mesma espécie – bem menores é verdade – e de lá recebem energias renovadas que são retransmitidas continuamente para o gerador, fortalecendo nele a vontade para o bem e para o que é nobre. Um círculo virtuoso nesse caso, formado também pelo próprio gerador.

Os três tipos de irradiações conscientes do ser humano ancoram-se na matéria mais fina do Além, em regiões de igual espécie, e de lá puxam ou arrastam a alma humana após seu falecimento terreno. Em primeiro lugar, como visto, ela é puxada pelos fios de suas ações. Depois de vivenciar tudo o que gerou com elas, é puxada pelos fios dos pensamentos. Depois de colher os frutos dos pensamentos, é por fim puxada pelos fios das intuições. No caso de intuições boas, a ancoragem não se dá apenas na matéria fina, mas segue também para planos mais elevados da Criação, podendo ancorar-se até no plano espiritual, o Paraíso.

Dos três tipos de formas gerados pelo ser humano, as formas de intuição são as mais poderosas. Em sua atuação podem trazer grandes bênçãos ou causar enorme devastação, dependendo de que tipo forem, boas ou más. Apesar de poderem atuar lá onde encontram uma igual espécie, essas formas não são vivas, pois não têm vontade própria. As formas de intuição são uma continuação do processo de irradiação que deu origem ao próprio ser humano. Assim como ele próprio é, em última análise, irradiação tornada forma, o que ele gera de mais elevado, as intuições, também se tornam irradiações tornadas formas.

Por isso, nada mais somos do que um degrau, e bem pequeno, no gigantesco processo criativo do Universo. Viemos à luz na Criação por meio de uma irradiação superior, isto é, somos irradiação tornada forma. E somos constituídos de tal maneira que podemos retransmitir parte dessa irradiação – modificada e muito mais enfraquecida – a qual também dá origem a novas formas, sejam de intuições ou de pensamentos. Somos somente um elo no grande processo criativo do Universo. E por termos origem espiritual, somos plenamente responsáveis pelo tipo de formas que geramos pela nossa irradiação consciente.

Por isso, está em nossas mãos exclusivamente ascender ou retroceder espiritualmente, tornarmo-nos um hóspede benquisto na casa que nos foi presenteada pelo nosso Criador, ou um rebelde ingrato que, sem nenhuma dúvida, será tratado correspondentemente pelas inamovíveis leis que regem a Criação e mantém a ordem dentro dela. Saibamos viver.