REFLEXÃO
(14/09/2010)

Aurora Serena

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Outro dia, em conversa com uma pessoa, ao comentarmos os acontecimentos que ora ocorrem no planeta Terra, referente às catástrofes naturais, na miserabilidade humana, nos crimes, incêndios e maldades praticadas contra os animais, e daí para fora, ouvi a referida pessoa exclamar: “Tudo vai melhorar!”. Percebi que o que a impulsionava a falar assim, era a autoafirmação de ser otimista, procurando através dos pensamentos positivos, angariar para si mesma uma maior afirmação de vida, jogando para longe qualquer tristeza. Pois bem; realmente não se deve censurá-la por isso, porém devemos analisar mais profundamente o sentido das coisas que ocorrem.

Hoje cada ser humano colhe exatamente o que semeou no passado, não só desta etapa de sua vida terrena, mas também de épocas anteriores em suas peregrinações pelos mundos que a rodeiam. E uma das coisas que fizeram crescer tantos dissabores e ruínas, foi e ainda é, com certeza, o falar sempre leviano que os seres humanos usam como escudo, como espada, como subterfúgio e falsidade. E veja, essa é uma das inúmeras coisas erradas que os seres humanos espalharam com um afinco que é de se espantar, pois tudo toma forma através de nossas palavras, sentimentos e ações…

A cada momento colocamos em nossos caminhos as formas que irão se efetivar, redundando em nossa própria reciprocidade. Se nossas palavras, que são o reflexo de nossos pensamentos, vibrarem no sentido do bem que vibra nas leis da natureza, o retorno será benfazejo. Mas infelizmente hoje na Terra, isso é raríssimo, porque nos afastamos demais dessas leis que, singelas, só nos propiciam felicidade quando a elas nos ajustamos. Lutar nesse sentido, a fim de descobrir até que ponto cada um negligenciou essa imensa dádiva de poder falar, será fácil para quem quer realmente modificar seu íntimo para o melhor, na certeza de que com o esforço individual, tudo possa melhorar.

Hoje em dia, infelizmente, o ser humano tem sempre o que se queixar do outro, como se estivesse dentro de uma arena onde, broncamente, procura atingir o adversário com palavras malévolas, o que imprime em seu ser um desagrado constante, fazendo-o vacilar na meta do desenvolvimento interior. Isso faz com que toda a harmonia desapareça da vida de cada um e isso acarreta uma falta de paz, que esgota quem assim age…

Os seres humanos foram aparelhados com as maiores dádivas, oriundas do amor de nosso Criador, porém não permitem que seus dons desabrochem mas, ao contrário, soterra-os num monte de entulhos imundos, o que os faz resvalar ladeira abaixo!

Uma vez li num livro que as palavras dos seres humanos deveriam se assemelhar a pérolas de ouro, para enfeitar a vida do próximo. Porém o que vemos é uma falta desse amor, cada um combatendo o outro; e temos anseio de que as coisas irão melhorar!…

Que ousadia pensar assim… desejar a melhoria, sem dar sequer um passo para a própria melhoria interior.

Por que buscar sempre no outro os seus defeitos ignorando-lhe as qualidades?

Cada um de nós tem seus erros, e reside verdade na afirmação de que não se deve conviver com alguém a quem não se consegue prezar. Porém isso não nos dá o direito de espalhar comentários a seu respeito. O que vale para um, nem sempre vale para o outro. No entanto, como seria fácil conviver em paz com as pessoas, se cada um se esforçasse por atuar dentro das leis que sustentam os universos…

Então a verdadeira paz, a paz interior que cada ser humano gostaria de ter, mas da qual se afastou, incandesceria seu coração, fazendo-o pulsar no ritmo da verdadeira alegria a qual, no âmago do ser, faria fluir o movimento sadio que aquece e cura, enobrecendo!

As coisas só podem melhorar se adaptarmos nossas vidas a esse ritmo!

No livro Mensagem do Graal – “Na Luz da Verdade” de Abdruschin, está escrito: “Não está longe a hora em que os seres humanos terão de reconhecer que não será difícil viver de maneira diversa do que até agora, conviver em paz com o próximo! O ser humano tornar-se-á apto a ver, porque lhe será tirada por Deus toda a possibilidade do seu falso atuar e pensar de até agora.

Então terá de reconhecer, envergonhado, como se portou de maneira ridícula na correria de sua atividade, sem importância para a verdadeira vida, e como ele foi perigoso para toda aquela parte da Criação que lhe foi confiada benevolentemente para utilização e para sua alegria.

Com relação ao seu próximo, viverá no futuro exclusivamente para a alegria dele, assim como também este em relação a ele, e não sentirá inveja nem cobiça por aquilo que ainda não possui. Despertará a faculdade de desenvolver a beleza de seu próprio ambiente até a maravilhosíssima florescência, moldando-o de inteiro acordo com a sua espécie, tão logo o coloque na grande e benéfica vibração das singelas leis primordiais da Criação’’.