MICKEY ROURKE “O LUTADOR”
(19/03/2009)

Hamilton Serpa

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Fui assistir ao “O LUTADOR” de Darren Aronolsky. Um filme que despertou um interesse especial, na mídia e no público, devido ao papel principal ser protagonizado pelo ator Mickey Rourke, que passou, na última década, por um processo autodestrutivo inexplicável para as pessoas do meio e principalmente para o público e fãs de uma forma em geral.

Vendo o ator em cena, desfigurado pelas lutas de boxe e sendo alguém como ele, que tinha conseguido tudo o que as pessoas, materialmente falando, mais almejam na vida que é: dinheiro, assédios, beleza e fama, e envereda por um caminho altamente destrutivo, até chegar mesmo a destruir toda a sua beleza física e todos os milhões que já tinha adquirido, e mesmo passar algum tempo vivendo de favores, antes de ter, novamente, esta outra oportunidade, não tem como não nos levar a pensar nos “porquês” destas suas escolhas.

Pelas minhas vivências no início da minha vida, na transição adolescente/adulto, acredito que posso tranquilamente entender o que se passou na cabeça dele.

“Não tinha estrutura psicológica para aguentar tudo aquilo”. “Veio de família desajustada e outros motivos”, é o que a maioria das pessoas vai considerar.  Estão corretos, mas são muito simplistas e superficiais estas colocações.

Cabe aprofundar um pouco o assunto. Ao contrário do que se pode imaginar, a beleza em um jovem, muitas vezes é uma carga, um martírio e motivo para muitos sofrimentos. Chegando a parecer que a beleza, neste caso, é um castigo. E muitas vezes é.

Só que sabendo não existir castigo no mundo, e sim resgates de algo plantado um dia e que tudo é causa e efeito, e considerando-se que o mundo é perfeito e justo (assim como ele é) então, esta beleza que faz sofrer, é uma colheita como outra qualquer, só que um sofrimento na contramão do que todos imaginam e impensável até para muitos que não tem um maior conhecimento das engrenagens que movem este mundo e junto, claro, as nossas vidas. (maiores esclarecimentos, o leitor que queira, pode encontrar, assim como eu encontrei, na obra “Na Luz da Verdade”, do filósofo alemão Abdruschin).

Mas como que a beleza pode ser um martírio?

Esta beleza vai colocar este jovem, sem estrutura emocional interior em evidência em todo lugar em que ele for. Ele nunca vai passar despercebido e o que ele mais gostaria é que ninguém o visse. Ele se considera uma mentira e gostaria de se esconder de todos.

Por causa desta fragilidade interior não sabe trabalhar com o assédio. Gostaria de se isolar do mundo, mas não consegue, não tem como.

Aonde vai vira atração, e como é fraco interiormente, não sabe lidar com isto, com esta invasão de olhares em todos os lugares em que vai, e ao mesmo tempo luta para que estas pessoas não vejam a sua fragilidade, que ele tem vergonha, e que ele também não sabe como lidar.

Acaba criando uma máscara, vivendo uma vida que não é a sua, sem sintonia com o seu íntimo, procurando a todo custo, escondê-lo e com o tempo isto cansa e ele desaba. Tem ai que encarar os seus fantasmas interiores, e o “bicho pegando”, começam as fugas e cada um vai para a direção que lhe parece melhor.

Muitos vão para a droga, outros para a delinquência, e outros para ações piores, ao invés de irem à busca incansável da solução real e dos esclarecimentos que tragam Luz e Verdade para todo esse medonho sofrimento.

Verdade esta que é o único caminho que apaziguaria sua alma e lhe daria a paz tão almejada, dependendo do seu esforço a partir daí.

O caminho que me pareceu escolhido, por este tão bom ator, foi o caminho da destruição da sua beleza exterior, que ele viu como a causa do problema, ao invés de combater a verdadeira, que era a falta de beleza interior que ele sentia não ter.

Que ele, agora que está ressurgindo dos escombros, encontre um caminho melhor. É o que eu lhe desejo do fundo do meu coração.