EM BOCA FECHADA NÃO ENTRA MOSQUITO
(18/02/2009)

Alice Magalhães Carrozo

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Uma das formas pela qual a violência se manifesta no nosso meio social é a agressão através da linguagem escrita e falada. E  a maior  agressão verbal é sem dúvida, o uso generalizado e indiscriminado do  palavrão.

Até uma certa época, ele era usado em determinados grupos, sendo considerado um xingamento.

Hoje em dia ele é bem visto, desde as favelas aos meios mais sofisticados. Invadiu as universidades, está na boca dos professores e alunos. No teatro, temos peças que se tornaram famosas por “institucionalizar” o palavrão. E mesmo nos meios familiares, os pais transmitem aos filhos um vasto repertório deles.

Usar palavrão tornou-se sinônimo de liberalidade, ter personalidade própria e ser capaz de afrontar usos e costumes.

É comum encontrarmos pessoas, até mesmo cultas, que abusam do uso do palavrão e há outras que acham que o palavrão na boca de um homem, torna-o mais charmoso…

E  o que dizer do palavrão na boca de uma mulher… Parece que ela se acha mais moderna, liberada e prestigiada socialmente, com o uso do palavrão.

A criatura humana perdeu a capacidade de analisar e discernir entre o certo e o errado na sua atuação.

Pobre do homem que precisar usar palavrão para conquistar uma mulher e esta, com este mau uso da palavra, não percebe o quanto se torna vulgar.

Hoje em dia, ocorre a distorção dos dons e capacidades que são inerentes ao ser humano e entre eles a linguagem.

A palavra, ao ser pronunciada, movimenta forças contidas na natureza. Ela adquire forma numa parte mais fina de nossa matéria, molda e desencadeia de volta os efeitos correspondentes ao seu significado, atingindo a pessoa que fez o seu uso.

A partir daí, podemos imaginar o que já está formado de negativo para o ser humano, em função do mau uso da linguagem.

O palavrão é sempre agressivo. E quem agride, “agride a si mesmo”, seja com palavras ou atitudes. Mostra que a pessoa não está bem consigo mesma.

Dar uma parada, refletir, buscar o porquê destas AGRESSÕES é o primeiro passo para uma mudança salutar no uso da linguagem. Em seguida, com o exercício da vontade, “policiar” sua expressão verbal, até abolir totalmente o uso do palavrão.

Se a pessoa não puder abrir a boca para falar algo construtivo, é preferível mantê-la bem fechada. Assim, além de não entrar mosquitos, daí também não sairão cobras nem lagartos.