A PRESERVAÇÃO DE EMBU DAS ARTES (28/09/2005)

José Guimarães Duque Filho

O lado direito da BR-116, rodovia Régis Bittencourt, sentido São Paulo-Curitiba, no município do Embu possui uma área preservada de Mata Atlântica, fato raro na atualidade e de grande repercussão na qualidade de vida no futuro da região.

Nos primórdios do descobrimento, a mata atlântica estendia-se desde o Rio Grande do Norte até o Rio Grande do Sul, do litoral até planaltos e serras, alcançando 200Km de largura média. As árvores chegavam a atingir 60 metros de altura. Para von Humbolt era uma “floresta sobre uma floresta”. Suas espécies nativas eram adaptadas aos climas quente do Nordeste, tropical do Sudeste e frio do Sul, tamanha era sua biodiversidade tanto de fauna quanto de flora.

Extensão original da Mata

Extensão atual da Mata

Fonte: sosmatatlantica.org.br

A comparação dos mapas acima revela a destruição causada em 500 anos de depredação ambiental. Este crime contra a natureza precisa acabar antes que nada mais reste da Mata Atlântica. No segundo mapa observa-se o pouco verde ainda existente, muito ralo, porém, digno e precioso de conservação. No Estado de São Paulo, a mancha ainda verde segue na direção sudoeste, até a divisa com o Paraná.

No entanto, o Plano Diretor do Município do Embu estabeleceu, sem a participação da comunidade que lá reside e trabalha, uma zona industrial no bairro de Itatuba, ao longo da rua Maria José Ferraz Prado, em um pedaço de Mata Atlântica ainda existente e exuberante. Esta região do Embu tem topografia muito acidentada, uma cobertura de mata bem acentuada e rica em espécies e uma diversidade de fauna pouco encontrada. Transformar esta área em zona industrial é crime de meio ambiente, mesmo sob os auspícios de uma lei municipal aprovada.

Uma zona industrial nesta área acarretará desmonte de morros e aterro de gargantas, provocando ravinas e voçorocas, destruindo árvores, pássaros, animais e microorganismos diretamente ligados à cadeia alimentar das espécies, prejudicando o clima, o regime das águas, suas drenagens naturais e suas infiltrações no solo para prover os reservatórios subterrâneos. É urgente que isso seja evitado.

A qualidade de vida no planeta vem piorando a cada ano, de maneira acelerada. Grandes catástrofes naturais vêm ocorrendo no globo, como prova do necessário re-equilibrio dos sistemas de suporte à vida humana, animal e vegetal. Estas catástrofes são ações precisas que objetivam manter a existência neste planeta maravilhoso. A natureza, no entanto, vem trabalhando próximo do limite de irreversibilidade da manutenção da existência material. Para reciclar os ares, as águas, os solos, a energia e o tempo desprendidos pela natureza são cada vez maiores devido à enormidade dos efeitos da poluição. Nesta marcha, chegará um dia em que tudo estará poluído e o tempo necessário para reciclagem será muito longo para esperar. É hora de acordar para as questões ambientais e lutar por dignas condições e qualidade de vida.

A tudo isso se junta a superpopulação do planeta, alcançando quase os seis e meio bilhões de habitantes em 2005, com necessidades e exigências tanto quanto este número.

A grande vocação do Embu das Artes é o turismo, que não depreda recursos naturais, que traz divisas à nação, ao estado e ao município, que proporciona empregos e sustentabilidade ao longo da cadeia de serviços.