OS CAVALEIROS DO REI
(05/05/2005)

Luis C. Morais

Esta é uma estória de um reino cujo regente prestigiava a verdade e governava de forma sábia, como um verdadeiro soberano, transmitindo segurança aos seus súditos, propiciando o bem e o progresso para o seu povo, sendo, em decorrência disso, respeitado e admirado por todos.

imagem

Certa vez, um rei, que governava sobre um vasto domínio, resolveu formar um grupo de novos Cavaleiros com a missão inicial de percorrer todo o seu reino, observando e anotando tudo o que fosse importante tanto para o próprio aprendizado bem como para o que deveria ser informado.

O reino cujas terras alcançavam extensas e longínquas regiões, era formado por diferentes países, sendo alguns deles e aspectos regionais bem diversos: como clima, costumes, etnias, dialetos e outros mais. Apesar desta diversidade, esse reino era bem unificado administrativamente contando com um forte sentimento de integração, decorrente principalmente da elevada condução espiritual com que era governado.

Os novos Cavaleiros, todos jovens, eram em número de nove, sendo que um deles havia sido indicado para ser o líder do grupo, devido ao seu destaque nas virtudes de firmeza de propósitos, equilíbrio emocional, ponderação, coragem, cavalheirismo e senso de justiça.

A caravana foi bem preparada para a viagem, constando em sua formação além dos Cavaleiros já citados, também de soldados, serviçais, tratadores de animais, mensageiros e de animais, sendo estes tanto de montaria como de carga, que era basicamente constituída de mantimentos, tendas para acampamento e outros utensílios.

No dia da partida, o rei entregou aos Cavaleiros, antes de despachá-los, as suas credenciais e também mensagens para os governadores provinciais. Desejou sucesso para a missão, salientando a importância da fidelidade para o cumprimento da mesma, e como prova de sua máxima confiança concedeu a cada um deles uma insígnia de prata em forma de estrela, dizendo-lhes que olhassem para a mesma quando sentissem algum desânimo, lembrando-se assim do compromisso assumido. Afirmou ainda que com toda a certeza voltariam mais amadurecidos, mais dignos, mais enobrecidos e mais sábios caso se mantivessem vigilantes em relação aos seus valores interiores. Disse ainda que consistia ser uma importante parte da atuação deles como Cavaleiros transmitir dignidade aos seus semelhantes, incluindo aí em, primeira linha, os seus acompanhantes, através da conduta exemplar.

As palavras do mandatário, que era de idade um tanto avançada, sem porém apresentar aspecto de muito idoso, e que também tinha a formação sacerdotal, ficaram profundamente gravadas nas almas daqueles que o ouviam.

A partida foi festejada por todos, estando presentes à despedida as várias classes sociais, desde os nobres até a gente do povo que se aglomerava em frente ao palácio real para desejar boa sorte aos viajantes.

Já estando em caminhada, após certo tempo, a expedição se deslocava através de ampla região, ora formada de bosques e campinas, com ocorrências de rios e lagos, onde abundavam flores, pássaros e outros animais, de exuberante beleza, e ora de terrenos acidentados com difíceis passagens, onde a natureza apresentava um aspecto rude e desafiante. Também de áreas desérticas com solo arenoso era compreendido o percurso, propiciando aos viajantes um estímulo à aventura. Em muitas ocasiões tinham de acampar em locais a céu aberto, armando aí as suas tendas, sendo que nestas situações, acendiam pequenas fogueiras para se aquecerem do frio da noite e afugentar animais indesejáveis. Archotes também eram empregados para melhorar a iluminação do acampamento, sendo que dentro das barracas, na iluminação interna, utilizavam lamparinas de azeite. Era comum, ao se sentarem ao redor dessas fogueiras, conversarem sobre diversos assuntos, geralmente os relativos à própria viagem mas também sobre outros casos que considerassem interessantes. Também era muito usual, nessas paradas, cantarem e dançarem acompanhados de instrumentos musicais típicos, tornando-se esses momentos agradáveis e descontraídos. Após se recolherem, ouviam-se apenas, além do leve sussurrar da brisa, o crepitar do pouco fogo e das brasas restantes, alguns ruído de pássaro ou outro animal noturnos.

As noites eram calmas e reconfortantes, sendo que, antes do sol raiar já estavam todos acordados, iniciando os preparativos para prosseguirem a viagem.

Quando chegavam, a alguma cidade ou vila, eram recebidos com alegria e hospitalidade pelos seus moradores pois já tinham sido avisados a respeito da caravana pelos mensageiros, que se adiantavam ao grupo com esta finalidade. Quando se tratava de sedes de governo, os emissários do rei e sua comitiva recebiam geralmente uma acolhida com maior conforto proporcionada pelo governador, sendo hospedados no próprio palácio ou em seus anexos, com exceção dos militares que ficavam alojados no quartel local e também dos tratadores de animais que ficavam nas proximidades dos estábulos onde os mesmos eram recolhidos.

Os Cavaleiros eram recepcionados com a devida distinção pelo governador, ocasião em que eram apresentadas as suas credenciais e entregues a carta do rei. Esta mensagem consistia basicamente de assuntos ligados à administração, contudo sempre chamava a atenção para o perigo da disseminação de falsas doutrinas, que estavam se alastrando em reinos vizinhos, levando-os à decadência espiritual e ao descalabro. Alertava para que se ficasse atento a qualquer tentativa de infiltração desses falsos conceitos.

Puderam, no entanto, os cavaleiros constatar, ao longo das jornadas, em casos isolados, que em algumas regiões do reino, essas falsas doutrinas já haviam contaminado parte da população, acarretando graves malefícios. A causa se devia tanto à falta de vigilância, bem como à permissividade dos dirigentes locais. O gosto pelo fausto e pelo poder se evidenciava nesses casos. Estes fatos causavam estranheza aos emissários reais, que estavam habituados a uma vida regrada e natural. Procurando reverter tais distorções eles advertiam para os maus procedimentos, onde a prática de festins, ensejava a ocorrência de excessos de bebidas, de comidas e de outras luxurias, acarretando assim frequentes desvios de conduta. Esses maus exemplos tinham os seus reflexos diretamente sobre povo, onde, por sua vez, passavam a ocorrer também desvirtuamentos nas suas devidas proporções. Nessas localidades, era notório se perceber um maior número de enfermidades e acentuado estado de pobreza.

Felizmente, na maioria dos casos referentes a essas situações, conseguiram os Cavaleiros reverter os quadros sombrios que se apresentavam, contando para isto com um renovado empenho dos governadores, passando os mesmos a se tornarem mais severos e justos na condução de suas vidas públicas e privadas, incentivando, assim, novamente os bons costumes, revertendo o exemplo dado pela classe dominante e conduzindo a ações saneadoras.

Vários países, no entanto, foram motivo de plena satisfação para os Emissários, pois lá encontraram situação parecida com a pátria natal. A dignidade, a moralidade e a boa condução da administração beneficiavam a todos, estando esses princípios bastante arraigados na população.

Mais de um ano havia se passado desde a partida da caravana, estando a mesma já de retorno à sede do reino, contudo nem todos estavam regressando: dois Cavaleiros preferiram, por seus livre arbítrios, não continuarem a viagem; haviam se ligado à mulheres de má índole. Estas decaídas e totalmente despojadas da verdadeira feminilidade os haviam seduzido tanto pela malícia como pelos seus encantos físicos. Estas falhas tiveram como consequência o fato deles terem se deixado atrair pelos prazeres mundanos e pelo fausto das cortes. Esses Cavaleiros foram se tornando aos pouco cada vez mais vaidosos e indolentes espiritualmente. A queda dos mesmos causou imensa tristeza aos demais, que tudo fizeram para persuadi-los, sendo que o líder procurou lembrá-los de seus compromissos com o rei e que para tanto olhassem atentamente as suas estrelas. Contudo, a falta de vigilância, o tolhimento e a vontade de usufruição, toldou-lhes com o tempo a visão para coisas mais elevadas, deturpando-lhes os conceitos.

A expedição, já em sua volta, trazia novas pessoas, sendo uma delas uma jovem, pela qual um dos Cavaleiros havia se apaixonado, tendo desabrochado entre ambos um verdadeiro amor. Haviam se casado e desejavam receber a benção do rei-sacerdote para a sua união quando voltassem. Os outros novos componentes eram três rapazes que haviam sido indicados por seus dignitários regionais, para ampliarem os estudos na capital, pois possuíam grandes dons e estavam bastante entusiasmados para isto.

Estando a caravana, já de regresso, bem próxima da cidade, foram enviados os mensageiros, em dianteira, para avisarem ao rei da iminente chegada.

Ao entrarem na cidade, transpondo o grande portão da muralha, detiveram-se momentaneamente na praça que amplamente se situava em frente ao palácio real. Foram, então, ali saudados com grande entusiasmo pelos populares, especialmente pelos jovens e pelas crianças.

Com grande alegria, foram a seguir os Cavaleiros e a comitiva recebidos pelo rei e sua corte, bem como pelos seus familiares. Houve, contudo, certo pesar por aqueles que não retornaram.

Com base nos relatos de viagem, tanto dos que agora eram informados pelos Cavaleiros, bem como dos que já haviam sido encaminhados através de mensageiros especiais, pode o rei tomar as devidas providências para que de forma enérgica os problemas mencionados pudessem ser resolvidos. Aí se incluíam nas resoluções: substituições e punições tanto de governadores, como dos demais faltosos. As intervenções foram duras porém justas. Dessa forma o reino pode permanecer em sua plenitude livre das más influências e continuar em paz.

Em ocasião solene, os novos Cavaleiros foram outorgados com a estrela de ouro e empossados como novos guardiões do reino e membros do Conselho.

Esta é uma estória de um reino cujo regente prestigiava a verdade e governava de forma sábia, como um verdadeiro soberano, transmitindo segurança aos seus súditos, propiciando o bem e o progresso para o seu povo, sendo, em decorrência disso, respeitado e admirado por todos.

Este conto de ficção tem a humilde pretensão de despertar saudades dos tempos em que ainda existiam povos que tinham fortes ligações com a Luz, saudade também pela Pátria, não apenas especificamente daquela em que nascemos, mas principalmente da Espiritual, de onde nos originamos, na qual só é permitido viver eternamente, na graça e bem aventurança do Criador, aqueles espíritos que cumpriram a sua verdadeira missão tanto neste plano terreno como em outros mais elevados, tendo já desligado, no além, através do desenvolvimento espiritual, todos os fios que os prendiam à matéria, ou seja, viveram de acordo com a vontade Dele, o Altíssimo. Lá o amor, a pureza e a justiça são atributos de todos.

Fica a esperança de que todo aquele, que ainda deseja se considerar um ser humano de fato, encontre o caminho certo no labirinto dos conceitos e siga por ele através de referências seguras e fidedignas. Assim poderá encontrar as respostas para questões persistentes e milenares tais como: de onde viemos, para onde vamos e porque estamos nesta Terra, colocando-se assim diante do verdadeiro sentido da vida. O consolo fica em saber que muitos já estão adquirindo um elevado saber sobre isso através da leitura da Mensagem do Graal , Na Luz da Verdade, de Abdruschin.