MOVIMENTO E TEMPO
(07/08/2004)

Fernando Ribeiro

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Muitas pessoas pressentem que algo de misterioso ronda o fluir do tempo. A teoria da relatividade ainda não consegue explicar muita coisa. Reinam duvidas e controvérsias mesmo entre proeminentes cientistas. Duas constatações feitas através de experiências reais, amplamente comprovadas, trazem um novo entendimento sobre esse intrigante fenômeno quando iluminadas por um ângulo novo.

A energia de cada pessoa, bem como de cada objeto ou átomo, tanto na superficie da terra como no espaço exterior está em conexão com a força de atração existente na fonte central de irradiações que dá origem a tudo o que existe na Criação inteira. Movimento é a consequência natural de energias irradiantes em ação. Onde existir movimento existe a percepção do tempo. A observação do movimento dá a sensação de que o tempo passa mas há uma realidade maior, porque somos nós é que nos movemos dentro do tempo do nosso ambiente. Podemos dizer então que o tempo não passa, nós é que nos movemos. Como tudo o que existe foi lançado para longe da origem e com esse afastamento houve simultaneamente um afundamento para baixo, esse distanciamento trouxe, como último efeito, a percepção na Terra da força da gravidade. A força observada na inércia é da mesmíssima espécie da força da gravidade e por essa razão, ambas se atraem mutuamente. A inércia é percebida quando corpos sofrem alteração na sua direção ou na intensidade de seu movimento, pois tudo está imerso num substrato ainda não reconhecido pela ciência, o tão falado “espaço vazio”, que na realidade não está vazio.

Albert Einstein demonstrou claramente que ambas as forças são de igual espécie. Ele descreveu que o observador do elevador em aceleração não pode diferençar a força da gravidade da força da inércia. Esse fato desvenda o “paradoxo da força centrifuga” revelado por Galileu, fenômeno ainda não explicado pela ciência. Sua experiência com bolas movidas pelas forças da gravidade e da inércia, enquanto percorrem um plano inclinado e um em arco, demonstra na prática que as forças da inércia e da gravidade se somam por que ambas são atraidas entre si pela espécie homóloga. Quando estamos bem afastados da concentração de matéria da Terra, notamos exclusivamente a presença da inércia. Na Terra forças minúsculas que existem a partir de cada átomo, somando-se uma às outras, atuam nos corpos que estão em sua proximidade atraindo-os para o centro do planeta. Quando o grau dessa força aumenta ou diminue, com a apoximação ou afastamento da superficie, a medição do tempo também se altera correspondentemente. De forma semelhante, na aceleração, a inércia também causa alteração na percepção do tempo.

Einstein foi um cientista muito especial, dotado de uma sabedoria que sentia nas pontas dos dedos. Ele intuía a solução de um fenômeno e depois procurava racionalizar e comprovar sua teoria. Ele pensou numa possibilidade teórica, chamada de “o paradoxo dos gêmeos”, onde havia a possibilidade de modificação do tempo na natureza. A concepção mostra que se um dos gêmeos viajasse a grandes velocidades, estaria mais jovem no regresso do que o gêmeo que não viajara. Em outubro de 1971 foi desenvolvida uma experiência prática, conduzida por J.C. Rafele e R.E. Keating, onde sua teoria foi amplamente comprovada com relógios atômicos de césio a bordo de aviões a jato. Isso comprovou que o pensamento de Einstein estava certo e que o tempo pode mesmo ser alterado quando um relógio é acelerado. A experiência provou que o relógio é que passa e o tempo medido por ele é apenas uma percepção do seu movimento, mais rápido ou mais lento. Nessa experiência, os relógios atômicos de césio (de precisão absoluta) foram colocados em jatos comerciais. Um relógio ficou em Washington enquanto outros voaram ao redor do mundo, um em direcão à leste e outro em direção ao oeste, até completarem uma volta e retornarem ao ponto de origem. Na volta, o que voou à leste perdeu 59 nanosegundos e o que voou ao oeste ganhou 273 nanosegundos em relação ao que ficou estacionado em Washington. Para o entendimento completo dessa experiência devemos levar em conta os dois componentes já identificados acima. Um está ligado ao potencial gravitacional, porque ao voar quilômetros acima do nível do mar, o afastamento da superfície faz aumentar a frequência emitida pelo césio. Contrariamente o efeito cinético, ao ser vencida a inércia, reduz essa mesma frequência sobrepondo àquela causada pelo efeito gravitacional.

Pelo efeito da rotação da Terra, que se move em direção à leste numa velocidade de 470 metros por segundo, os aviões, movendo-se dentro da atmosfera, acompanham essa mesma rotação. O fenômeno precisa ser analisado levando-se em conta que um dos aviões se deloca, em relação ao relógio que ficou estacionado em Washington, com a soma de sua velocidade à da rotação da Terra, enquanto que o outro, que vai em direção oposta, subtrae sua velocidade à velocidade de rotação da Terra. Consequentemente, o que caminhou para leste se atrasou, porque o que mais pesou foi a velocidade da rotação da Terra, a qual é muito maior que a velocidade dos jatos. Com relação a essas velocidades diferentes, devemos levar em conta o efeito cinético causado nos átomos de césio dos relógios.O fenômeno que ocorreu dentro do átomo foi provocado pelo efeito da força da inércia quando submetido às diferentes acelerações.

A matemática afirma erroneamente que quando um corpo é acelerado sua massa aumenta; por conseguinte, átomos movendo-se a grandes velocidades deveriam possuir elétrons mais massivos. Quando se calcula a massa do elétron usando-se as fórmulas tradicionais, obtém-se como resultado uma massa maior, porque de acordo com a aplicação da equação de Bohr, átomos formados com elétrons mais pesados devem emitir radiações eletromagnéticas com níveis de frequência maiores. Entretanto, isso não é compatível com a menor frequência observada na desintegração de múons a altas velocidades. Sabemos, de observações experimentais, que partículas em altas velocidades se desintegram com níveis de frequência menores, ou seja indicam menor massa. Isso foi claramente observado com os múons em experimentos espectroscópicos. O Dr. Paul Marmet, professor de física da Universidade de Ottawa, que estudou matematicamente esse assunto em profundidade, demonstra em um de seus livros novas fórmulas ajustadas incluido um novo fator matematico que até então era ignorado. Desta forma os cálculos passaram a coincidir com as observações práticas.

O fenômeno acima, que implica em uma alteração do tempo, também ocorre em esferas mais etéreas das matérias bem como nas esferas espirituais, acima delas. Desta forma quando estamos nos movimentando espiritualmente com maior vigor, obtemos muito maior velocidade dado a leveza desses planos. Percebemos com nossa intuição que a percepção do tempo material se modifica quando comparada à de um plano menos pesado.

Para esclarecer a componente gravitacional do esperimento, vamos descrever sumariamente a experiência de Pound & Snider, feita na torre da Universidade de Harvard em 1965, quando foi comprovado o experimento de Pound & Rebka. Um átomo de Fe57 foi medido por um spectroscópio Mossbauer, no topo e na base da torre. Os raios gama emitidos pelo Fe57 apresentaram diferentes “desvios para o vermelho”(*) quando expostos ao potencial gravitacional existente no topo e na base da torre. Observou-se que a massa desse mesmo átomo é menor na base da torre quando comparado à medida no topo da torre. O elétron desse átomo, quando localizado na base da torre, tem um raio Bohr(**) maior do que quando medido no topo da torre a 22,5 metros acima. Ficou patente que os fótons emitidos na base da torre apresentam um comprimento de onda mais longo, ou seja, o Fe57 tem menor massa quando está na base da torre.

Em resumo o relógio atômico quando acelerado cronometrou um tempo diferente, mais devagar, porque o elétron do átomo de césio, que dá a precisão ao relógio aumentou o Bohr-radius devido ao efeito cinético, o qual se sobrepôs ao efeito gravitacional, que atuou em sentido contrário atrazando-se um pouco com relação ao outro que ficou em terra.

Um comentário final sobre jovens que dizem que o tempo não passa, e velhos que dizem que o tempo parece voar. Em ambos os casos trata-se de percepções adquiridas somente no âmbito material. O intelecto da criança compara o pouco tempo já vivido em sua memória contra o futuro ainda a percorrer. Isso é deveras insignificante e parece ao jovem que o tempo não passa. Ao contrário, o intelecto do velho cidadão compara em sua memória o tempo já vivido contra o pouco tempo que ainda dispõe para viver. Ou seja proporcionalmente o tempo vôa ao comparar o enorme tempo que já passou. Outro exemplo que está adstrito a somente à matéria é o caso do tempo que sentimos na cadeira do dentista. Um minuto parece eterno por que estamos ansiosos para terminar o sofrimento e isso nos conecta exclusivamente ao plano material daqueles poucos minutos. Quando entramos a fundo nas leis da natureza vemos que existe dentro de cada um de nós uma outra vida, a vida espiritual. Para estes que estão despertos para essa vida espiritual, existe a sensação nítida de que o tempo terreno parou quando sua dinâmica espiritual está a todo o vapor.

(*) Desvio para o vermelho, ou “Doppler redshift”, é o deslocamento das linhas de um espectro de frequências, em direçào aos maiores comprimentos de ondas. Há também o desvio para o vermelho gravitacional, ou devio para o vermelho de Einstein, causado não pelo efeito Doppler, mas notado no espectro eletromagnético pelo aumento do campo gravitacional.

(**) Neils Bohr radius é, por exemplo, para o elemento Hidrogênio = 5.2717*10 –11m, ou seja, é o tamanho do raio na orbita do elétron de qualquer elemento, dado um determinado potencial gravitacional ou cinético.