O FILHO DO HOMEM
(21/07/2004)

Luis C. Morais

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Jesus. O quadro que retrata a sua passagem pela Terra encontra-se pintado, na galeria do tempo.

Jesus não escreveu sobre os fatos de sua vida , nem tão pouco a sua biografia. Desse verdadeiro quadro, executou-se reproduções com base nas tradições orais e nos escritos disponíveis, sendo vários desses elaborados pelos discípulos. Contudo as pinceladas utilizadas nessas reproduções nem sempre conseguiram manter a fidelidade com as cores e matizes do verdadeiro quadro. Ocorreu em muitos aspectos uma materialização dos conceitos para que se adaptasse a compreensão terrena, já há muito dominada pelo raciocínio. Assim muito do que Jesus falou foi apenas parcialmente compreendido. Até mesmo pelos seus discípulos, que não o entendiam totalmente.

Disse que veio ao mundo para cumprir as Suas leis e não para modificá-las. Assim sendo, vivia em conformidade com as mesmas e a elas estava submetido.

Jesus apresentou-se como sendo o Filho de Deus, afirmou que atuava na vontade do Pai, que estava no Pai e o Pai estava nele.

Jesus veio direto do Divinal, para o cumprimento de sua missão salvadora, passando rapidamente pelos planos intermediários da Criação. Para tanto encarnou em um corpo terreno, tendo necessária e naturalmente que passar por todas as etapas deste processo, ou seja: pela geração, pela encarnação e pelo nascimento, que se deu através de uma mãe terrena previamente preparada para este grandioso fato.

Durante a infância e até chegar a sua fase adulta; Jesus teve um desenvolvimento normal não despertando maiores atenções em seus familiares. Com o decorrer dos anos e com seu amadurecimento, frequentes questionamentos lhe acorriam, até que se sentiu atraído para João que batizava no rio Jordão. Até então, a venda que mantinha oculta a sua verdadeira origem se manteve. Porém, com o ato simbólico do batismo essa venda se dissipou ocorrendo o desvelamento. Ficou, então, consciente de sua espécie e de sua missão, sendo esta a de salvar a humanidade antes que a mesma sucumbisse totalmente pela decadência espiritual, cada vez mais crescente.

Sem essa intervenção do Amor Divino, através de Jesus, modificando os corações das pessoas, praticamente todos estariam mortos espiritualmente por ocasião do Juízo Final, que havia sido anunciado há milênios aos sábios da Caldéia (vide o livro A Grande Pirâmide Revela o seu Segredo, de Roselis Von Sass).

Jesus pregou o amor entre os homens, despertando nas pessoas sentimentos intuitivos para o bem. Abria assim um novo caminho para a religação com o Criador. Uma nova estrada livre dos entulhos e cipoais criados pelos dogmas, falsas concepções e maus exemplos.

Por essa estrada caminharam alegremente todos aqueles que aceitaram sem restrições a sua Palavra, ao passo que os que o viram com desconfiança e menosprezo, além de continuarem presos em seus grilhões, sobrecarregaram-se ainda mais com um pesado fardo anímico.

Abdrushin em sua dissertação &ldquot;O Salvador” (vol. 2, pag.45), de sua Mensagem Na Luz da Verdade, diz o seguinte:

“De Jesus, esse baluarte terreno surgido da Luz, saíam então as irradiações em direção às trevas mediante a Palavra viva, portadora da Verdade. Ele podia transmitir essa Verdade inalterada, pois ele próprio era a Palavra e a Verdade.

Os seres humanos foram então sacudidos de seu estado de sonolência pelos milagres que simultaneamente se operavam. Seguindo estes, encontravam a Palavra. Ouvindo a Verdade trazida por Jesus e nela refletindo, foi nascendo em centenas de milhares de pessoas, gradualmente, o desejo de ir ao encontro dessa Verdade e saber mais. E assim vagarosamente foram se esforçando em direção à Luz.

Por causa de tal desejo as trevas do ambiente foram afrouxadas, irradiações e mais irradiações da Luz penetravam vitoriosamente, à medida que os seres humanos refletiam nas palavras e as consideravam como certas. Em torno deles o ambiente se foi clareando cada vez mais, as trevas não encontravam mais nenhum apoio firme neles e resvalando, finalmente, perdiam cada vez mais terreno desse modo. Assim a Palavra da Verdade atuava nas trevas como um germinante grão de mostarda, como fermento na massa do pão.

E essa foi a obra salvadora de Jesus, o Filho de Deus, o portador da Luz e da Verdade”

Com o passar dos anos milhares de pessoas haviam aderido aos preceitos da mensagem de Jesus, acontecendo que multidões sentiam-se atraídas para ele, aglomerando-se para vê-lo e escutá-lo. Isso, no entanto, despertou inveja e também ódio naqueles que se julgavam os guardiões da religião. O domínio do raciocínio bem como o consequente desejo de poder os haviam tolhido a tal ponto que não mais lhes permitiam perceber a Verdade contida nas palavras de Jesus e também que apenas eram apresentadas de uma forma diferente. Não o reconheceram como o messias já anunciado pelas profecias, e passaram então a perseguí-lo e atacá-lo.

As trevas sentiram-se ameaçadas e utilizaram-se dessas pessoas criando situações embaraçosas para Jesus, tentando desacreditá-lo e comprometê-lo. Por fim não se detiveram nem diante da possibilidade de sua morte.

Jesus, com o desenrolar dos acontecimentos, percebeu a traição de seu discípulo e anteviu o término prematuro de sua missão terrena pelo seu assassinato. Passou, então, a anunciar como uma promessa a vinda do Filho do Homem para época do Juízo Final.

Jesus denominou-se o Filho de Deus e chamou o novo Consolador o Filho do Homem. Assim sendo falava de uma outra pessoa e não de si próprio.

A esse respeito Abdruschin também informa na dissertação O Filho do Homem:

“Todo aquele que reflete, já há de ter chegado sozinho à conclusão de que o Filho de Deus e o Filho do Homem não podem ser um só! A diferença está expressa nitidamente nas próprias palavras.

A pura Divindade do Filho de Deus trazia consigo, durante sua missão e encarnação, naturalmente por causa do puro Divinal, a condição de se tornar novamente uno com a Divindade. Nem é possível diferentemente, pela natureza da coisa. Isso confirma também as alusões do próprio Filho de Deus sobre a sua reunificação com o Pai, a expressão de seu retorno ao Pai…

O próprio Filho de Deus anunciou então à humanidade a vinda do Filho do Homem, que permaneceria como eterno mediador entre o Divinal e a Criação. Nisso reside o grandioso Amor do Criador por sua Criação…

A missão do Filho do Homem aqui na terra é a continuação e a conclusão da missão do Filho de Deus, porque a missão do Filho de Deus só podia ser transitória. Ela é portanto, com a continuação e a conclusão, concomitantemente, uma consolidação da mesma…

Jesus designou a vinda do Filho do Homem como a última possibilidade de salvação, indicando que com ele também se desencadeará o Juízo, que portanto aqueles que mesmo então não quiserem, ou dito de outro modo, não estiverem dispostos a receber esclarecimento algum, devido a sua própria obstinação ou indolência, terão de ser definitivamente condenados…”

Passamos a transcrever abaixo algumas citações da Bíblia a respeito da vinda do Filho do Homem, como sendo anunciadas por Jesus:

Quando, porém, vier o Consolador, que eu vos enviarei da parte do Pai, o Espírito da Verdade, que Dele procede, esse dará testemunho de mim. (Jo 15:16)

Mas eu vos digo a verdade: convém-vos que eu vá, porque se eu não for, o Consolador não virá para vós outros; se porém eu for, eu vo-lo enviarei; Quando ele vier convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo; O pecado, porque não crêem em mim; Da justiça, porque vou para o Pai e não me vereis mais; Do juízo, porque o príncipe deste mundo já está julgado; Tenho ainda muito que vos dizer, mas vós não o podeis suportar agora. (Jo 16:7-12)