RECONHECENDO NOVAS REALIDADES
(14/07/2004)

José Guilherme

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Recentemente a Escola de Medicina da Universidade Federal do Ceará foi responsável por uma iniciativa inédita, criando em seu currículo uma disciplina denominada “Espiritualismo” (*), objetivando discutir temas considerados sem explicação pela ciência atual. Segundo o instrutor do curso, estava sendo esperada inicialmente uma turma pequena, porém devido à grande procura, o projeto precisou ser revisto.

São bastante conhecidos os casos de pessoas em estados de coma, que, ao retornarem de sua inconsciência, relatam experiências não explicáveis pela ciência moderna. Alguns pacientes dizem ter estado “do lado de fora” do seu corpo, podendo observá-lo, bem como os médicos e familiares presentes no seu quarto. Existem situações em que os enfermos descrevem passeios não apenas no local, mas também em outros espaços do hospital e planos desconhecidos fora da materialidade.

Esses e muitos novos mistérios ainda indecifráveis para o saber humano começam a atrair mais fortemente a atenção do meio acadêmico, principalmente quando o ponto central de uma profissão é a vida do próprio homem, como ocorre na medicina.

A existência após a morte, a convivência de almas desencarnadas próximas aos seres humanos e a possível comunicação mediúnica com os transeuntes do além, foram objetos de estudo de muitos cientistas nos séculos XIX e XX. Juntamente com as experiências em hospitais já exemplificadas, soma-se ainda os diversos relatos comprovados – e sem explicação para a ciência – de batidas em móveis e paredes, movimentação de cadeiras, objetos que voam e desaparecem sem a interferência humana, materializações e diversos efeitos e ocorrências que muitas vezes parecem inacreditáveis. Todavia tais situações não são simuladas por mágicos em locais especialmente preparados para isso, e sim ocorrem dentro dos lares de cidadãos comuns.

A dimensão espiritual, tão importante para os povos antigos, foi excluída voluntariamente da vida do homem moderno, só acreditando este, por fim, naquilo que pode ver e distinguir com seus “próprios olhos”. No entanto, o “ver” do ser humano hoje é altamente limitado e insuficiente em relação aos elevados povos que habitavam a Terra há milhares de anos. Sobre a nossa real visão, a escritora Roselis Von Sass, no “Livro do Juizo Final”, cita as conclusões do renomado cientista Hartmut Bastian :

“Tudo que enxergamos com os olhos é, apesar de sua entontecedora plenitude, apenas o resultado de um setor mínimo de manifestações cósmicas. As notícias que com isso nos são transmitidas do Universo, devem ser portanto insuficientes! Somos entes de Luz, cujo pesquisar e raciocinar recebe o seu estímulo, principalmente, do setor ínfimo de irradiações de 0,397 a 0,720 milésimos de milímetros de onda. Tudo o mais é invisível para os nossos olhos” (…) Dentro do setor dessas ínfimas dimensões, encontra-se, pois, tudo quanto de irradiações os nossos olhos conseguem ver, isto é, para nós, quase todos os meios de expressão do mundo sensorialmente imaginável”.

O cientista brasileiro Vladimir Guglinski, autor do livro “Os Dados que Deus escondeu” explica que presentemente uma batalha se trava entre pesquisadores materialistas e espiritualistas. Experiências estão sendo feitas em universidades de todo o mundo pondo à prova os dois pontos de vista e as descobertas mais recentes tendem para a vitória dos espiritualistas. Para Guglinski, “Se dentro dos próximos anos, com o aumento das provas científicas, os materialistas forem finalmente derrotados (e reconhecerem que foram derrotados), isso pode promover um grande salto na evolução da Humanidade”.

Pela maneira como os fatos têm se evidenciado claramente e cada vez mais, com os resultados das pesquisas e descobertas de cientistas mais intuitivos e menos materialistas é de se esperar seguramente que daqui há um curto espaço de tempo será considerado ignorante e ultrapassado todo aquele ser humano que despreza essa matéria mais fina, mais etérea, assim como ocorreu há um século com os indivíduos descrentes em relação aos organismos microscópicos altamente complexos habitantes do nosso ar, comprovados pelos avanços da ciência e da tecnologia.

No entanto, para o reconhecimento do âmbito espiritual, não bastará a ciência, em sua configuração atual baseada no método científico, no qual toda experiência possa ser repetida, e os resultados verificados. Manifestações além da matéria não podem ser manipuladas. O raciocínio preso à Terra, a este espaço e tempo conhecidos, não pode apreender uma realidade que está em um outro nível de compreensão. Trata-se de uma outra matéria, mais fina, e para isso, precisaremos utilizar outros métodos.

Quando a espécie humana preferiu escolher o trágico caminho do apego irrestrito ao intelecto ligado ao espaço e tempo terrestres, sua capacidade de assimilação de diferentes realidades foi desaparecendo com o tempo. É por isso que hoje muitos se impressionam com a possibilidade de existir algo além de sua “visão”, a qual, na verdade, é bastante limitada e controversa, como vem demonstrando sérios pesquisadores, como os citados anteriormente.

O homem, em verdade, ficou aprisionado dentro de si mesmo, a partir do momento que decidiu se concentrar apenas nesta matéria mais grosseira e visível aos olhos do corpo terreno. O desenvolvimento de outras partes do cérebro, principalmente a intuição, capaz de receber a vontade do espírito, foi totalmente desprezado, propiciando o aparecimento em série dos seres humanos ditos “materialistas”. Estes influenciaram fácil e rapidamente a maior parte dos homens, obtendo por fim o domínio em nosso planeta.

Tal processo teve inicio já há vários milênios, acelerando-se em uma velocidade estrondosa nos últimos séculos.

A iniciativa da Faculdade de Medicina no Ceará e o grande interesse pela disciplina “Espiritualismo”, demonstra a forte – e muitas vezes inconsciente - inquietação vivenciada atualmente. O estado de confusão e miséria em que vive o mundo tem levado muitas pessoas a procurarem pelas verdadeiras respostas, pois o conhecimento humano não foi capaz de construir o desejado “paraíso na Terra”, tampouco apresentou as soluções às questões mais básicas da humanidade.

Se quisermos alicerçar um novo lar para a espécie humana, será preciso, doravante, reconhecermos as novas realidades existentes além de nossa visão comum. Dessa maneira descobriremos novas dimensões de vida, e saberemos onde se encontra a nossa verdadeira origem. Descobriremos que o Universo é regido por leis simples que precisam incondicionalmente ser cumpridas caso queiramos tecer um caminho diferente daquele escolhido pelos homens nos últimos milênios.

Há dois mil anos, Jesus Cristo nos deu através de suas simples e valiosas parábolas, a chave para o reencontro da Luz e da Verdade. Agir conforme as suas palavras deverá ser reconhecido pela humanidade como a solução final para o estabelecimento da paz e da felicidade, pois assim estaremos acionando o espírito, que tem sua origem naquela parte da Criação onde a Lei do Amor reina absoluta e sem turvação.

Com o desenvolvimento constante das nobres qualidades humanas, nosso espírito despertará, e nossa visão se ampliará enormemente. Poderemos aos poucos compreender os fenômenos fora deste espaço-tempo, e dessa maneira, retornar ao verdadeiro caminho de luz que inicialmente fora previsto para o gênero humano.

Que tal começarmos agora esse trabalho, buscando o reconhecimento das novas realidades?

(*) É importante salientar a diferença entre “espiritualismo” e “espiritismo”. O termo “espiritualismo” abrange um conceito amplo, não necessariamente ligado à alguma religião ou filosofia especifica. É uma forma peculiar de ver o mundo, baseada na crença da parte espiritual do Universo e de uma força ou ser superior eterno – DEUS – que é a origem de tudo. Por exemplo, um indivíduo que professa a religião católica pode ser chamado de espiritualista, assim como um budista, evangélico ou maometano. Atualmente a palavra tem sido mais usada para denominar aquelas pessoas que estudam ou praticam doutrinas e filosofias de vida que se aprofundam em questões de cunho espiritual.

O espiritismo tem sua origem na palavra francesa “espiritisme”, termo firmado por Allan Kardec para denominar a doutrina espírita, da qual foi o fundador. Ou seja, o espiritismo é uma doutrina específica de caráter filosófico, constituída no século XIX através dos trabalhos e estudos daquele pesquisador. Os praticantes dessa filosofia são chamados de espíritas.