ERROS

J. Nivaldo Alvarez

Esse tema provoca muitos questionamentos. Vejamos:

Quando uma pessoa erra é logo alvo de críticas, admoestações e até punições. Até onde vai a extensão do erro, e a capacidade de alguém julgar o erro de alguém? A pessoa que comete um erro e reconhece que errou, já está perdoada? A expressão “o reconhecimento do erro é meio caminho andado para a obtenção do perdão” está certa? Só meio caminho basta ou será necessária toda a caminhada? A outra metade da caminhada é representada pela vivência que se obtém do erro e do seu reconhecimento?

Quando tentamos analisar com profundidade todos os aspectos ligados aos assuntos “erro” e “perdão”, se nos deparam muitas perguntas e nos colocamos em choque com nossa vontade, que às vezes quer questionar o conhecimento até então obtido. Mas questionar como? Se erramos e logo reconhecemos o erro ficamos acomodados, com a consciência tranquila, pois reconhecido o erro julgamos que não mais iremos errar. Será certo esse pensamento? Será que após o reconhecimento de um erro praticado, nunca mais vamos errar? Ou ainda existe a possibilidade de cometer outro erro, diferente do primeiro? Ou, outros erros diferentes dos anteriores? Nestes casos, continuaríamos a cometer erros, sempre reconhecendo logo em seguida que foram erros?

Como fazer então? São úteis estes questionamentos? Achamos que sim, desde que o questionamento se refira em primeiro lugar a nós mesmos. Aí começa a outra metade do caminho, talvez a mais difícil, pois demanda análise profunda dos efeitos causados pelas nossas atitudes erradas.

Existem palavras, atitudes, condutas, que são erradas em algumas circunstâncias e em outras não? Como diferenciá-las? Só através da análise. Somente a vivência dos efeitos gerados por nossas atitudes pode fornecer um parâmetro para a análise dos acontecimentos precipitados por essas atitudes.

Há outras atitudes que são sempre erradas, e estas também devem proporcionar vivências para que as reconheçamos como tais? Todo o pesquisador sincero, que aspira à convicção em tudo o que faz, deixará de ser “boneco inanimado” e se transformará em ser humano de convicção, e assim, suas atitudes, sejam atos, palavras ou pensamentos, sempre lhe proporcionarão vivências úteis ao seu amadurecimento espiritual, o que logo se evidenciará no comportamento terreno, ganhando maiores condições de analisar os erros e, usufruindo das vivências, superá-los.

Atingida essa fase, como agir com pessoas que, a nosso ver, continuam proceder de maneira errada? Partamos do princípio de que não somos juizes de nosso próximo, e sim, de nós mesmos. Nestas condições vamos analisar o nosso comportamento frente a essas pessoas, que julgamos agirem erradamente. Temos condições de atirar a primeira pedra? Se acharmos que sim, vamos em frente, com a consciência firme de que a reciprocidade se encarregará de mostrar se estamos errados, sobrecarregando-nos com mais esse carma. Ainda assim, se aspirarmos à convicção, com vontade firme de acertar, os erros nos mostrarão qual é o caminho certo e a vivência nos dará condições de resgatar esses mesmos erros.

Se sentirmos que não temos condições de atirar a pedra, imaginemo-nos no lugar dessas pessoas, procurando raciocinar o que faríamos em tais situações. Isto também é vivência, e o que for gerado por nossos pensamentos poderá auxiliar pessoas que, talvez munidos de boa vontade, não atingiram condições para raciocínios tais.

O que se torna indispensável é MANTER LIMPO O FOCO DOS PENSAMENTOS. Só assim pode-se obter paz. Paz verdadeira, pois provém do espírito, sem condições de identificação pelo cérebro. Desta maneira estaremos dando ao nosso próximo com nossa maneira de ser, e, consequentemente, recebendo também. Dentro de pouco tempo a situação se modificará, e não estaremos mais apontando erros em nosso próximo, pois não os teremos em nós mesmos.