A CONVICÇÃO E A RELIGIÃO

J. Nivaldo Alvarez

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Muita gente indaga o que está acontecendo com a humanidade nos dias de hoje.Nunca se falou tanto em paz, e nunca o mundo esteve tão perto de uma hecatombe universal. Na era das comunicações o entendimento entre os homens torna-se cada dia mais difícil. Quanto mais os cientistas se aperfeiçoam e descobrem novas drogas milagrosas, maior é o número de doentes em todo o mundo. Estas perguntas são constantes: “O homem tem tudo para ser feliz, mas não o é; por que?”, “O que estará acontecendo?”, “Quais as causas de tudo isso?”

Na realidade, o homem tem a preocupação de acumular bens terrenos e usufruir dos gozos e prazeres que estes lhe proporcionam,e assim deixa de viver realmente a vida. Como consequência disso, hoje o homem é escravo de si mesmo, ou, em outras palavras, está preso ao seu entendimento. Tudo que faz está circunscrito dentro de um limite estabelecido pelo seu próprio cérebro. Por isso tem uma vida agitada, antinatural. Não vive, “vegeta”.

Mas, poderia ser de outra forma?

Sim. Não só diríamos que poderia ser de outra forma, como também afirmamos: já foi de outra forma em remotas eras. Sim, já houve épocas em que as criaturas realmente viviam suas vidas em toda a plenitude. Viviam sim, não “vegetavam”. Suas existências eram inteiramente dedicadas ao Criador, que lhes proporcionou a dádiva da vida; eram cheias de alegria e tudo era vivenciado intensamente. Sim, tudo era vivenciado intensamente, mesmo que hoje nos pareça difícil imaginar uma vida sem os confortos que o progresso nos proporcionou.

Quando nos referimos a um vivenciar intenso, mesmo sem os confortos do progresso atual,não queremos dizer que somos contra o progresso. Queremos, isso sim, nos referir ao fato de que o vivenciar intenso poderia ser conseguido se, a par do progresso material, ocorresse também o progresso espiritual.

Mas o que se entende por progresso espiritual? Ora, com um pouco de raciocínio poderemos chegar a uma conclusão. Espiritual quer dizer “aquilo que é do espírito”, o “núcleo”, a “origem”, a “razão de ser” da nossa existência. Isto deveria levar as criaturas a indagar sobre os motivos de suas existências na Terra. O “por que?” que poderia conduzir muitas pessoas a pesquisarem as causas e assim chegarem ao conhecimento da verdadeira vida.

Mas, quando chega neste ponto parece tocar-se num tabu. “Isso é religião” dizem, e não querem misturar religião com a vida cotidiana. Aí reside o grande erro dos que assim pensam e agem. A religião deveria ser a “crença”, a norma de vida a conduzir as criaturas humanas através de experiências vivenciais à plena convicção – para assim transforma-las em individualidades, despertando em cada um o seu verdadeiro “eu”. Só assim a criatura humana poderia realmente viver, sairia desse marasmo, do tédio, da depressão e do medo que hoje a atinge, e poderia usufruir de todas as graças que são concedidas pelo Onipotente Criador. Isso seria progresso espiritual!

Aqui há de surgir uma dúvida para aquele que inicia um pesquisar sincero: qual das religiões, dentre as muitas que hoje proliferam por aí, haveria de despertar no ser humano o anseio para essa convicção? Qual delas, se cada uma, afirmando ter condições de salvar a humanidade, prega uma filosofia de vida diferente, alicerçando-se em dogmas e concepções errôneas?

Mas é exatamente essa dúvida que deverá levar o pesquisador sincero a uma firme convicção, que partirá do seu íntimo, como resultante de análises profundas, só transformando em crença aquilo que em si já se enraizou como convicção.. Essa seria a verdadeira religião, aquela que pudesse conduzir as criaturas humanas ao encontro do caminho para o Altíssimo.