A INDEPENDÊNCIA DO BRASIL E A SUSTENTABILIDADE
(17/09/2015)

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Nos séculos passados havia o conceito de que as colônias, regiões descobertas ou conquistadas, eram para ser usadas e abusadas pelos conquistadores. Toda a riqueza produzida ou extraída como ouro, pedras preciosas e tudo mais era encaminhado para fora, enquanto que nessas colônias se vivia parcamente, sem recursos, sem escolas, com sistema escravocrata de trabalho. Foi o que aconteceu no Brasil, os aqui nascidos queriam os mesmos direitos que os povos livres têm, até que um grupo, com o ideal de construir uma nação livre e independente, conseguiu, no ano de 1822, a independência política.

Mas o processo de construção do país tem seguido em função de falcatruas e interesses particulares, pois com as fragilidades na economia e na educação, herdadas do tempo em que éramos colônia e que nos manteve na dependência dos empréstimos e seus resgates, a nação permaneceu estagnada. A ausência de seriedade na condução do país tem sido um desastre, e as finanças geridas com displicência geral em Brasília, nos Estados e municípios. Ainda não alcançamos a real transformação de colônia em nação forte e independente, respeitada pelas outras, pois faltam estadistas sérios e bom preparo das novas gerações.

“O Brasil está mais de 20 anos atrasado em relação a países vizinhos como o Chile em termos de escolarização. O caminho a ser recuperado é longo, mas possível”, defendeu Pedro Malan, ex-ministro da Fazenda no Seminário Internacional para a Qualidade da Educação Pública, realizado em São Paulo. Mas o atraso é ainda maior, pois caminhamos para o apagão mental devido ao baixo nível das escolas, dos filmes e programação das TVs, e do uso constante de jogos eletrônicos sem palavras. Ao final do curso médio, menos de 30% dos estudantes dominam a leitura. Não conseguem ouvir a intuição e vão perdendo o bom senso.

Além de haver um déficit de professores, faltam motivação e recompensa adequada para essa importantíssima função para assegurar um futuro melhor. É preciso ensinar para as crianças como a natureza funciona: solo, florestas, fauna, água, ar, tudo interligado pela vida. Isso vai ajudá-las a pensar com clareza mental e humanismo.

Os governantes raramente se pautaram pela eficiente e equilibrada utilização dos recursos para o bem geral. A situação das contas do Rio Grande do Sul é gritante, mas infelizmente pode acontecer em outros Estados e municípios. Nas contas do Brasil seria o caos, como os governantes podem se considerar gestores da coisa pública se permitem o caminhar na direção do descalabro?

O lamentável nessa historia é a situação do país, empurrado para a beira do abismo pela luta pelo poder. Não sabemos o que está rolando por trás disso tudo, mas se percebe que o que menos preocupa é a melhora do país e sua população. Pessoas sem brios, sem espírito de estadistas, que não se esforçam pelo bem geral, não poderiam ser aceitas como candidatos.

Estamos diante de toda a ferocidade da economia globalizada, uns detonando os outros, quando deveriam se esforçar para que houvesse equilíbrio geral na produção, comercialização e consumo. Do jeito que vai, não tardarão a surgir catástrofes econômicas que poderiam ser evitadas se existisse mais consideração entre os povos.

Há um desarranjo global na economia, mas os Estados Unidos, que têm vivências financeiras desde o acordo Breton Woods (1944). Atualmente o dólar rege a economia global, feito não alcançado por outras moedas como o yen e o euro. O yuan é a moeda da China que tem reservas de quatro trilhões em títulos americanos, mas aonde colocaria tantos dólares?

Poucos países têm a habilidade americana de lidar com o mundo financeiro, pois nem a sua elevada dívida influencia o mercado. No entanto, a grande incógnita são os agentes especuladores que se julgam donos do mundo, que de um momento para outro podem derrubar o castelo de cartas (bolhas espalhadas pelo mundo), o que quase aconteceu em 2008, e que trouxe fortes consequências na miséria global. A turbulência das finanças detona o humanismo e a autonomia dos povos.

Qual o caminho que o Brasil deveria seguir para sair do marasmo e alcançar a governabilidade e a sustentabilidade no cenário conturbado de estagnação econômica e da trajetória de crescimento da dívida pública? Como preparar as novas gerações para que o Brasil se torne o país sonhado da liberdade, progresso e consideração?