POR UM BRASIL MELHOR
(01/04/2015)

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Parece que de novo está tudo fora do lugar. Déficit na balança comercial, déficit nas remessas de juros, lucros e falcatruas. A sina das repúblicas das bananas é ser nada mais do que um quintal com seus predadores. Mais uma vez escorregamos na armadilha do déficit externo. É preciso que sejam oferecidas novas oportunidades para a indústria, para que esta possa disponibilizar ao mercado produtos de qualidade. No entanto, quanto mais aumenta o apagão mental geral, menores são as chances de surgimento de estadistas sérios e patriotas. O século 21 ainda não viu a cara dos que querem um Brasil melhor. Tomara que eles se apresentem logo!

Pátria educadora ou achacadora? A vida dos pseudo-estadistas está muito boa, mudar para que? Só para construir um Brasil melhor? Que vantagens terão com isso? Por que aprovar uma legislação séria, se é no caos das leis que muitos se beneficiam acobertando sua desídia e irresponsabilidade?

Circula na Internet relatos sobre os financiamentos concedidos pelo Brasil para obras de infraestrutura em outros países, mas faltaram algumas importantes informações como: qual a necessidade das concessões; que benefícios trouxeram para o Brasil; não teria sido mais adequado aplicar esses dólares em saneamento, estradas, e outras obras aqui necessárias?

Enquanto isso a televisão vai baixando o nível da programação. Diante da complicada situação das chamadas preferências sexuais, a questão tem sido colocada amplamente no sentido de que sejam evitadas hostilizações e preconceitos, pois na essência se tratam de seres humanos, apenas o seu modo de viver destoa das noções mais rígidas aplicadas no passado. O acontecimento está mais para sérias pesquisas psicológicas e biológicas, do que para o estardalhaço de desorientação geral apresentado pela mídia, que apresenta cenas de impacto para conseguir aumento de audiência e faturamento.

O governo não pode se confundir com a classe empresarial, pois cada um tem a sua missão para cumprir. Cabe ao governo manter o equilíbrio em tudo, organizar as finanças, controlar os gastos, possibilitar condições para produção competitiva e consumo adequado, manter o equilíbrio na exportação e importação, preservar o meio ambiente e assegurar a escolaridade. Deve ainda impedir que o desajuste nos gastos descambe para os juros escorchantes, não fazer do câmbio arma eleitoreira, não dar margem para a especulação cambial, não cair no endividamento interno ou externo, e manter a independência sem a interferência dos poderosos. As empresas, de outra parte, devem agir com lisura. E todos, com patriotismo.

O economista Nouriel Roubini falou o óbvio sobre o Brasil: os investidores estão céticos; o mercado exige ajuste fiscal que vai gerar recessão e desemprego. Sem equilíbrio nas contas, o Brasil perde o crédito e o real mostra sua fragilidade ante o dólar. A verdade é simples: numa época como a atual, deixar a riqueza nas mãos dos prepotentes gestores do estado, sem prestar contas, é no mínimo temerário, para não dizer uma loucura.

Lamentavelmente, o governo se descontrolou nas contas, gastando mais do que podia. Não deveria ter feito isso, pois sabia das consequências nefastas. Mas o pior foi o relaxamento na política cambial permitindo que de novo caíssemos nessa armadilha, com déficit no ano de 2014 de US$ 91,3 bilhões. A dolarização da economia não ajuda, pois sempre faltam dólares, o que exige a dependência de empréstimos ou a sua captação no mercado especulativo.

Quando num passe de mágica os dólares voam velozmente para fora, o país cai na rua da amargura, pois todos os preços que estavam contidos artificialmente, explodem. Os juros elevados sugam a riqueza produzida. O FMI e o Banco Mundial poderiam ter possibilitado melhor adequação desse desajuste nas transações, próprio de economias frágeis e dependentes, mas deixaram espaço aberto para as crises cíclicas.

A incúria administrativa e as medidas irresponsáveis para conservar o poder vão se tornando domínio público. Precisamos de um sistema econômico que consiga exportar num volume que se equilibre com as importações, e as remessas de juros e lucros para fora do país. No entanto, face aos desequilíbrios, a nação ficou obrigada a pagar o preço do ajuste fiscal. Mesmo assim, que garantias teremos de recuperação e estabilização das contas nesta economia global predatória, e nesta escassez de estadistas sérios e competentes?