PAZ E TRABALHO
(16/08/2013)

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Estamos diante de uma situação de instabilidade econômica global, que atinge um país após outro. Em decorrência, a competitividade se torna acirrada, o mercantilismo ressurge através da produção voltada para a exportação, como opção para muitos países em sua ânsia de acumular riqueza financeira ou buscar recursos para cobrir os déficits nas contas externas.

Todos dependemos do que o planeta oferece, mas a Terra não é nossa propriedade. O sistema se desequilibrou, possibilitando vantagens através de manobras cambiais e utilização de mão de obra em precárias condições, o que deturpa o sentido da livre concorrência. Necessitamos de uma regulamentação que estabeleça uma ampla disciplina que seja respeitada por todos, inclusive quanto à sustentabilidade do planeta e à vida na natureza pois, caso contrário, o equilíbrio necessário será rompido, levando à explosão de conflitos que nos fazem regredir. E isso, nada mais seria do que uma violentação contra a própria humanidade.

Para muitas pessoas o dinheiro se tornou a base para tudo o que fazem. Ocupam a sua mente dia e noite com a ideia de obter mais e mais dinheiro, como se isso fosse uma religião, idolatrando o capital. Inegavelmente a vida se tornou áspera. Não há consideração, nem respeito. Vale tudo para satisfazer a ganância e a sede de poder.

Há um grande volume de produtos disputando a renda dos consumidores, seja nos shopping centers ou nos outlets. As pessoas estão comprando menos, viajando menos. Os empregos se reduzem. Não seria problema combinar com os trabalhadores que eles somente seriam chamados quando houvesse encomendas a atender e trabalho a executar, pois é pesado sustentar os custos em fases de crise. Mas para que isso se tornasse viável, deveria surgir uma outra lógica distributiva, na qual os trabalhadores teriam uma remuneração compatível com os lucros auferidos através do seu trabalho.

Muita coisa seria diferente, pois todos se esforçariam espontaneamente para alcançar o melhor desempenho. Num ambiente coercitivo e sob pressão, não há esforço em obter mais produtividade e qualidade. Com salários mínimos e exigência de longas horas de trabalho, a qualidade decai, o atendimento se torna péssimo devido à falta de motivação e preparo. O trabalho é importante e necessário. Porém quando este é dirigido para a maximização do resultado e puro acúmulo de capital, perde o seu sentido maior e, como numa linha de montagem, passa a ser executado mecanicamente.

Qual a motivação dessa gente toda que trabalha e dispõe de conforto e boas casas para morar? O que fazem fora do trabalho? O que elas pensam da vida? Para muitos, comprar e consumir é o máximo. Dedicam várias horas percorrendo lojas, fazendo compras e, com isso, aumentam as dívidas, sufocando o vazio interior de uma vida sem um sentido claro. Os homens se afastaram de sua essência espiritual. Adotaram a moeda como a essência para a vida. Tudo se pauta pelo valor do dinheiro. Nada mais é sagrado. O caos econômico se amplia.

O objetivo da população e dos líderes deveria ser o contínuo aprimoramento pessoal e a elevação das condições de vida. Na Mensagem do Graal, o escritor alemão Abdruschin recomenda mantermos com firmeza o anseio pelo aperfeiçoamento da alma, como condição essencial para alcançarmos a paz e escaparmos das garras da opressora estreiteza mental e do vazio e superficialidade no pensar e falar. Quando fortalecemos o anseio pelo aperfeiçoamento da alma, permanecemos mais atentos, extraindo a essência de tudo que vivenciamos, evoluindo para melhor. Conservando limpo o foco dos pensamentos, alcançaremos paz e felicidade. Sem dúvida, esse deveria ser o grande chamado para as novas gerações, como a base para uma civilização realmente humana.