O PODER DA ASSOCIAÇÃO VOLUNTÁRIA
(08/08/2013)

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Muitos problemas poderiam ser resolvidos de maneira simples e gratificante. É o que diz Niall Ferguson, no livro A Grande Degeneração. Esse autor cita o exemplo em uma praia no sul do País de Gales, onde tinha ido morar, mas encontrou, segundo suas próprias palavras “a bela faixa litorânea à frente da casa cheia de lixo. Milhares de garrafas plásticas flutuavam ao vento e se enroscavam nos espinhos das rosas selvagens. Latas de cerveja e de refrigerante enferrujavam nas dunas. Pacotes de batata frita flutuavam nas ondas feito águas-vivas opacas e repugnantes. De onde viera tudo aquilo? Sem dúvida, parte do lixo era descartada pelos jovens locais, que pareciam indiferentes ao efeito destruidor de seu comportamento sobre a beleza natural da terra de seus pais.” Em nossas praias isso não é nada diferente.

Então se deu o inesperado: através da associação voluntária de participantes do Lions Club local, a praia foi limpa, e as flores puderam desabrochar livremente. Muitos moradores passaram a caminhar pela praia com frequência. São muitos os exemplos em que os participantes do Lions ou do Rotary, ambos fundados por executivos de Chicago há cerca de um século, dedicam seu tempo e conhecimentos em prol de causas nobres.

Absorvidas pelas lutas diárias pela subsistência ou para a aquisição de bens materiais, muitas pessoas deixaram de olhar para os problemas que afligem a sua comunidade, levando sua vida de forma isolada sem uma participação que poderia ser benéfica para o todo.

Diferentemente dos Estados Unidos, não há entre nós o hábito da reunião em grupo voluntariamente, em que cada um oferece seu tempo e conhecimentos para buscar soluções ou defender os interesses da comunidade para a melhora continuada da qualidade de vida. No entanto, essa é uma salutar prática da democracia, que precisa ser posta em ação para que as coisas não caiam num marasmo entorpecedor que vai minando as condições de vida nas cidades. De repente tudo descamba para seu ponto crítico, na saúde pública, na educação, no trânsito, na preservação das áreas verdes, na eliminação dos empregos e, por fim, chega-se à cidade sitiada, sem ordem nem segurança. Sair às ruas se torna um perigo.

A sociedade humana está doente. Permanece estagnada, avançando a sua decadência aos limites críticos. Torna-se visível a grande degeneração. Ela está na própria espécie humana e seus pensamentos ruins. Para reverter isso, o mundo precisa da grande regeneração que nos reconduza ao caminho da sociedade realmente humana. Para isso precisamos saber que nos encontramos nesta Criação com o dever de contribuir para a melhora geral.

Necessitamos da sinergia de muitos bons pensamentos para fazer frente às nuvens furiosas de maus pensamentos que se espalham pelo mundo causando danos onde encontram solo receptivo. Precisamos fortalecer os bons pensamentos para a regeneração da saúde - nossa e da sociedade humana.

A população não pode permanecer de braços cruzados em sua zona de conforto. Tem de abrir os olhos e ver quantas mazelas podem ser evitadas com um pouco de esforço em grupo, envolvendo-se na vida da comunidade onde vive. Os clubes de serviços como o Rotary e Lions também. As redes sociais estão aí à disposição. Cabe a nós fazer um bom uso delas, de forma ponderada e educada, pois calados, nada conseguiremos melhorar.

É preciso que os pensamentos e a voz daqueles que vivem nos bairros, nas cidades, nos países, se faça ouvir, para que a classe política e empresarial saiba que a vida em sociedade impõe direitos e deveres, visando a mais adequada gestão dos recursos no sentido de alcançar continuada melhoria das condições de vida. Se cada um se esforçar em cumprir a sua parte com seriedade e responsabilidade, visando o bem geral, as coisas terão de ir mudando para melhor.