E SE VIVÊSSEMOS TODOS JUNTOS?
(08/08/2013)

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O que somos nós? Por que envelhecemos? “Deus criou o ser humano segundo a sua imagem e o soprou, animando-o com o Seu alento!” São dois acontecimentos: o criar e o vivificar! (Abdruschin, “Mensagem do Graal”)

Muitos estudiosos pesquisaram a origem do ser humano. Poucos alcançaram um esclarecimento convincente, que não deixe a alma em estado de dúvida. Abdruschin, pseudônimo do escritor alemão Oscar Ernest Bernhardt (1875/1941), apresenta em sua obra uma ampla visão da criação do ser humano, a evolução do mundo material e a encarnação da centelha espiritual que se liga com a materialidade para beneficiá-la, soerguê-la, e alcançar o desenvolvimento.

O núcleo vivo precisa do cerebelo como meio de atuar em conjunto com o cérebro para atuar na matéria e fazer-se compreender. O ser humano, no entanto, tem posto de lado essa centelha, o núcleo realmente vivo, buscando uma forma de vida prepotente e arrogante sobre as leis naturais da Criação que possibilitaram a sua existência. Devido a isso, muitas coisas importantes têm sido perdidas ao longo dos séculos, inclusive o sentido da vida.

Convidado por amigos, fui assistir ao filme E se vivêssemos todos juntos, dirigido pelo francês Stéphane Robelin, com a participação das atrizes veteranas Jane Fonda e Geraldine Chaplin. O filme focaliza a problemática dos idosos que vão ficando isolados, sem opção de morar sozinhos, tendo muitas vezes de ir para asilos e, com isso, viver seus dramas. Afinal todos nós caminhamos para a velhice. Então esses amigos resolvem morar juntos. É mostrado o modo de viver desse grupo no dia a dia, com as ansiedades, as alegrias e também a vacuidade de muitas coisas que fazem.

Conversas vazias, egoísmo, descontentamento, fazem parte dos ingredientes da vida desses idosos que, como tantos outros, muito pouco aprenderam da vida real e seu significado. Na velhice, já deveriam ter aprendido a cultivar a paciência e a respeitar os limites. Jane Fonda se esforça para dar vida à sua personagem, mas prêsa ao roteiro, não consegue ir muito além de um discurso sobre a atividade sexual dos idosos. Uma pena, pois o diretor poderia ter utilizado o talento da atriz para ir fundo na análise dessa importante fase da vida, que na realidade deveria ser um período para se fazer um balanço das vivências e aprendizados adquiridos - aquilo que o ser humano realmente vai levar para o além.

Num mundo no qual há a tendência para o aumento da população de idosos, a velhice deveria levar a reflexões sobre o sentido da vida. Envelhecer assusta, pois evidencia a finitude do corpo, mas ao mesmo tempo faz com que as pessoas percebam que o “eu interior” permanece inalterado, o que possibilita manter a jovialidade e o bom humor. O idoso não é um inútil. Ele precisa se manter ocupado em conformidade com as limitações impostas pela idade, buscando fazer algo que seja interessante para si próprio e para as pessoas ao seu redor, aproveitando a época para, sem medo, buscar o sentido da vida, a compreensão da Criação e suas leis. A época é essa, sem moleza nem má vontade: descobrir a finalidade da vida. No livro Mensagem do Graal, Abdruschin lançou um grande alerta aos seres humanos:

“É dever sagrado do espírito humano pesquisar por que se encontra na Terra, ou por que motivo vive nesta Criação à qual se encontra ligado por milhares de fios. Nenhum ser humano se tem em conta de tão insignificante, para crer que sua existência fosse sem finalidade, se ele mesmo assim não a tornasse. A tal respeito considera-se ele em todo caso demasiado importante. Entretanto, são apenas poucos os seres humanos que conseguem, penosamente libertar-se a tal ponto da preguiça de seu espírito, para se ocupar sinceramente em pesquisar qual a sua finalidade na Terra.”