ECONOMIA EM RITMO DE ESTAGNAÇÃO
(08/04/2013)

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A economia desliza sem pressa, em marcha constante e reduzida. Temos de entender as causas dessa “coisa meio parada”. Há um desequilíbrio na distribuição da renda que tende para a concentração. Então, para compensar, surgem novas possibilidades de obter crédito para fazer compras, mas os limites são estreitos. Quem compra à prestação fica com o orçamento comprometido por período um prolongado, impossibilitado de fazer novas aquisições.

No Brasil, há um secular despreparo da população. O mercado interno vai se consolidando aos trancos e barrancos, pois não foi tomado em consideração como fator importante para o desenvolvimento pela elite voltada para a exportação de bens primários, produzidos por mão de obra de baixo custo.

Nos países desenvolvidos, diante das limitações das economias internas, a solução tem sido buscar mercados externos através de vantagens competitivas cambiais, a famosa desvalorização, para baratear os preços nos mercados visados, atualmente designada como guerra cambial. Por outro lado, o ingresso da mão de obra asiática causou um choque na estrutura dos custos de produção. Nos Estados Unidos, a indústria está empregando três milhões de pessoas a menos do que há uma década.

Estão ocorrendo aquisições e fusões, mas isso não chega a ser indício de retomada; é mais uma realocação de recursos disponíveis e fortemente concentrados, em busca de bens reais. As políticas monetárias expansionistas, adotadas pelos ricos, colocam muito dinheiro em circulação a custo baixo, o que favorece investidores desejosos de fazer aquisições de empresas. Trocar um dinheiro emitido sem base real, por empresas rentáveis sediadas em outros países, até que é um bom negócio. Isso é mais do que guerra pela desvalorização cambial; é lance de guerra econômica.

O sistema estruturado com base no dinheiro promove a busca do lucro máximo e a concentração financeira. Os governos não se preocupam com a eficiência na aplicação dos recursos e, pior, se tornam deficitários e grandes devedores. Na saúde e na educação, ocorrem desperdícios enquanto o atendimento se deteriora. Faltam seriedade e a fixação de objetivos nobres.

Criou-se a seleção através do dinheiro. Quem pode busca os melhores médicos e hospitais e as melhores escolas, cujos preços são proibitivos. Professores mal remunerados ensinam quase nada. Médicos que ganham pouco deixam de comparecer aos plantões. Então, é preciso ganhar muito para selecionar bons médicos e boas escolas, mas empregos com bons salários estão cada vez mais escassos. As tarefas são subdivididas e os trabalhos ficam repetitivos, enfadonhos e com remuneração mínima e fixa. Os preços vão sendo reajustados, reduzindo a possibilidade de comprar. A esperança de melhores dias se reduz, e a população se deixa contaminar pelo desânimo.

No entanto, seja nas escolas mais elitizadas, ou nas públicas, abandonadas ao descaso, não encontramos uma educação que vise o cultivo do aprimoramento humano; assim, nunca formamos seres aptos e dispostos a examinar e analisar objetivamente o sentido da vida para construir de forma a beneficiar tudo. Mas esse é o nosso mundo hostil, do qual todos nós temos responsabilidade na sua gestação pela falta de “coração”. Por isso mesmo, temos de nos adaptar da melhor forma que pudermos para buscar a superação e um futuro melhor.

No Brasil, o ganho por hora é baixo, inferior ao dos países desenvolvidos em até 50%; mas mesmo assim representa um gasto elevado para os empresários devido aos custos indiretos sobre a folha de pagamentos. As empresas e as pessoas com sobra de caixa ficaram habituadas com a política de juros elevados, usando parte dos rendimentos para amenizar custos ou consumo. Com a queda dos juros e o endividamento da nova classe média, a paradeira mostrou a sua cara. Com juros menores, reduz-se a atração para os capitais que se valem da especulação de curto prazo.

Estamos vivendo um momento muito delicado; tudo está oscilando, da economia à sociedade; das alterações climáticas ao equilíbrio emocional. Temos de compreender o que viemos fazer neste planeta acolhedor, ao qual temos submetido a todos os tipos de abusos, mas que, como consequência de nossos desatinos, agora está se tornando hostil à vida humana. Para uma época de dificuldades como a nossa, o consumo deveria ser melhor ordenado na direção da sustentabilidade, reduzindo os supérfluos e os desperdícios. A busca de solução para isso não deveria estar na rigidez dos regulamentos, mas sim na conscientização das pessoas de sua responsabilidade.