DIA DO TRABALHO
(01/05/2012)

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Analisando relatório da Organização Internacional do Trabalho, Celso Ming publicou artigo bem apropriado, no dia 1º de maio: A crise global do emprego.

“Há hoje 50 milhões de empregos a menos do que havia em 2007, pouco antes do início da crise global. Pior ainda, a falta de ocupação para a população jovem (de até 25 anos) atinge nada menos que 80% das economias avançadas e 67% dos países em desenvolvimento. Indica que o futuro dessa gente também vai sendo comprometido. O estudo atribui essa situação não à crise em si e ao que veio antes dela, mas ao resultado da aplicação generalizada de duas políticas dizimadoras do emprego: ajuste fiscal excessivo; e flexibilização do mercado de trabalho – regimes a que estão sendo submetidas economias prostradas pelas dívidas”.

Ming lembra um fato significativo, muitas vezes esquecido inclusive pela “divulgação da OIT sobre uma das mais importantes transformações da economia global: a redivisão do mercado de trabalho. Há 20 anos começou o processo que incorpora entre 30 milhões e 40 milhões de asiáticos por ano aos mercados de trabalho e de consumo. Essa gente ou não tinha ocupação ou estava subocupada. Poucos integravam as listas de desempregados – eram simplesmente excluídos. Essa mudança implicou a migração de setores industriais inteiros para a Ásia e demais emergentes à custa do emprego dos países avançados. Esse movimento não pode ser compensado só com políticas keynesianas de elevação de despesas públicas no mundo rico”.

Para os anticapitalistas indignados a culpa seria do capital e dos capitalistas que põem em movimento o processo através do qual o dinheiro é perpetuamente enviado em busca de mais dinheiro, seja na Europa ou na Ásia, como no dizer de David Harvey, em O Enigma do Capital: “A centralização do poder do dinheiro por meio do sistema de crédito tem todos os tipos de implicações para a trajetória do desenvolvimento capitalista, dando a uma classe privilegiada de financistas um poder social imenso em potencial em relação aos proprietários, desenvolvedores, trabalhadores assalariados e consumidores”.

Enfim, estamos diante de uma situação muito crítica e inédita, pois a ciência econômica sente-se desabilitada para propor soluções que restabeleçam o equilíbrio. Cabe lembrar que o equilíbrio a que me referi foi rompido desde longa data, logo que o ser humano afastou-se do sentido da vida, buscando somente receber e aproveitar, pondo de lado o necessário equilíbrio entre o dar e o receber que permeia toda a natureza de onde provém a riqueza real, criando uma luta entre os possuidores e despossuídos.

Tendo a população alcançado 7 bilhões de habitantes, Estado e capital se dão as mãos independentemente do modelo econômico adotado. O planeta se encontra diante de uma acirrada luta econômica pela posse dos recursos naturais e mercados, e sérias preocupações com o difícil futuro que se avizinha, tanto pelo agravamento das condições climáticas e excessivo endividamento dos estados soberanos, que impõem austeridade e precarização do trabalho, como pelo grande volume de capital financeiro ocioso sem oportunidades de investimentos lucrativos, gerando inquietação e incerteza global.

Temos de ficar atentos com a educação, pois as novas gerações não têm sido conduzidas nas trilhas do bom senso e da iniciativa, permanecendo alienadas, aceitando passivamente a condição de meros consumidores que não sabem por que nasceram neste planeta, nem o que deveriam estar fazendo além de tentar aproveitar a vida como podem. Devemos oferecer às novas gerações o necessário preparo para a vida, para a percepção de que viver é evoluir, desenvolver-se como ser humano, adquirir maturidade produzindo os frutos apropriados à sua espécie, contribuindo para a harmonia e o progresso geral. Sem essa percepção os humanos tendem ao embrutecimento e autodestruição.