RUPTURA DO SISTEMA
(03/03/2012)

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Está tomando corpo a percepção de que ultrapassamos todos os limites do planeta e da vida, e isso está trazendo consequências indesejadas; o crescimento econômico não pode mais continuar na mesma direção dada após a Segunda Grande guerra. Estamos diante de uma grande ruptura, previsível, mas ignorada, até atingirmos o limite crítico.

Em 1929 o crack da bolsa americana de Nova York abala o mundo gerando uma crise sem precedentes. Caos e miséria produziram um sofrimento para milhões de pessoas. Nos anos 1930 a Europa foi sacudida pelo lançamento do livro Na Luz da Verdade, de Abdruschin, que faz sérias advertências ao modo de vida adotado pela humanidade, apontando para o caminho que a distanciaria do abismo.Imbuído do sincero desejo de auxiliar, o autor esperava que os seres humanos em geral ansiassem pela busca de algo elevado.A humanidade não deu a devida atenção como seria esperado, pois em sua indolência espiritual, não mais mantinha acesa a chama da busca pela Luz da Verdade para alcançar elevação, felicidade e paz. A celeuma foi enorme; após muitas perseguições, em 1938 Abdruschin foi expulso de sua propriedade que havia sido confiscada pelos nazistas, e preso pelos agentes da Gestapo sob a acusação de que suas palavras traziam inquietação para a população, e que"seu comportamento ameaçava a existência e a segurança do povo e do Estado". Em 01/09/1939 teve início a Segunda Guerra Mundial que perdurou até setembro de 1945; foram seis anos de miséria e sofrimento para a Europa e o mundo.Foi o mais sangrento conflito da história humana.

O sofrimento e destruição causaram profundo abalo na população. No pós-guerra seguiu-se um período de reconstrução. Aos poucos, os sofrimentos foram sendo esquecidos pela população incentivada a consumir mais e mais, como meio de promover o crescimento das finanças e da economia, mesmo que o aumento do consumo representasse o aumento das dívidas a serem pagas com o trabalho futuro. Também não faltaram tentativas de impor um desenvolvimento comandado pelo intervencionismo do Estado que, na maioria das vezes, resultou num suculento feudo para desfrute dos apaniguados do poder, fato que invariavelmente tem ocorrido em ambos os sistemas. O poder é como cachaça, depois que vicia, não dá para largar, por isso os políticos não se aposentam. Hoje vivemos a euforia da primazia do mercado no comando da economia impulsionada pelo aumento do fluxo de bens, capitais e serviços, mas quando as coisas não dão certo, surgindo as crises, o Estado é chamado para assumir a responsabilidade perante a opinião pública.

Agora, com sete bilhões de habitantes e com tendência para chegar a nove em poucas décadas, tudo aponta para uma grande ruptura que imporá a necessidade de reorganização da economia. Oconsumo global já está superando em 30% a capacidade de reposição do planeta. O lastro de dignidade humana também se apresenta erodido pela ausência de uma verdadeira ética moral e espiritual. No campo social está sendo montada uma bomba de insatisfação e descontentamento, gerando o “salve-se quem puder” que já está chiando por alguns pontos. Urge organizar atividades produtivas para as novas gerações para que não decaiam no abandono e desinteresse pela vida.

Após o falhar do modelo intervencionista de gestão econômica, pela incapacidade de promover um progresso real na qualidade humana e de vida da população, agora é a vez do sistema baseado na expansão continuada do consumo de supérfluos, tocado pela propaganda de massa e pelo endividamento descontrolado de pessoas e governos, de expor suas fissuras através do reconhecimento de que estamos próximos da exaustão dos recursos, e que não há empregos para todos. A primeira a sentir na pele esses efeitos é a velha Europa, com o excessivo acúmulo de dívidas e sem perspectivas de gerar receitas e empregos para a sua população.

Enfim, estamos diante da grande crise da humanidade, a qual provocará a ruptura de muitas coisas que ainda dão a impressão de estarem bem firmes, gerando uma situação que exigirá visão aberta e desprendimento para que possa surgir um novo modelo de gestão econômica não só para produzir bens, mas também voltado para o real aprimoramento humano, com paz e felicidade, sem que o controle possa permanecer nas mãos de indivíduos desumanos que só pensam em si e no seu apego ao poder e domínio, esquecendo-se de que não passamos de peregrinos transitórios em busca da evolução integral.