ERRADICAR A POBREZA
(01/02/2012)

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Já podemos falar que realmente a pobreza se instalou nos países periféricos em vista do tríplice aspecto da miséria: a material, a educacional e a espiritual. Mais de três bilhões de pessoas vivem na miséria total: pessoas doentes e desnutridas, moradias precárias sem esgoto, falta de educação e preparo para vida. A miséria avançou devido ao descaso da humanidade com o futuro. Caberia aos governantes impedir a multiplicação da miséria, mas o sistema criado se tornou rígido, voltado para interesses imediatistas na busca de vantagens, com o emprego da astúcia como a consequência lógica da sintonização voltada exclusivamente para o materialismo.

Nisso as religiões também tiveram a sua parcela de responsabilidade ao desenvolver postulados acomodatícios para reter os fiéis em suas fileiras. Como dizia Christopher Hitchens: “a religião envenena tudo”.

Diante do flagrante aumento da miséria muitos órgãos internacionais passaram a debater a questão propondo soluções. No entanto, para erradicar a miséria temos de levar em consideração dois fatores: a importância do esforço individual e a obstrução impeditiva feita por aqueles que, egoisticamente, obstruem a passagem para a mesa sempre posta que a natureza nos oferta.

Encontrar as causas não teria sido difícil, mas preferiu-se a busca de culpados. Os seres humanos deveriam ser fortes, independentes, sem ficar esperando tudo de “mão beijada”. Temos de nos preparar, exercitar a vontade própria, por o querer em ação, estabelecer metas, por-se em movimento.

Muitas teorias foram desenvolvidas sobre as causas da miséria, sem que seus autores se aproximassem da raiz espiritual das dificuldades que se precipitam sobre a humanidade. Precisamos entender o que há por trás de teorias que colocam a culpa da miséria no capitalismo, ou na lógica do mercado que reforça as desigualdades, ou daquelas que, para alcançarmos a riqueza, propõem um desenvolvimento sem limites, fundado no consumismo que transformou a natureza em mercadoria, destruindo o equilíbrio ambiental, o ser humano em mero instrumento de trabalho que não pode parar de consumir, e os Estados em deficitários devedores soberanos.

“O capitalismo, na sua atual forma, já não se encaixa no mundo que nos cerca. Falhamos ao não termos aprendido as lições da crise financeira de 2009. A transformação global é urgente e tem de começar com o restabelecimento de um sentido global de responsabilidade social”, disse o fundador e presidente executivo do fórum econômico mundial, Klaus Schwab, em comunicado na página do evento, na internet.

O problema não está no capitalismo em si. No passado, o modelo adotado nas comunidades era mais humano, pois ligava os habitantes entre si para a produção de alimentos e a transmissão da cultura num modo de viver solidário, integrado à natureza. Esse modelo deveria ter evoluído para formas mais avançadas, mas devido à estagnação espiritual acabou retrocedendo na escala evolutiva. A estagnação espiritual reteve a humanidade acorrentada ao mundo material e seus aspectos restritivos, culminando na aspereza do economicismo financeiro. Aos poucos, a ciência afastou-se do reconhecimento das leis da natureza para ater-se unilateralmente às leis da busca do lucro máximo e valorização do temporário. E deu no que deu, um modo de viver desumano, alienado do sentido da vida, criando-se uma civilização aprisionada ao lucro, à acumulação financeira e de poder de dominação, sem levar em consideração a real evolução humana.

Para que um progresso duradouro seja alcançado, deverá surgir um novo modelo de desenvolvimento que terá de considerar em primeira linha a evolução integral do ser humano nos seus aspectos materiais, éticos e espirituais, sem esquecer que neste planeta acolhedor somos apenas hóspedes em peregrinação e, portanto, temos de reconhecer e respeitar os seus sábios mecanismos naturais de conservação.