DEMORACIA SÁBIA
(02/12/2011)

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Em artigo sobre a nova ordem tecnodemocrática publicado no ESP, Gaudêncio Torquato, disse que é oportuno lembrar que no planeta não há mais brilhantes estrelas da política: “O painel político da humanidade locupleta-se de figurantes sem o glamour de líderes que marcaram presença na História”. Felizmente essa verdade do mundo político não se concretizou no mundo jornalístico, onde ainda encontramos personalidades marcantes dedicadas ao esclarecimento dos intrincados meandros dos bastidores, mostrando o que se esconde por traz das bombásticas informações sensacionalistas que proliferam continuadamente.

A nova ordem tecnodemocrática resultou de um longo processo de enrijecimento, através do qual o ser humano foi perdendo as suas qualidades interiores passando a se valer de forma restrita, tão somente do trabalho de seu raciocínio, portanto árido, voltado exclusivamente para resultados financeiros. Em meio ao sistema travado muitos políticos trataram de favorecer a si mesmos aumentando seu patrimônio pessoal.

Com o aumento do poder de domínio gerado pela acumulação financeira estão desaparecendo estadistas, como no dizer do Professor Gaudêncio, “com a sabedoria e o tino de figuras portentosas como De Gaulle, Churchill e mesmo Margaret Thatcher ou Willy Brandt? As nações dispõem hoje de quadros funcionais de limitado ciclo de vida política. Os conflitos do passado, cujo foco era a geopolítica e a expansão de domínios, cedem lugar às lutas internas contra o dragão que devasta as finanças e corrói os Tesouros”. ( Veja o artigo completo)

Os tecnocratas guindados ao poder não precisam de carisma, sua prioridade não é a de se ocupar com o desemprego ou o aprimoramento da população, mas sim calibrar as engrenagens que garantam o bom funcionamento do mercado financeiro.

Fernando Canzian explicou isso: “Títulos de dívidas de países são, em última instância, o pilar que sustenta o mercado financeiro global. Amaioria dos governos opera no vermelho. Por isso, se financiam no mercado, vendendo papéis a bancos e pagando juros. Os bancos repassam esses títulos a investidores pelos quatro cantos do mundo. Esse arranjo está à beira de um colapso nos 17 países que formam a zona do euro”. ( Veja o artigo completo)

Ademais os oportunistas para obterem ganhos e domínio passaram a fazer apostas no mercado futuro. Apostas sobre o valor do câmbio, sobre a taxa de juros, e outras. Nisso há um vasto leque de perigosas manobras especulativas para baixar ou elevar os preços conforme ditarem seus interesses. Fica fácil de compreender que sendo gigantesco o volume dessas operações, qualquer desvio faz com que as estruturas do mercado financeiro oscilem. Percebe-se que o equilíbrio na manutenção da capacidade de quitação das dívidas assume a prioridade da gestão dos Estados devedores, que na atualidade são a maioria, todos dependentes de financiamentos e refinanciamentos de suas dívidas contraídas em anos de desmandos das finanças públicas. Quando surge a insolvência, caem os governos. No entanto fica a pergunta: se todos já sabiam disso, por que permitiram que a crise da dívida na zona do euro chegasse a essa situação tão crítica?

Para que ocorram transformações nessa situação viciada e viciosa há que haver mudança de sintonia. Há que se compreender o sentido da vida, pois ninguém é eterno, somos todos hóspedes temporários neste planeta que estava pronto muito antes da chegada do ser humano, o qual longe de construir de forma beneficiadora, sacrificou muitas vidas na conquista de bens perecíveis, que ao final têm de ser deixados por terra. Com a mudança de sintonia ao invés da tecnodemocracia poderemos chegar a um estágio mais avançado, a “democracia sábia”, com a aproximação dos sábios na gestão dos Estados, que deverão ter como prioridade a verdadeira evolução da humanidade e a busca do contentamento e da paz.