INDEPENDÊNCIA E EDUCAÇÃO
(14/10/2011)

imagem

Descoberto no ano de 1500 pelos portugueses, o Brasil conquistou sua independência política em 1822 através do empenho da Imperatriz Maria Leopoldina e do discernimento e patriotismo de José Bonifácio. Surgia um novo país que não precisava se preocupar com a educação, pois a maior parcela da população era constituída de escravos e os abastadosestudavam na Europa. A primeira universidade da América do Sul, a Universidade São Marco, foi inaugurada em 1551 em Lima, no Peru. No Brasil, só em 1792 surgiu a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) como a primeira instituição oficial de ensino superior. Passados muitos séculos, ainda permanecemos com a educação em níveis muito baixos, similares ao Paraguai, Bolívia e Equador, e muito distantes do Chile. Estamos fracos na leitura, na escrita e mais ainda na matemática. Cerca de dez por cento da população permanece analfabeta.

Atualmente, o Chile tem se destacado como país de bom nível educacional. Lá, a educação começa desde cedo. A educação infantil atende às crianças entre três mesese 6 anos, dividida em níveis planejados de forma a obter a melhor eficiência no funcionamento das creches e jardins de infância. Dando prioridade para a formação e avaliação dos professores, o Chile tem seus alunos em período integral, currículo organizado e escolas com boa infraestrutura, tendo conquistado os melhores resultados da América Latina em exames internacionais de aprendizagem na educação básica, mas população estudantil se mostra descontente com os resultados.

Os estudantes chilenos estão em greve. É lamentável que no século 21 a humanidade ainda não tenha encontrado meios para solucionar seus impasses de forma pacífica e com equidade, permitindo que as inúmeras cisões e o sempre crescente ódio mútuo conduzam os desentendimentos a extremos de confrontações irreconciliáveis.Os protestos no Chile já duram mais de três meses e levam como principal reivindicação a adoção de uma educação pública, gratuita e de qualidade, sem que se consiga estabelecer um diálogo que possibilite a volta às aulas. É lamentável que o recurso à greve tenha se tornado a forma “democrática” de solucionar conflitos, pois no caso de serviços em geral, quem sofre é a população que fica, por períodos indeterminados, sem a prestação de serviços dos quais depende.

No passado, sem muitas discussões teóricas como se faz agora, dedicadas professoras levavam conhecimentos para crianças que tinham vontade de aprender. Atualmente, os responsáveis não conseguem dar à educação o direcionamento satisfatório. Estamos nos encaminhando para uma nova e terrível forma de escravidão: a da falta de discernimento e bom senso.

Grande parte do problema está na falta de preparo de pais e mestres para superar o desafio, mas os sistemas educacionais se tornaram burocráticos, tendenciosos, afetando a qualidade humana. Para cortar o mal pela raiz teremos de enfrentar com clareza a questão do desajuste familiar e da geração responsável de filhos visando o aprimoramento humano, enquanto isso não for feito, estaremos enxugando gelo com toalhas na educação. Por outro lado, muitos educadores já perceberam o acerto do Chile em proporcionar uma eficiente educação infantil já a partir dos primeiros meses de vida. Essa é uma tarefa colocada nos ombros das prefeituras, mas requer o apoio indispensável do Estado e da União, se efetivamente desejamos educar as novas gerações para consolidar a independência política e econômica do país.