GIORDANO BRUNO, O VISIONÁRIO
(22/01/2006)

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Giordano Bruno nasceu em 1548, em Nola, província de Nápoles, na Campônia, Itália Meridional. Filósofo, astrônomo e matemático, importante pelas suas teorias sobre o universo infinito e a multiplicidade dos sistemas siderais em oposição aos ensinamentos da Igreja.

“Todos os homens têm o direito de levantar a cabeça para o céu, no ponto mais alto onde brilha o sol da Verdade e descobrir que o cosmos é uno, eterno, infinito, e que a Terra é apenas um dos planetas que giram em torno do Sol...A natureza inteira é governada por profunda sabedoria. Linhas invisíveis ligam as pequenas coisas da Terra, como por exemplo o poder dos homens aos astros, aos infinitos mundos que ainda não conhecemos”. Assim se expressou Gian Maria Volonté, no filme italiano dirigido por Giuliano Montaldo, que mostra um Giordano Bruno corajoso e coerente com a sua intuição.

Giordano Bruno esteve bem perto de reconhecer o eterno grande circular universal, bem como a peregrinação do espírito humano em busca da evolução e autoconsciência. Ele acreditava nas sucessivas reencarnações da alma, mas foi perseguido por ter declarado publicamente o reconhecimento de muitos fatos naturais da vida que ocorrem conforme determinam as leis da Criação, e não como as inventadas pelos homens. Apregoava que o universo não contém apenas o nosso sistema, mas um sistema de mundos que nascem e decaem movidos pela Divina força universal. Apesar de seu pioneirismo, alguns o consideraram devasso por levar uma vida desregrada. O longo período que durou o seu julgamento foi marcado por grande sofrimento físico e psíquico, até ser morto na fogueira em 17 de fevereiro do ano de 1600.

A sociedade humana necessita de tipos pioneiros que rompam com o marasmo, que não desprezem a razão, que se sintam donos de seus próprios destinos, que ensinem as pessoas à não viver como gado, que tenham direito a falar o que pensam da vida, que saibam fazer associações das idéias e dos fatos.

Assim como no tempo de Giordano Bruno, que se opunha à visão de vida inculcada na mente dos seres humanos pela coerção, agora vivemos uma situação semelhante, diferindo apenas que os seres humanos não pensam mais por conta própria, tornaram-se presas de pensamentos viciados, agindo como gado, habituados a seguir sempre pela mesma trilha sem se aperceber do que realmente se passa ao seu redor, alheios ao funcionamento automático das leis da Criação que atuam como ondas, elevando os que delas sabem se utilizar, mas arremessando para as profundezas os que delas zombam, agindo contra a vontade do Criador.

Se Giordano Bruno vivesse em nosso tempo, com certeza não morreria queimado numa fogueira, mas logo entraria num processo de “fritura”, isto é, simplesmente não teria espaço, e se insistisse em despertar os humanos para a razão, logo acabaria sendo deportado para alguma região distante, com permissão apenas de ali residir como degredado, como se fosse uma árvore que é retirada de seu solo e, aonde vier a ser replantada, vai aos poucos perdendo a vitalidade.

À medida que o tempo passa, estamos nos aproximando mais e mais dos fracassos provocados pela humanidade, sem que sejam examinadas as verdadeiras causas, pois no mundo desenvolvido, tudo tem sido encoberto sob uma ruidosa aparência de que tudo vai às mil maravilhas. Em entrevista para a Revista Isto É, Gilberto Gil, Ministro da Cultura, mencionou o absolutismo consentido com que trabalha a mídia, que pode tudo, pode dizer, desdizer, manipular, fazer e desfazer sem que contra isso haja reações.

Do jeito como vão as coisas, em pouco tempo será impossível viver normalmente no Planeta. Tudo está congestionado, difícil de resolver, agravado pelo desinteresse das pessoas e pela aceleração do tempo. Ameaçam-nos a fome, a sede, a miséria, a doença, sem que essas ameaças sejam examinadas com serenidade e seriedade pela sociedade humana. De fato estamos diante de fatos desoladores, mas agora os seres humanos deveriam se dedicar ao grande enigma: o que continuamente tem provocado a decadência da humanidade? Qual o mistério, que forças atuam nisso afastando o ser humano do bem?

Giordano Bruno falara que Roma usou a religião para conservar o poder, mas com a fragmentação advinda com a Reforma, os governos passaram a fazer o mesmo. Ele disse que estivera com os reis europeus em busca da paz, mas ao invés da paz, encontrou somente sangue derramado, na França, na Espanha, na Inglaterra e também em Roma onde não foram ouvidos os seus apelos para uma mudança na rigidez dogmática, ajustando-a à realidade da vida.

Torna-se imperioso pesquisarmos o mistério, a origem do mal, onde se esconde o inimigo que empurra os humanos para a discórdia e a miséria desde milênios, desde quando a história é conhecida, uns querendo dominar sobre os outros.

De fato, os humanos são complicados, sempre se agarrando às lantejoulas que distraiam as suas mentes, ao invés de se aprofundarem nos pensamentos que os levem à compreensão da vida. Então, se hoje se tornaram presas fáceis, é porque não deram valor à sua liberdade de examinar e analisar os fatos com a intuição, passando a agir como robôs humanos, incapazes de pensar além daquilo a que foram condicionados continuadamente. Desconhecendo a situação, os seres humanos estão se ferindo por sentimentos, pensamentos, palavras e ações, e com certeza, ainda poderão acabar se destruindo mutuamente, se não efetuarem uma mudança de rumos em busca da vida real.