AS CRUZADAS E A INVOLUÇÃO ESPIRITUAL
(17/05/2005)

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A humanidade precisava urgentemente revitalizar-se com a Luz da Verdade para alcançar evolução espiritual, mas o anseio por ela fora sufocado pelos conceitos humanos que justificavam as suas atrocidades como sendo agradáveis ao Criador. Os seres humanos não se envergonhavam em afirmar que a satisfação de suas cobiças e vaidades, promovendo saques e massacres, era da vontade do Criador. Evidentemente, tamanho absurdo teria que gerar as mais funestas conseqüências para a humanidade.

Após o falecimento dos discípulos de Jesus, surgiu em Roma uma poderosa organização religiosa que foi ampliando a sua área de influência pela Europa. Por outro lado, o legado do Profeta Maomé também insuflou o crescimento do poder dos árabes, que se tornaram dominantes no oriente médio, assumindo o controle de Jerusalém desde o ano 638.

Quando já haviam decorrido mais de mil anos do assassinato de Cristo, Roma lançou extemporaneamente a guerra de libertação da Terra Santa. Assim, nobres e camponeses foram incentivados a aderirem ao movimento sob a promessa de que “quem lutasse contra os infiéis ganharia perdão de todos os pecados e lugar garantido no paraíso”. (Rev. Super Interessante nº. 213).

Os servos camponeses viviam acorrentados às terras. Com o suor do seu trabalho, sem que pudessem agir em defesa própria, sustentavam o luxo e a luxúria dos salões, onde os detentores de posse do solo dissipavam riquezas com ócio e prazeres. Camponeses, nobres, sacerdotes e soldados inflamaram-se com a idéia das Cruzadas. Muita energia e muitas vidas foram mobilizadas, mas espiritualmente a humanidade permaneceu estagnada.

Para Mike Collett-White, no século 21 o novo campo de batalha entre cruzados cristãos e os sarracenos, é o épico “As Cruzadas”, de Ridley Scott que foi elogiado por grupos muçulmanos pelo simpático retrato de Saladino, o comandante curdo dos exércitos muçulmanos. Scott é acusado de ser simpático demais a Saladino e de demonizar os cavaleiros templários, uma poderosa ordem de monges guerreiros. Guy de Lusignan, que com apoio dos templários tornou-se rei de Jerusalém, aparece na clássica figura do supervilão. (Fonte: Agência Reuters).

Originalmente o titulo do filme é “Kingdom of Heaven” (Reino do Paraíso). Balian, o herói do filme, interpretado por Orlando Bloom, se empenha como ser humano, para melhorar as condições de vida das populações, independentemente de sua origem étnica ou religiosa, como se fosse no reino do céu.

Cristãos, judeus e muçulmanos conviviam pacificamente em Jerusalém. Mas, em decorrência das arbitrariedades dos templários, foi surgindo na Palestina um ambiente insustentável para os cristãos. Tomado o santo sepulcro em 1187 pelos sarracenos, liderados pelo sultão Saladino, que estava desgostoso com a prepotência dos templários em Jerusalém, a Igreja mobilizou os nobres que se sensibilizaram para a retomada, entre eles o rei Filipe Augusto da França, o príncipe Ricardo Coração de Leão, da Inglaterra, e Frederico Barbarossa, o amado imperador dos germanos que ainda mantinham algum conhecimento da entealidade através das lendas. Barbarossa exercia grande influência na Europa, e por isso mesmo havia o interesse de que fosse mantido afastado do cenário político. Uma nova cruzada seria uma excelente oportunidade para ocupar os soberanos europeus, afastando-os dos centros de tomada de decisões. (fonte: Écos de Eras Longínquas, Edit. Ordem do Graal na Terra).

De 1095 a 1291, em aproximadamente duzentos anos de guerras, com vitórias e derrotas de ambos os lados, para finalmente o sultão Saladino recuperar o controle de Jerusalém em 1187, sem que tivesse havido o almejado avanço espiritual da humanidade. Restaram apenas tragédias, mortes, e profunda decepção com o comportamento humano, que deveria buscar a paz edificando harmoniosamente. Certamente isso abalou profundamente o sentimento de religiosidade de muitos espíritos humanos que acabaram se tornando descrentes de tudo.

Lamentavelmente, os humanos sempre deram mais valor à constituição de uma potência terrena do que viver e evoluir em paz, esforçando-se para construir na Terra uma cópia do paraíso celestial, onde há a eterna bem-aventurança, pois lá, imperam as leis da Criação. As centenas de anos que os seres humanos passaram guerreando entre si, ao invés de buscarem o reconhecimento da verdadeira Vontade do Criador, que se expressa através de Suas leis cósmicas, acarretaram, para o Planeta Terra, a atual desoladora situação de miséria e dores, destruição do habitat, e a trágica involução humana, o oposto daquilo que era desejado quando o Criador pronunciou “Faça-se a Luz”, permitindo com o Seu incomensurável Amor, o surgimento da vida.