KRISHNA, O HERÓI INDIANO
(20/02/2005)

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Vivemos numa época de profundas transformações. Uma angústia indefinida perpassa pelos corações. Diante do quadro de tantas tragédias, doenças e miséria, a desalentada maioria dos seres humanos se pergunta: como o Criador pode permitir tanta desgraça? A pergunta é, em si, uma insolência, pois, para a Luz, o sofrimento é algo estranho, que existe apenas na materialidade, em decorrência do próprio falhar humano.

Desde longas eras foi observado pela Luz o desencaminhamento da humanidade. Para auxiliar os seres humanos, foram enviados à Terra, com inconcebível bondade, espíritos altamente fortalecidos em sua fidelidade à Luz, como Krishna, Zoroaster, Lao-Tse, Buddha e Maomé. Contudo, o grande esforço empregado por esses preparadores do caminho da Luz, acabou sendo desfigurado no decorrer dos tempos, inclusive a descrição de suas vidas terrenas. A crença se tem transformado em ilusão, sem a verdadeira vida, incapaz de conduzir a humanidade ao real progresso, a um mundo de paz e alegria.

O viver na Terra foi sendo separado do além, do antes e do depois. O espírito ficou afastado da restrita vida terrena em seu acanhado ciclo do nascer, crescer e trabalhar, no aguardo do inevitável fim. Ignorando as leis Divinas, os seres humanos produziram confusão perturbadora, por não conhecê-las, o que deveria ser seu sagrado dever. Observar e respeitar as leis da Criação significa conhecê-la, bem como às criaturas e a finalidade de suas vidas. Os seres humanos têm que por em evidência a vida que Deus lhes deu de presente, afastando a indolência, tornando-se conscientes.

“Ao invés disso, o ser humano zombou e escarneceu dos mensageiros, os quais podiam mostrar-vos o reconhecimento. No entanto, não se consegue nenhum prêmio sem esforço, isso seria contrário à lei do movimento contínuo na Criação, o que faz parte da conservação e da ampliação. Movimento do espírito e do corpo. Tudo o que não se movimenta, ou se movimenta errado, é expelido, porque só causa distúrbios na vibrante harmonia da Criação; é expulso como partícula doente, que não quer se mover junto ritmicamente.” (Mensagem do Graal, Abdruschin, Vol. 3, O Temperamento).

Atualmente as religiões estão aguardando a vinda de um grande líder. Os Judeus aguardam o Messias, os Cristãos aguardam o prometido Filho do Homem, supondo que ele, e Jesus Cristo, sejam uma só pessoa. Os Budistas aguardam o Buddha, e os Hinduítas aguardam a volta de Krishna. Mas os preparadores do caminho da Luz, anunciaram para toda a humanidade, a vinda do Filho do Homem, pois isso fazia parte de sua missão auxiliadora.

Tomemos Krishna. Sita, qual uma pura flor-de-lótus, vivia nas límpidas e belas montanhas como rainha em um pequeno mas luminoso reino, cuja toda a atividade era uma prece de agradecimento. Ela deu à luz um espírito que deveria ser chamado Krishna, o qual deveria ser um guia para os desencaminhados seres humanos, desfazendo as teias em que se emaranhou a humanidade em geral. Os ensinamentos de Krishna retiraram o povo da temerosa dominação dos deuses, passando a servir ao Único Poderoso Senhor de Todos os Mundos. O povo deixou de fazer sacrifícios, passando a orar e trabalhar. Surgiu uma pura e nobre casta que subsistiu através de milênios através do puro saber sobre Deus. Krisna pressentia que, apesar de tudo, o mal se alastraria terrivelmente pelo planeta, mas haveria aqueles nos quais o anseio pelas Alturas Luminosas permaneceria. (Ecos de Eras Longínquas, Edit. Ordem do Graal na Terra).

Sua missão era levar Luz do Saber ao mundo das dores. O jovem tinha em seu coração a vontade pura de livrar os seres humanos de todas as ligações turvas. Ele era um servo do Criador no Santo Graal. Ficou muito entristecido ao visualizar a situação sombria da humanidade, que celebrava suas orações em meio a orgias selvagens e sacrifícios sangrentos, fazia guerras, roubos, assassínios. Dominada por paixões, vivendo sem paz, enredando-se na tecedura maléfica do seu proceder e querer, a humanidade caminhava para o abismo.

Krishna queria indicar, aos seres humanos, todos os tesouros que lhe proporcionavam alegria, afastando o medo, solidão, penúria e aflição, mostrando-lhes a pulsante vida do Amor de Deus em cada pedra, em cada planta, e em cada gota de orvalho. O mundo poderia renovar-se se as criaturas humanas buscassem a força da Luz para suas vidas obscuras e tristes.

Muitas coisas erradas foram imaginadas sobre a sua estadia na Terra. Existem algumas teorias que associam Krishna a Jesus, pois ele também foi alvo do assédio e perseguições dos representantes da casta religiosa, visto lhes abalar fortemente a influência. Porém há uma grande diferença entre eles. Krishna é Servo do Graal, e Jesus, o Filho de Deus. Krishna trouxe, através de seus ensinamentos, a Luz do Saber. Ambos tinham como alvo indicar aos seres humanos o caminho para o céu, a salvação do espírito. Jesus, porém, trouxe para a obscurecida Terra, a própria Luz da qual ele era portador, sem a qual a humanidade já teria se autodestruído.

O céu é o paraíso, os jardins luminosos da eterna bem aventurança e das alegres atividades construtivas. O Divino situa-se bem acima. Para retornar ao paraíso o ser humano precisa alcançar a plena conscientização, isto é, saber de si e da Criação. Até agora poucos foram os seres humanos que se decidiram a isso. A maioria tem permanecido presa à materialidade, indo e vindo sucessivamente, sem conseguir elevar-se aos páramos luminosos.