GLOBALIZAÇÃO E CISÕES
(17/10/2004)

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“Atualmente, muitos dos países mais pobres do mundo vêm gastando mais para pagar antigos empréstimos do que para promover os serviços humanos básicos. O resultado é um irreversível círculo decadente, de pobreza e desespero, cada vez mais acentuado.”(Jeremy Rifkin, A Economia do Hidrogênio, 2002)

O México foi um dos primeiros países a enfrentar, em 1995, a nova rodada da crise do endividamento. O filme Chamas da Vingança, (Man on Fire), dá bem a idéia da decadência humana que é dupla, é material, num cenário de miséria e embrutecimento, mas também é espiritual, como causa anterior do declínio dos seres humanos. Através de uma onda de seqüestros de crianças na Cidade do México, é mostrada a perturbadora realidade econômica e social, fazendo com que muitos de seus cidadãos mais ricos contratem guarda-costas para seus filhos.

John Creasy (Denzel Washington) é um desmotivado ex-agente da CIA, que é levado à Cidade do México por seu amigo Rayburn (Christopher Walken). Sem emprego, ele aceita a proposta de ser guarda-costas da pequena Pita (Dakota Fanning), uma garota de 9 anos que é filha de um industrial (Marc Anthony).

Em seu embrutecimento os seres humanos deixaram de viver “com”, passando a viver contra tudo e contra todos, inclusive contra o meio ambiente do qual fazem parte e do qual dependem para sua sobrevivência e de seus descendentes. Nem as igrejas se conservaram no caminho da salvação e soerguimento dos seres humanos. Para Laurence Gardner, no livro A Linhagem do Santo Graal, “com o passar dos séculos, uma contínua conspiração governamental e da Igreja tem prevalecido acima do legado messiânico. Essa tendência aumentou quando a Roma Imperial desviou o curso do cristianismo para servir a um ideal alternativo, e continua até o presente.”

Jesus veio trazer uma Mensagem de paz, orientando aos seres humanos como deveriam agir na vida material de forma que tudo que fizessem pudesse conter algo de espiritual e assim ser duradouro e benéfico. Mas os seres humanos formaram as suas próprias interpretações de acordo com suas conveniências. Assim surgiram muitas cisões religiosas que perduram até nossos dias. O antagonismo entre aqueles que defendem a globalização e os que a detratam é apenas mais uma manifestação de antigas cisões e de embates pelo poder, como se não tivéssemos responsabilidade pela crescente miséria, aumento da inveja, cobiça, ódios e medos, enfim pela falta de paz e contentamento que permeiam a vida no século 21. Erros das interpretações humanas, não da Mensagem de Jesus que se tornou desconhecida para a humanidade que só consegue enxergar o que é material e transitório, mas nem por isso consegue escapar das conseqüências do seu modo de agir.

Atualmente necessitamos cultivar um bom ambiente em casa com aqueles que nos são queridos, e quando sairmos estarmos preparados para algum dissabor, enfrentando-o com coragem e perseverança sem nos deixarmos abater pelos aborrecimentos e asperezas que vamos encontrando pelo caminho. Na rua ou no trabalho temos que cultivar a harmonia das pequenas coisas bem resolvidas com capricho, extirpando as raízes nocivas deixadas pelos fatos desagradáveis.

O Prof. Zocca, em seu livro “Tênis em 30 minutos”, ensina a viver melhor. Para o professor de tênis, “viver é um exercício de convivência, em primeiro lugar com nós mesmos, para aprendermos a nos conhecer melhor e agirmos com honestidade com nossos sentimentos. E, depois, com outras pessoas para, então, sentirmos como é bom contarmos uns com os outros e fazermos de nossas dificuldades um trampolim para alcançarmos o sucesso pessoal e profissional.” Ele concluiu que para um bom resultado na vida assim como no tênis, todos deveremos jogar com, e não contra o parceiro. “Para eu chegar à essa conclusão não foi muito difícil, pois esse perfil de ser com e não contra alguém já fazia parte do meu dia-a-dia”.

Através da leitura ampliamos a nossa visão do mundo. Mas em meio ao declínio geral as pessoas deixaram de ler. “É pela leitura que a pessoa se prepara para pensar, compreende melhor o mundo e se torna apta para a solução de problemas”. (Claudia Costin, Secretária da Cultura do Estado de São Paulo, FSP 7.10.04). A Secretária fez uma análise profunda sobre o significado da leitura em nosso país de baixíssimoíndice de desenvolvimento humano. Segundo ela, “só pela leitura conseguiremos realmente fazer de cada brasileiro um cidadão capaz de pensar e construir um futuro em que desenvolvimento pressuponha inclusão social”.

O atual sistema das escolas públicas de promoção automática para o ano letivo seguinte deve ter as suas vantagens, mas os estudantes deveriam, a partir da 4ª. Série, ter como estímulo ao seu aprimoramento pessoal, a obrigação de ler pelo menos um livro, escolhido entre os selecionados pelos professores.

Para que a vida humana adquira valor real é indispensável o anseio por algo mais elevado, pelo aperfeiçoamento da alma. Para haver paz e progresso os seres humanos deverão construir com base nas leis vivas da Criação, reunificando o material grosseiro com o espiritual mais nobre, indevidamente separados como se fossem dois mundos desconectados. Mas tudo está interligado, e da atuação humana, isto é, mediante os pensamentos, modo de falar e ações, as leis da Criação tecem como conseqüência, o destino da humanidade.

“Abençoada seja, portanto, a hora em que os pensamentos de amor puro adquirirem novamente um lugar de predomínio entre a humanidade, para que assim se formem fortes centrais de igual espécie no mundo das formas de pensamentos, podendo receber reforços das esferas mais luminosas e com isso não apenas propiciar fortalecimento aos que almejam o bem, mas também atuar lentamente, de modo purificador, sobre os ânimos mais escurecidos.”(Na Luz da Verdade, de Abdruschin, dissertação Formas de Pensamentos).