CHE GUEVARA
(18/06/2004)

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“Sois Incas! Pastores e senhores na Criação!
Sempre vencereis pela força de vossos espíritos puros, onde quer que os seres humanos
das trevas queiram vos oprimir e prejudicar. Porem, nunca devereis ficar desanimados e
medrosos! Mas inteligentes, corajosos e verdadeiros! O espírito convicto de sua missão
contém uma força que penetra as trevas, trazendo à luz as maquinações dos maus.”
(Roselis Von Sass, A Verdade Sobre os Incas)

Nos anos cinqüenta, muitos jovens na faixa etária dos vinte anos eram sonhadores, cheios de alegre esperança, querendo melhorar o mundo, mas quando olhavam a sua volta viam muita miséria e falta de justiça, sem saberem exatamente qual a causa. Também o jovem Ernesto Guevara, com sua apurada sensibilidade e generoso coração, se condoia ao ver o sofrimento alheio, indignando-se com as conseqüências da atuação dos chamados civilizados conquistadores da América Latina, que trouxeram vícios e doenças até então desconhecidos.

“As viagens pela América Latina me fizeram conhecer a miséria, a fome, a impossibilidade de tratar das crianças por falta de recursos, o embrutecimento causado pela injustiça e pelo sofrimento. Vi coisas que acabaram por me parecer tão importantes quanto o empenho em me tornar um pesquisador famoso.” (E.G., Outra Vez, Ediouro, 2003).

Guevara era admirado por muitos jovens de sua época, como um líder e modelo a ser seguido, pois queria trazer libertação ao jugo que os nativos eram submetidos desde a chegada dos conquistadores.

Em seu diário de viagem (Sá Editora), escreveu: “mesmo hoje, quando o ódio bestial dos conquistadores pode ser visto em cada ato por eles tomados para consolidar a conquista, e passado tanto tempo desde que o povo inca desapareceu como potência dominante, seus blocos de pedra ainda estão impregnados com uma força misteriosa, intocada pela passagem do tempo. Quando as tropas espanholas saquearam a cidade derrotada, descarregaram a sua fúria sobre os templos incas, juntando à sua avidez pelo ouro que adornava as paredes com representações de Inti, o deus Sol, um prazer sádico em substituir símbolos cheios de vida e alegria de um povo triste, peloídolo cheio de sofrimento de um povo alegre. Os templos dedicados a Inti foram arrasados por completo ou tiveram as suas paredes usadas para construir igreja de uma nova religião. A catedral da cidade foi construída no que restou de um grande palácio, enquanto as paredes do Templo do Sol serviram como base para a Igreja São Domingo, uma lição e um castigo do conquistador orgulhoso.”

Em Machu Picchu, que na língua local significa, velha montanha, ficou extremamente impressionado com a grandeza da cultura e moral do povo Inca, era como se estivesse voltando a um local já conhecido. Como tudo teria sido diferente se a cultura inca não tivesse sido trocada pela do conquistador, pensava ele em sua viagem. Então, Guevara se deixou dominar pela furiosa revolta que brotava em seuíntimo ao se deparar, durante sua viagem, com a exploração dos nativos, seja pelos latifundiários ou mineradoras, que tratavam aqueles seres humanos como objetos descartáveis sem a mínima consideração. Ele queria pegar em armas para resgatar um povo que se perdera em meio ao misticismo, e as confusas orientações missionárias.

Contudo ele teria que perceber que esse povo sofrido se deixou submeter à escravidão devido a sua indolência espiritual, pois o legado deixado pelos Incas era muito superior, e não poderia ter sido relegado ao esquecimento pelos nativos. Muitos morreram ante a brutalidade dos conquistadores, simplesmente porque não podiam aceitar os distorcidos conceitos trazidos pelo cristianismo europeu. Seus espíritos ativos não se submeteram aos ensinamentos dogmáticos que a sua pura intuição não podia reconhecer.

Segundo Roselis Von Sass, no livro A Verdade sobre os Incas, os Incas constituíam uma estirpe de líderes. Isto já o próprio nome expressa. Pois “Inca” significa “senhor”, isto é, uma pessoa com consciência do poder. O poder outorgado aos Incas originou-se de seu elevado saber espiritual, de seu amor pela Luz e por todas as criaturas, de sua confiança, de sua alegria de trabalhar e de sua pureza... Eles superavam os outros médicos, não por causa de suas sensacionais operações cranianas ou por causa da cura de outras complicadas fraturas. Não. Não por causa disso. Isso também os egípcios fizeram e antes deles médicos de povos desconhecidos e há muito desaparecidos. Os Incas tornaram-se famosos por causa do dom de reconhecer e curar doenças da alma. Isso não aconteceu, naturalmente, nos primeiros tempos. Naquela época ainda não conheciam os males causados por doenças anímicas. Esses males eles somente conheceram pouco a pouco, no convício com pessoas de outros povos. Com povos que mais tarde se uniram a eles.

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Guevara se foi deixando levar pelo seu lado obscuro, sem uma busca pela Luz da Verdade que outrora brilhou sobre a civilização Inca. Com a sua opção pela violência não trouxe melhoras para o povo a quem ele muito poderia ter auxiliado com o seu carisma e dedicação, caminhando ele mesmo para uma morte violenta. Talvez tivesse sido um Inca ao tempo da conquista, ou mesmo um soldado ou padre espanhol. Mas nesta encarnação acabou seguindo por tortuosos caminhos.

Irônico como muitos filmes feitos na América do Sul, mostram para os povos desenvolvidos, um povo derrotado, embrutecido, sem preparo para a vida, desnutrido, com saúde precária, sem que percebam que essa é a civilização que eles mesmos ajudaram a construir do lado de cá.

O tempo é inexorável e mostra nitidamente o quanto se perde com a presunção humana ou quanto se adquire com a verdadeira humildade espiritual que reconhece a perfeição e grandeza das leis de Deus na Criação. É forçoso reconhecer que os sofrimentos e misérias foram atraídos para o mundo pelos próprios seres humanos através de seu vivenciar, nas múltiplas existências distanciadas da busca e do reconhecimento das leis da Criação, guiando-se exclusivamente pela sua presunção intelectiva que escraviza a livre vontade, o que os afasta da segurança, da paz e da felicidade.