JUROS, ENDIVIDAMENTO E MISÉRIAS
(14/06/2004)

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Indispensável aos seres humanos perceberem a necessidade de manterem o equilíbrio em todas as suas atividades. Trabalho, lazer, educação, saúde, orçamento, tudo. Infelizmente o desequilíbrio tem sido a nota dominante. Assim, quando uma pessoa está endividada, ela tem que “apertar o cinto para poder por as contas em dia, cortando o que é supérfluo para pagar as contas. Se a situação estiver muito difícil, alguns chegam a reduzir até o essencial. Mas não devem fazer como o sujeito que deixou de comprar pão e leite, para comprar cigarros. O ideal seria que a necessidade de endividar-se fosse suprimida através de uma forma de viver equilibrada.

Nas empresas endividadas o rolo compressor também atua severamente, posto que sobre as dividas incidem juros e se não houver uma significativa redução, as dividas aumentam como bola de neve. Com uma boa gestão em geral as dividas são reduzidas e a empresa pode respirar aliviada, se não, ela quebra.

Já nos países é diferente, pois as dívidas assumidas por um governo despreocupado com o futuro, vão passando para os que vierem após. Os governantes mudam, mas a população fica com o ônus das dívidas.

E, para saldá-las, inventam-se planos visando cortar os gastos do governo e aumentar os impostos; reduzir o consumo interno para que caiam as importações e aumentem as exportações. A riqueza vai embora, a dívida perpetua-se. Os economistas sempre apresentam suas teorias, os anos passam e a penúria fica com a população. A qualidade humana decai, na saúde, educação, moradias. Ninguém assume a responsabilidade pelo aumento da dívida e dos gastos com juros, mas a população sente na carne. O aumento da violência urbana se torna nitidamente visível.

Num futuro não muito distante certamente os economistas mais evoluídos olharão com incredulidade para a situação de como essas dívidas foram constituídas e os respectivos procedimentos para o resgate. Perceberão que os países dependentes deveriam ter recebido apoio e orientação dos países desenvolvidos para progredir, mas após a segunda grande guerra, as grandes potências se deixaram dominar pela cobiça, promovendo a estagnação do desenvolvimento dessas populações em beneficio próprio, provocando a mais monstruosa miséria humana jamais vista no planeta.

A revista Carta Capital de 5 de maio passado, apresentou excelente matéria sobre o dinheiro em nosso mundo. “Considerando o fluxo de bens e serviços atualmente, há muito mais saindo dos paises em desenvolvimento do que entrando...os países em desenvolvimento, apesar de receber recursos externos, enviam uma quantia ainda maior ao exterior, devido a pagamentos de juros sobre dívidas passadas, remessas de lucros a empresas multinacionais e pagamentos de direitos de propriedade intelectual...além disso expandiram as exportações nos últimos anos...Isso simplesmente significa que esses países estão exportando capital para o exterior, transferindo recursos, de maneira geral, para os paises desenvolvidos...”

Em suas restrições intelectivas os seres humanos estão divididos. O saber da realidade espiritual da vida os teria mantido unidos, caminhando juntos na direção do verdadeiro progresso, mas sempre preferiam dar força ao próprio ego do que reconhecer que a verdadeira vida é a espiritual, da qual a existência terrena é apenas uma etapa. Assim, acusam-se mutuamente buscando um culpado, seja no regime capitalista, que exacerba a importância do lucro, na religião, que procura manter cativos os seus adeptos, não lhes permitindo uma séria busca da luz da verdade, ou nos sistemas governamentais que permitem aos seus funcionários, abusos do poder em beneficio próprio. Mas no fundo de tudo isso está o próprio ser humano com sua egoística sintonização e sua ignorância sobre as leis espirituais da Criação.

Presentemente estamos diante de uma provável mudança na política americana de juros, como ocorreu em 1994, empurrando o México para o buraco. Hoje porém a situação é muito pior. Não há a no coração das novas gerações a esperança de um futuro melhor. Há uma grande estagnação e o desemprego é brutal. A nova crise certamente jogará os paises pobres num profundo abismo, fazendo-os retrocederem ao século XIX.

Assim como as famílias e as empresas preocupam-se seriamente com o trato das dívidas, também os governantes deveriam assumir, prioritariamente, uma atitude sincera voltada para o desenvolvimento humano de suas populações, o que somente será factível com a libertação espiritual decorrente do saber das leis da Criação.