CIVILIZAÇÃO OCIDENTAL
(01/03/2004)

Qual o futuro da chamada civilização ocidental? Na aspereza da vida moderna não há espaço para sonhar. Sente-se que há um vazio, e a ameaça de que o futuro venha a ser preenchido com violência e desordem.

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Os seres humanos enveredaram por uma estrada obscura com o seu procedimento imediatista, visando apenas satisfazer desejos egoísticos procedentes de uma vontade tecida pelo instinto de preservação, e pela astúcia intelectiva voltada para o puramente material.

Arquitetou-se uma moral de fachada sem que houvesse um firme alicerce para garantir perenidade. A moral de aparências desgastou-se, e hoje o ser humano tudo se permite, num descomunal rebaixamento de sua espécie diferenciada, dotada de intuição e raciocínio. Tudo se desfaz, tudo decai, da filosofia à literatura, do filme a música. É a arte acompanhando o rebaixamento moral da humanidade, pois a intuição foi enfraquecida e bloqueada. As formas mais nobres cederam lugar às formas rebaixadas e degradadas desde que tudo ficou sob o domínio do sentimento contaminado.

O perecimento poderia ser previsto facilmente, pois em tudo faltava a autenticidade. Tudo foi envolvido pelo desejo egocêntrico de alcançar primeiro a satisfação própria, deixando para plano secundário a busca do real sentido da vida, do aprimoramento humano como meta primordial.

O nascimento do ser humano pode ser comparado a uma semente plantada. Se o solo for bom, e houverem as condições apropriadas, as capacitações da semente se tornarão realidade e ela produzirá os seus melhores frutos. O ser humano deveria nascer e viver num ambiente que lhe propiciasse o desabrochar das capacitações inerentes ao espiritual, mas ao invés disso, muita escoria foi aderida de tal forma que as melhores capacitações ficaram soterradas, impedidas de se materializarem, posto que a base da civilização foi solidificada pelos ensinamentos das igrejas dominadas por homens que tinham objetivos próprios, e por vezes, até em oposição aos ensinamentos de Cristo. Então, quando se diz que a civilização ocidental foi acentada sobre a cristandade, é indispensável refletir o que isso significa exatamente, pois os ensinamentos originais de Jesus visavam a harmonia e a paz.

Porém, atualmente nada mais é sagrado. Tudo é permitido. Seja mentir, trair, roubar, violentar, matar. Para o cineasta Denys Arcand, “a civilização ocidental que se iniciou na Renascença e da qual os Estados Unidos são o produto mais ilustrativo, está de fato chegando ao fim.”(Veja 4/fev./2004)

No mundo moderno as pessoas estão achando que a vida está se tornando rotineira e monótona. Assim, vão perdendo a motivação, desinteressando-se de tudo, atuando mecanicamente em função da pressão psico-social. Está faltando motivação de alto nível, única capaz de produzir resultados de alto nível. Os mais jovens procuram por uma “adrenalina”, seja nos esportes radicais ou na prática de contravenções.

Conseqüentemente, isso significa que o ser humano não desenvolveu a sua consciência espiritual, restringindo-se de forma crescente às imposições de sua consciência diurna, dominada pelo cérebro do raciocínio que funciona de forma mecânica. Ora, um cérebro nessas condições desfruta de ampla liberdade para se ir liberando de normas disciplinadoras que lhe foram impostas de fora, a menos que ele seja manipulado e condicionado, então fica restrito aos condicionamentos que atuam de conformidade com a mecânica cerebral. Isso não elimina a possibilidade de romper o condicionamento, mas terá de enfrentar uma situação de conflitoíntimo.

Para Joseph Campbell a questão humana tem muito a ver com a jornada espiritual. “O problema em nossa sociedade e de nossas escolas é incutir, sem exagerar, a noção de educação – do latim educere – para conduzir, fazer aflorar o que há de melhor numa pessoa, em vez de meramente doutriná-la. Espiritualmente, portanto, todos devemos buscar o Graal, entretanto naquela parte da floresta onde ninguém cortou um caminho antes.” (Tu és Isso, Joseph Campbell, Edit. Madras).

Ora, procurar o Graal, é muito mais do que nos indica a lenda, contudo ela revela que ficou faltando algo aos seres humanos, um conhecimento perdido em algum lugar, em alguma época, em meio à floresta densa, no cipoal das falsas concepções. E, partindo daí, corre-se o risco de caminhar em circulo, sem contudo alcançarêxito na busca, pois não bastam as capacitações do raciocínio para a busca da verdade espiritual, são indispensáveis as capacitações da intuição que não podem se desenvolver quando circunscritas aos preceitos dogmáticos criados pelo raciocínio humano.

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Na Mensagem do Graal, de Abdruschin, são dados amplos esclarecimentos para a aproximação da verdade sobre “o Santo Graal, que não deve ser entendido como o cálice de que Jesus se serviu quando da última ceia junto com os discípulos, e no qual foi recolhido seu sangue na cruz. Esse cálice é uma recordação sagrada da sublime obra salvadora do Filho de Deus, mas não é o Santo Graal, para cujo louvor os poetas das lendas foram agraciados. Essas obras poéticas foram erradamente interpretadas pela humanidade.” Urge que a humanidade busque pela sabedoria proveniente do Graal, examinando a riqueza de seu conteúdo espiritual.

Dever da humanidade desenvolver uma civilização na qual a convivência em harmonia, e a evolução em alegres atividades, produzam a civilização perene para o que, o ser humano dispõe de amplas capacitações, bastando desenvolvê-las e aplicá-las beneficamente.