Atualmente, as pessoas se encontram extremamente sobrecarregadas de tensões. Raramente irradiam de forma beneficiadora. Sua aura sinaliza desajustamentos, temores e fragilidades. Em cada contato estamos sujeitos a receber irradiações negativas, pois as pessoas raramente exteriorizam o seu querer interior. Temos que estar conscientes disso não se deixando abater, pois, muito freqüentemente a tristeza e o descontentamento batem a nossa porta, sem que saibamos exatamente a sua origem. Temos que estar preparados para bloquear a sua entrada para que a nossa disposição de viver alegremente não seja enfraquecida.
Em seu sentimento de abandono, a depressão ameaça tomar conta das pessoas. O desinteresse e a falta de motivação são dominantes. Por que isso está ocorrendo justamente quando a tecnologia está colocando a disposição muitos produtos e facilidades para a vida moderna?
Para o guru Tom Peters estamos passando por um momento em que nada é previsível. Escolha uma área qualquer da vida, e o que se encontra é incerteza. Seja no que diz respeito à segurança nacional e à vida das empresas, seja no encaminhamento das carreiras individuais. Ninguém mais está seguro de nada. (Veja 17.dez.03).
O Planeta foi ofertado a humanidade para que construísse o lar dos seres humanos. Contudo, apesar da exuberância da natureza, a vida humana se tem transformado numa verdadeira luta pela sobrevivência. A segurança material se tornou difícil passando a ser um requisito básico instabilizando a vida, destruindo as conexões humanas. A satisfação das necessidades materiais se tornou a grande prioridade, num período de grandes transformações que atingem o Planeta de forma incisiva.
Contudo, as necessidades humanas vão alem da alimentação, vestimentas, moradia e lazer. Isto é, além das necessidades materiais, existem as finalidades de evolução espiritual inerentes ao ser humano, e que, quando não atendidas, provocam um inconsciente estado de inquietação que não se deixa aplacar por nenhuma conquista material.
Assim a sintonização humana, voltada exclusivamente para o atendimento das necessidades materiais e para a ostentação, tem levado muitos a buscarem, compulsivamente, um lenitivo na aquisição de bens materiais, no que são insuflados pelo comercialismo predominante na atividade humana, que se esforça em fortalecer a idéia de que a felicidade é diretamente proporcional aos bens adquiridos.
Então, quando alguns começam a esboçar alguma reação analisando o sentido da vida, percebendo que o simples aumento das aquisições não se traduz num aumento da paz interior e da felicidade, entra a mídia, promovendo um aumento da desconectividade entre os seres humanos, trabalhando de forma tal que acaba provocando um aumento do isolamento e da insatisfação, pois as pessoas insatisfeitas são consumidores em potencial, bastando que a sua mente seja direcionada para buscar um refugio através do consumo.
Segundo avaliação do professor Michel Carley, da Universidade Heriot-Watt, Escócia, “a insatisfação das pessoas é cultivada pelo mercado. Essas condições têm de ser mantidas, ou o mercado não sobreviveria. Trabalhamos mais horas e produzimos mais. Esses produtos têm de ser vendidos. Estamos presos na armadilha do consumo compulsivo que não traz satisfação.” (FSP. 07.dez.03).
Para isso a mídia divulga incessantemente as piores e mais estapafúrdias notícias, de tal forma que penetram noíntimo do indivíduo produzindo uma insatisfação nem sempre consciente. E, junto com a insatisfação e descontentamento, muito medo também é gerado através da apresentação de mortes violentas, injustiças e truculência.
Mas não apenas a mídia impressa ou eletrônica, através dos noticiários e programas que retratam o mundo cão, os filmes também estão oferecendo elevada dose de insatisfação e medo, de forma evidente ou subliminar, aquela que vem embutida no contexto do enredo ou através de imagens dúbias, sem que isso esteja facilmente perceptível.
A indústria cinematográfica deveria fazer uma reflexão sobre a duvidosa qualidade do conteúdo que está sendo oferecido à população. Positivamente isso não é o entretenimento almejado e muitas pessoas já estão fugindo das salas de projeção. Com freqüência, personagens inseguros e instáveis atuando num clima depressivo de solidão e abandono, dão vazão à forte tensão e desespero.
As pessoas ficam assustadas e passam a agir com inquietação e mau humor e muita insatisfação passando a reclamar de tudo e de todos, sem se aperceberem do maravilhoso mundo em que vivem, e de como é importante uma convivência humana pautada pelas conexões pautadas pelo verdadeiro amor.
Enquanto os seres humanos não quiserem entender que as necessidades da alma, que provocam esse inconsciente anseio por algo desconhecido, jamais poderão ser atendidas com a aquisição de bens, a depressão será crescente e o desinteresse pela vida também.
Imprescindível prestarmos atenção em nossa vontade interior, desenvolvendo projetos em função dela, pondo o cérebro e o corpo a trabalhar duro na realização. Uma pessoa sem vontade interior, desinteressada da vida, deixa que o seu cérebro caminhe a esmo sem objetivo atraindo desordens e depressão.
A vida não deveria se constituir desse amontoado de desgraças provocadas pelos erros humanos, e que a mídia se esmera em exibir. Existem muitos gestos de amor e dedicação que passam desapercebidos, pois as pessoas se acostumaram a essa exposição aos fatos desagradáveis e hediondos, sem perceberem que isso resulta da ausência da verdadeira evolução humana, aquela que tendo alcançado o atendimento das necessidades materiais, prosseguisse perseverantemente em busca do real significado da vida.