CIVILIZAÇÃO PLANETÁRIA HUMANA
(08/01/2003)

O advento do Ano Novo sempre nos oferece uma excelente oportunidade para refletirmos sobre a vida e o seu significado. Por que estamos contando 2003 anos, e antes o que havia? Quantos milênios já se passaram sem que a história os tivesse registrado? Houve um começo? Como, quando, por que? São indagações que ser humano desperto deveria fazer com toda a seriedade.

Na Mensagem do Graal, Abdruschin esclarece que tudo começou graças ao Amor Divino, permitindo que as centelhas espirituais pudessem adquirir individualidade e autoconsciência, oferecendo o Planeta Terra como o indispensável lar na materialidade: “Somente quando Deus, em Sua Vontade, emitiu a grande expressão: Faça-se a Luz! As irradiações se lançaram além do limite até então desejado, para o espaço sem luz, trazendo movimento e calor. E assim se iniciou a Criação que gerando o espírito humano, pôde tornar-se sua Pátria.” (Vol. 2, pg. 433).

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Milhões de anos se passaram até que estivesse preparado o receptáculo para o espírito humano atuar na matéria grosseira para que, através de sucessivas encarnações, o ser humano alcançasse a evolução para que pudesse retornar de forma consciente à pátria espiritual, o paraíso das atividades eternamente jubilosas.

A evolução humana deveria conduzir o espírito ao reconhecimento do poderoso Senhor de Todos os Mundos e Suas leis perfeitas e imutáveis e assim dar prosseguimento à sua jornada como espírito desperto e ativo. Mas os seres humanos se acorrentaram à matéria que os reteve impedindo a sua elevação. A indolência espiritual se alastrou pelo Planeta. Ao invés de evoluir, os seres humanos se deixaram embrutecer.

Submetidos a pesados sofrimentos no Egito, o povo judeu adiantou-se em sua capacidade de assimilação, em relação aos outros povos, alcançando a percepção do Poderoso Senhor de Todos os Mundos, abrindo-se para a recepção de conhecimentos mais elevados.

Assim o Messias teria de nascer entre os judeus para através deles, transmitir aos seres humanos o saber da Criação. E Jesus nasceu conforme prescreviam antigas escrituras, mas a humanidade havia decaído tanto que se formou uma barreira para a penetração dos ensinamentos da Luz.

Jesus falava sobre a vida em toda a sua amplitude espiritual, mas os seres humanos captavam segundo os seus restritos limites materialistas, sem visualizar o grande significado da vida, sem conseguir retransmitir com exatidão o elevado sentido das palavras ouvidas. Assim foi surgindo um cristianismo sem sintonia com a Mensagem transmitida originalmente. E Roma tomou para si a bandeira desse cristianismo nascente, levando-o como religião dominante para as províncias conquistadas.

Durante séculos predominou a visão sobre a vida humana criada em Roma, mas pela falta de uma base coerente, amparada pelas leis da Criação rupturas teriam que surgir, seja pela Reforma Protestante, ou mesmo pelo afastamento da religião, promovido pelo surgimento da ciência e tecnologia amparadas pela acumulação de capitais decorrente da florescente atividade econômica.

A atividade econômica se expandia em função do anseio de dominação propiciado pela associação do dinheiro ao poder. Foi sendo modelada uma nova forma de vida que progressivamente se ia distanciando da religião. Para as elites, a embriaguez que o poder confere. Para as massas, a embriaguez do consumismo.

O advento do consumismo foi exercendo influencia dominante sobre a mente dos seres humanos, e paulatinamente foi suprimindo uma visão mais elevada da vida, e o intelecto foi conduzindo os seres humanos para a idéia de que os fins justificam os meios. Tudo é valido para alcançar a satisfação egocêntrica.

Os seres humanos haviam recebido tudo como viajantes de primeira classe do Planeta Terra. Mas, através da indolência espiritual foram decaindo, atraindo miséria e sofrimentos, criando a segunda e terceira classes. Como conseqüência a vida se tornou cheia de asperesas, e hoje muitos estão viajando em ônibus e trens fétidos e superlotados.

Mas eis que tudo começa a oscilar. Os pilares nos quais a civilização humana foi acentada começam a balançar e, da instabilidade reinante, vai surgindo o conceito da civilização planetária, e que melhor seria dizer, civilização humana no planeta Terra, mas com certeza não surgirá sem que antes haja o pleno reconhecimento do Criador e de Suas leis da Criação, as quais são uniformes, imutáveis e atuantes sobre todas as criaturas.

Até agora, o ser humano com a sua arrogância e mania de grandeza, tem agido permanentemente como um perturbador. Para estabelecer a nova civilização humana sobre o Planeta, necessitamos de um verdadeiro humanismo calcado nos valores espirituais de abrangência cósmica, pois o ser humano é um cidadão do cosmos, e deverá enfim assumir o seu real papel de beneficiador e auxiliador da construção, como gratidão pelo dom da vida!