IMPASSE DA ECONOMIA
(02/09/2002)

Os seres humanos, como qualquer outro ser vivo, tem necessidades a serem atendidas. Alimentação, moradia, vestimentas, lazer. O ser humano além de ser dotado de cérebro, que o habilita a lidar racionalmente com o mundo material, é também de natureza espiritual, e portanto sua essência pode e deve buscar o aprimoramento de forma consciente, em que o instinto deve ser guiado pelo espírito, caso contrario o ser humano poderia viver em cavernas ou dormir em troncos de árvores como os macacos. Eis a grande diferença entre o humano, com aptidões para reconhecer o funcionamento automático das leis da Criação, e o animal cuja vida se restringe ao puramente instintivo.

Assim os grupamentos humanos passaram a organizar a produção, distribuição e consumo dos bens necessários. Contudo os sistemas engendrados se foram distanciando da naturalidade, voltando-se principalmente para objetivos imediatistas ditados pelo egocentrismo.

Na fase inicial quando se pensava em economia política, pensava-se em como aumentar a riqueza de um reino, ou mais precisamente dos detentores do poder que tinham em suas mãos o comando das decisões. Mais tarde surgiram os sistemas econômicos e as teorias humanas para explicar e justificar as atitudes e comportamentos, a ciência econômica e suas correntes de pensamento: o liberalismo, o intervencionismo e o socialismo. O liberalismo tem como características ter procedido da escola fisiocrática que ainda buscava explicações no funcionamento das leis naturais. Atualmente dáênfase ao mercado e ao distanciamento do Estado da vida Econômica. O Intervencionismo focaliza as crescentes desigualdades apregoando a necessidade da participação do poder público para regulamentar a atividade econômica.

Atualmente, nenhuma das correntes de pensamento econômico conseguiu alcançar os fins a que se propunham. A economia mundial entrou num impasse critico em que tudo está levando à estagnação da atividade, seja no Japão, na Europa, e também já apresentando visíveis sinais na economia norte-americana.

A economia tendeu para uma atuação inteiramente subordinada ao dinheiro, às finanças. Mas como num sistema hidráulico desequilibrado, o dinheiro vai para os reservatórios de acumulação sem refluir para os consumidores, permanecendo estagnado na progressiva concentração financeira especulativa. Assim criou-se um mundo econômico artificial, dependente sempre de novos estímulos para injetar recursos e manter a circulação, seja através da intervenção do Estado, ou da fase inicial dos processos de inflação, ou do efeito riqueza produzido pelas bolhas especulativas.

Mas presentemente não está ocorrendo nenhum desses estímulos, e as incertezas se avolumam, assim estamos caminhando para uma provável recessão mundial, que poderá ser mais drástica do que todas as outras face a magnitude dos problemas. Há muita liquidez, contudo não há muitas oportunidades de investimentos e os retornos não oferecem mais o atrativo daquelas margens escandalosamente elevadas.

Nos países atrasados, a inflação foi substituída pelo endividamento, mas neste momento de apreensões gerais dos investidores, os empréstimos estão suspensos, o que gera um ambiente de inquietação e insegurança. No Brasil estamos encerrando mais um ciclo de aplicações teóricas sem efetivamente levar em consideração a economia real e as suas necessidades, como seria o lógico para a obtenção de resultados benéficos. Assim estamos com o patrimônio diminuído e as dividas aumentadas.

Lamentavelmente, tudo isso que se passa entre os humanos, não decorre de uma situação casual, mas sim da eclosão dos efeitos cumulativos de uma forma de viver superficial, sem atentar para a Vontade Divina que se inscreve nas leis da Criação.

E acontece com a ciência da economia, a mesma separação que ocorre com as demais em relação aos seres humanos. “Essa separação não precisava existir, porque a humanidade inteira tem pleno direito à ciência. Pois esta procura apenas tornar mais compreensível a dádiva de Deus, a Criação. A atividade propriamente de cada ramo da ciência se encontra na tentativa de perscrutar mais de perto as leis do Criador, a fim de que essas, pelo seu conhecimento mais apurado, possam ser utilizadas mais proveitosamente para o bem da humanidade.” (Mensagem do Graal, de Abdruschin, Vol. 2, pg. 225).