O PODER E A VERDADE
(23/08/2002)

A conquista e a conservação do poder nem sempre mantém um bom relacionamento com a verdade. Os exemplos são inúmeros. Em “Minority Report”, filme futurista de Steven Spielberg, o líder da organização de combate ao pré-crime, o personagem de Tom Cruise confiava plenamente no diretor da divisão, o qual sempre lhe dera todo o apoio. Mas, ao tentar descobrir verdades do sistema, é submetido à uma série de armadilhas e perfidias desenvolvidas por aqueles que perceberam que o seu poder e influencia estariam seriamente ameaçados.

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A conservação da influencia e prestígio junto aos humanos é um forte pendor que tem acompanhado os poderosos ao longo do tempo, levando as suas atitudes aos limites do radicalismo. A oposição aos ensinamentos de Jesus, outra coisa não foi senão os temores da classe religiosa dominante de que pudesse perder a sua primazia, o que efetivamente não era o caso.

Também não foi outra a atitude da Igreja ao combater com violência e despotismo aqueles que se opunham aos dogmas.

Como diz a sabedoria popular, “a verdade dói”, e pode se tornar incomoda para aqueles que manipulam o poder com astúcia. Por isso muitos procuram ocultar a verdade, dificultando o encontro com ela, mesmo que para isso tenham que ocorrer guerras como registra a história, pois a sedução do poder se sobrepõe a tudo o mais.

Num passado não muito distante a chefia era ensinada como arte, a arte de unir os seres humanos na busca dos objetivos. Modernamente não há mais arte, mas tem sido dada muitaênfase à encenação como forma de galgar os degraus do sucesso. Faz parte da essência humana a repulsa ao cinismo, a busca da decência, mas o fortalecimento do materialismo tem exercido influencia negativa pela falta de um anteparo espiritual.

Assim a cobiça, a manipulação e o exercício do poder sem maiores escrúpulos vem sendo adotado por uma nova geração de dirigentes, seja na esfera pública ou privada, cujo objetivo prioritário é o sucesso e o poder pessoal a qualquer custo, num mundo em que sobra pouco espaço para as pessoas sinceras e de bom coração. O mundo está ficando insensível. O egoísmo e a brutalidade proliferam. A violência e as convulsões sociais também estão aumentando! Os crimes bárbaros e sequestros que ocorrem na periferia de São Paulo e nas áreas criticas do Rio de Janeiro são tão desumanos quanto os violentos conflitos que se travam no Oriente Médio.

A musa inspiradora da atualidade tem sido Maquiavel através dos textos que catalogou por volta do inicio dos anos de 1500, e que hoje são utilizados como manual da conquista e manutenção do poder. Catalogou, porque de fato, as atitudes astuciosas que desprezam a consideração e o igual direito que todos os seres humanos têm de viver e evoluir condignamente neste Planeta, emprestado pelo Criador para esse fim, tem sido utilizadas de há muito, intensamente, pelos seres humanos que deixaram de ouvir a sua intuição.

As Mensagens e Ensinamentos trazidos pelos profetas e Mensageiros enviados pelo Criador, raramente permaneceram intactas para as futuras gerações. As verdades sempre foram retocadas para melhor atender aos interesses imediatistas da estrutura do poder. Assim surgiu o conceito figurativo do farisaísmo, cujo significado conforme escreveu Abdruschin, na Mensagem do Graal, ( Vol. 3, pg. 251), representa uma associação de vaidade espiritual, hipocrisia e as vezes também perfídia: “Indivíduos que merecem essa denominação vós os encontrais hoje por toda a parte, em todos os países e em todos os círculos. Isso nada tem a ver com raças ou nações, e há deles hoje muito mais do que antigamente.”

Mas, “Minority Report” mostra também a atuação do livre arbítrio. Por isso é muito perigoso agir por impulso. A faculdade intuitiva, desde que concedamos permissão para que ela atue, possibilita uma reflexão que se processa instantaneamente sobre os prós e os contra, bem como se para satisfazer nossos desejos, estaremos provocando sofrimentos à outros. Já os efeitos da decisão escapam ao nosso controle. O ser humano tem a liberdade de escolher, de decidir até ao último instante. Mas após “apertar o gatilho”, cada um terá que arcar com as conseqüências de seus atos. E isso é incontornavel, pois está inserido nas leis da Criação. No futuro, quando os seres humanos progredirem amplamente no conhecimento e utilização das leis da Criação, o seu comportamento e suas atitudes serão sempre beneficiadoras.