DUAS CIDADES DOIS PAÍSES
(05/06/2002)

Muitos se referem a ela como a capital do mundo. De todas as partes acorrem visitantes deslumbrados ou apressados. Parece uma cidade encantada, tendo Manhattam no centro, um enorme bloco de pedra encravado no meio das águas, com muitos prédios, lado a lado, de todas as cores e tamanhos. À noite com o brilho das luzes parece um cartão postal. Árvores e flores decoram as ruas cheias de carros e pessoas de todas as cores e raças. Muitos teatros e museus transmitem uma forte inspiração oferecendo todos os tipos de arte. Essa especial combinação cria um magnifico cenário cinematográfico. Isso tudo cria uma atmosfera propicia para o amor, contudo agora se pressente muito ódio porque o ódio se esparramou pelo mundo.

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Por Nova York circula o dinheiro do mundo. O dinheiro provoca ansiedades. Muitas pessoas se tornaram extremamente apegadas a ele como a preocupação prioritária da vida. Dinheiro, pressa, excesso de pessoas e carros criam uma forte tensão atenuada pela presença dos turistas que agora estão chegando em menor quantidade, o que significa menos dinheiro para a cidade, o que aumenta a tensão psico-social, mas é no Central Park que Manhattam se humaniza.

Surge um clima de ansiosa nostalgia diante das incertezas do futuro. Indagações pairam no ar. Quando as coisas voltarão a se normalizar completamente? Esta é a pergunta que inquieta mentes e corações, inibindo o retorno a uma euforia sem reservas.

Nova York também está precisando aumentar as receitas e fortalecer o moral da população. Mas São Paulo, além da falta de dinheiro, está muito atrasada e com muitos problemas decorrentes do seu crescimento desordenado e caótico. Nunca funcionou bem como cidade mas sempre apresentou déficits orçamentários. Contudo o Parque do Ibirapuera é um colírio para os olhos, mas dado o tamanho da cidade, seriam necessários vários deles para humanizar a paisagem paulistana.

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Apesar de todos os avanços Nova York é uma cidade que tem muita pressa e sobra pouco tempo para que as pessoas se voltem para a seriedade do momento que vivemos, para a compreensão do significado da vida, para uma completa formação dos jovens que serão os responsáveis no futuro. Em São Paulo é ainda pior, sendo notório o retrocesso da qualidade de vida e da qualidade humana da população. Não há tempo nem impulsos para fortalecer o eu interior. Os estímulos são para uma vida agitada, e a serenidade é posta de lado. Ao perder a serenidade as pessoas atraem formas negativas, perdem energia, favorecem as doenças, entram em depressão.

O Homem Aranha retrata a Nova York dos cidadões responsáveis e solidários. Mas quando o jovem Parker, o homem aranha, pede um emprego de fotógrafo, o chefe do jornal responde que não falou em emprego, somente em trabalho de free-lancer. O filme transmite o simbolismo de que todos são responsáveis devendo estar a postos na defensiva da paz e da segurança, e agrada o grande público por este se identificar com a fragilidade de Parker e vibrar com a sua volta por cima.

Ainda sobre o homem aranha, foi um lamentável equivoco que o malfeitor recebesse o apelido de gnomo verde. Os gnomos são criaturas dóceis e fieis no cumprimento de suas tarefas, sempre acompanham as fadinhas das flores. Fazem parte dos entes da natureza que constroem e conservam os mundos, mas foram jogados para o mundo das lendas como criaturas imaginarias. (Ver: O Livro do Juízo Final). (Observação: No filme sobre o homem aranha, foi empregada a expressão "green goblin", e não exatamente "green gnome").

Mas em São Paulo até trabalho de free-lancer está muito difícil. O desemprego é enorme, as pessoas ficam sem dinheiro para o essencial. E que dizer dos juros? Os empresários em São Paulo não conseguem taxas menores do que 50 por cento. Em Nova York ficam em torno de dez. O nível do crédito nunca esteve tão baixo, o que denota custo elevado e declínio das atividades.

Como fortalecer o moral da população nessas duas cidades de destacado papel no continente americano? Pela pujança de sua atividade econômica e cultural, ambas deveriam assumir a sua responsabilidade perante a população do Continente desenvolvendo um modelo de evolução humana, benéfica e construtiva, para fugir à barbárie. Um modelo para ser admirado por todos os povos, e não para ser odiado criando um clima de insatisfação e revolta.

Nova York atemoriza-se com a violência que vem de fora. Em São Paulo o aumento da violência urbana está intranquilizando a população. Nos Estados Unidos e no Brasil, o estilo de vida não está levando na devida consideração o eu interior do ser humano dandoênfase principalmente aos aspectos materialistas, despertando a cobiça e a insatisfação.

Atendidas as suas necessidades elementares é dever do ser humano pesquisar o real sentido da vida, desvencilhando-se do dogmatismo, construindo um mundo feliz, livre da miséria, do ódio e da violência. A América foi descoberta para que no novo mundo, os seres humanos pudessem se libertar do falso saber dominante no velho mundo, livres para buscarem pela luz da verdade desimpedidamente!