RECONHECENDO JESUS
(03/04/2002)

Com freqüência alguns historiadores classificam Jesus como sendo um tipo de revolucionário, que tendo criado muitas discórdias acabou sendo condenado e crucificado. Mas Jesus não era um revolucionário guerrilheiro, jamais se ouviu a mínima insinuação que tenha sugerido o uso de armas ou violência. Era um sábio que em sua sabedoria descortinava para os humanos um funesto porvir como conseqüência de sua maneira brutal de viver distanciada da espiritualidade. A crucificação simbolizou a recusa dos seres humanos aos seus ensinamentos, que de forma alguma se contrapunham ao saber transmitido pelos profetas e por Moisés, muito ao contrario traziam uma complementaridade mais avançada, mostrando aos seres humanos, que o básico na Criação é o Amor de Deus, e que sem amor não pode haver a verdadeira vida e felicidade humana.

Com toda a certeza, houvessem os seus ensinamentos sido assimilados e postos em pratica, outra seria a feição do Planeta na atualidade. Haveria boa vontade entre os homens e a paz reinaria abençoando o trabalho humano.

O seu alvo era libertar os seres humanos dos erros, para adquirirem a exata noção do significado espiritual da vida, pois os humanos estavam em franca regressão considerando normal a venda e escravização de seu semelhante, mas encontrava enorme resistência no poder religioso que naquela época exercia grande influência. Distinguia nitidamente o verdadeiro querer dos seres humanos, muitas vezes ardilosamente ocultado. A população em geral reconhecia o grande mérito da doutrina apresentada, tanto os mais humildes como membros da nobreza, bem como por romanos e gregos. Nunca teve a intenção de fundar uma igreja. Os seus ensinamentos não se constituíam numa religião mas eram uma explicação sobre a vida, adequada para aquela época e para o estágio em que se encontravam aqueles seres humanos. Se conservados e divulgados tal como foram dados, muito provavelmente as atuais religiões não existiriam da forma como se apresentam hoje. Em seu lugar teríamos uma base para o real saber da Criação e de suas leis. Em sua sabedoria apregoava que os seres humanos não necessitam de intermediários em sua busca pelo Altíssimo.

Erodes, João o Batista, Nicodemos, José de Arimatéia, Judas Iscariotes, Caifás, Poncio Pilatos, são todos testemunhas da existência de Jesus em um corpo terreno gerado naturalmente. Mas as manipulações para atender às conveniências, produziram uma teia obscura ocultando a verdade. Ao final, conforme descreve o jornalista Juan Arias, acabou se tornando “Jesus esse grande desconhecido”, contudo é altamente significativo que tenha se tornado “um marco divisor da história do mundo”.

Os Seus ensinamentos perderam a lógica original, própria dos ensinamentos verdadeiros, pois onde não há Verdade, também não pode haver lógica. Então, para quem mantém a sua intuição viva, o desconhecido não é Jesus, mas sim os ensinamentos a Ele atribuídos é que se tornaram irreconhecíveis pelas múltiplas interpretações do raciocínio humano.

Assim com o passar do tempo tudo teria que se tornar irreconhecível. Nos escritos tidos como legítimos não há como se distinguir o que é original do que é inserção. Nos apócrifos, tudo é possível face a sua desconhecida origem. Sabe-se lá quantos apócrifos não foram escritos só para confundir os pesquisadores. Segundo Abdruschin, na Mensagem do Graal, “assim acontece com muitas frases e relatos da Bíblia, os quais os seres humanos, na retransmissão, colocaram sua concepção como base. Todavia, todos aqueles escribas não queriam estabelecer disso lei alguma para a humanidade toda, mas apenas relatar.” Desconhecidas também acabaram se tornando as tradições e teorias sobre os ensinamentos do Mestre que ao longo dos séculos se tornaram ilógicos e irreconhecíveis, afastando as populações mais esclarecidas. O Amor não poderia atuar nesse solo movediço. Os ódios e os antagonismos se intensificaram cada vez mais.

Os Seus ensinamentos tinham por estrutura as próprias leis da Criação, e por isso mesmo divergiam das concepções forjadas pela mente humana que sempre busca pelo prestigio pessoal a custa da ingenuidade das populações. E tais ensinamentos, integrados ao saber antigo, se transformariam num patrimônio espiritual da humanidade, orientando-a em puro Amor na direção da paz e da alegria.