PROSPERIDADE E EXCLUSÃO
(19/03/2002)

O ser humano da atualidade cada vez mais se distancia do verdadeiro sentido da vida. Com isso, tudo se vai complicando. Os seres humanos estão se confrontando em decorrência de teorias por eles mesmos engendradas, seja na religião, na economia e na política. Contudo, essas teorias foram construídas a partir de interesses mais imediatos, estando no âmago o forte desejo de poder e prestígio.

Assim, fica muito difícil o surgimento de um consenso. Na lógica do poder, a solidariedade se torna um entrave. O ego sempre fala mais alto. Não há confiança. O medo está sempre a espreita. Há uma sensação de constante ameaça que resulta das sutilezas da cobiça pelo poder. Uma permanente vigilância armada contra os supostos concorrentes usurpadores, e não raro instabilizadores ataques traiçoeiros.

A solidariedade deveria ser entendida com mais amplitude. Não se tratam de simples campanhas de doar roupas e alimentos aos miseráveis, é muito mais, é criar condições de prosperidade para que miseráveis sejam apenas os vadios que não querem trabalhar.

Quando se dissemina o conceito de que se deve sempre ser o número um, a solidariedade e a cooperação tendem a sumir. Isso fatalmente teria que levar a um mundo excludente. Mas a exclusão social tem raízes mais profundas. Ela surge como decorrência do crescente distanciamento entre o ser humano e o verdadeiro sentido da vida.

Pois, em decorrência desse distanciamento, produziu-se a torre de babel que levou à confusão geral, ofuscando-se o verdadeiro saber. Restou a técnica e sua descendente, a moderna tecnologia dirigida prioritariamente na direção da conquista e conservação do poder.

O dinheiro é bem um exemplo da falta de real solidariedade humana. No passado, saques e pilhagens deram origem a riqueza. Atualmente a acumulação decorre principalmente do esforço produtivo dos indivíduos que formam as riquezas das nações. O sistema tende a concentrar a riqueza financeira que resulta do conjunto das atividades humanas.

Mas hoje, em muitos países, quem quiser iniciar uma atividade produtiva ou expandir o seu negócio, somente terá acesso ao financiamento se estiver apto e disposto a arcar com um elevado custo pelo dinheiro, o que muitas vezes inviabiliza o negócio, assim a concentração da riqueza tende a aumentar continuamente. Nos países atrasados, o elevado custo financeiro é repassado para as mercadorias e absorvido pelos consumidores que também são produtores dessa riqueza. O mesmo não ocorre no primeiro mundo onde os juros são bem reduzidos, e sempre que se torne necessário impulsionar a economia, são efetuadas mais reduções como é o caso dos Estados Unidos.

Essas idéias nada tem a ver com comunismo ou socialismo, mas são desafios que evidentemente deverão ser enfrentados com a boa vontade de produzir prosperidade e benefícios para a população. Esse papel cabe às elites dirigentes. Mas, sem o conhecimento do real sentido da vida, se deixaram envolver em lutas menores motivadas pelo egoísmo e cobiça de poder.

Em tudo há que haver equilíbrio. O Estado também não pode taxar a população de forma exacerbada. A carga tibutária deve ser compatível e repassada a população sob a forma de investimentos e benfeitorias. Lamentavelmente, muitos Estados estão a beira da falência, pois foram relapsos com as suas contas e com o preparo da população para a vida. O moral da população foi perdido também, devendo tudo ser reconstruído. Mas de que forma? Que direção deve ser apontada a essas populações?

São reflexões que não podem mais ser adiadas, sem o que não será efetivamente encontrado o caminho da evolução humana com paz e prosperidade sem exclusão.