ESCAPANDO DO PÂNICO
(01/03/2002)

Estamos enfrentando uma fase bem difícil. Como conseqüência do errar humano, os problemas e dificuldades surgem uns após os outros. Antes mesmo que se tenham solucionado os anteriores, já surgem novos problemas a desafiar os dirigentes. Mas na vida particular de cada família e cada indivíduo se passa a mesma coisa. Os problemas vão surgindo sem dar folga, criando um clima de pânico e desassossego.

Alvin e Eide Toffler, no ESP, de 27 de janeiro, prognosticaram para as próximas décadas um cenário caótico de insatisfação e pânico: “as próximas décadas estarão repletas de torções e reviravoltas, altos e baixos. E a religião terá um papel fundamental nessa turbulência, já que as pessoas vão recorrer a ela para tentar dar ordem a esse mundo.”

Contudo, temos de reconhecer que no Terceiro Mundo já estamos passando por isso, o que comprova a grande vendagem de livros de auto-ajuda. Desde a década de 80 se tornaram visíveis os sintomas de decadência e caos nos países atrasados. A África é o mais clamoroso exemplo, onde tudo de ruim está acontecendo face a ausência de uma consciência de responsabilidade humana e sem que haja a perspectiva de mudanças a curto prazo. Como nada é feito a situação tende a ficar cada vez pior. A mais recente tragédia ocorreu em Lagos, Nigéria. Mais de 1000 mortos em decorrência de uma violenta explosão no depósito de munições do exercito, num incêndio pirotécnico que durou dez horas.

A Argentina é o exemplo mais recente de desmandos e irresponsável condução dos negócios de Estado em prejuízo da população que, descontrolada, sai às ruas batendo panelas vazias, reclamando trabalho e o dinheiro que sumiu.

No Brasil também temos uma variedade de problemas críticos que inviabilizam um futuro promissor de evolução e paz para a população. A indústria permanece estagnada de longa data. A indústria que mais cresceu foi a do seqüestro. O País surgiu como colônia destinada a enriquecer as metrópoles. Há a percepção de que as elites não têm demonstrado muitas preocupações com o futuro. Daío País paga mais caro pelos dólares que toma sob empréstimo. Há falta de credibilidade. Vejamos: o Brasil é considerado o país do carnaval. São vários dias de folia e alienação. A grande preocupação é que não faltem “camisinhas”, e pasmem, temos de importar esse item também.

Mas não é só isso, o futebol é uma grande paixão. Grande parcela do povo lêpouco ou quase nada, mas não perde o futebol. Falta feijão, mas a cachaça é barata, e a tanga completa a imagem não muito favorável no exterior, onde muitos turistas são atraídos para o turismo erótico, com a possibilidade de sexo com mulheres que mal saíram da adolescência. Ora, um país que permite que seus adolescentes se prostituam, tem forçosamente que arcar com uma taxa de juros elevada. Mas verdade seja dita, também temos muitas pessoas disciplinadas, dedicadas aos estudos, aplicadas ao trabalho, muito embora as oportunidades e esperanças estejam cada vez mais reduzidas.

Os banqueiros não oferecem dinheiro barato quando percebem falta de seriedade. A pretexto do risco, engordam os seus ganhos. Então, é indispensável que caminhemos para o futuro com o necessário senso de responsabilidade quanto aos destinos do País e evolução de sua população. Exemplos do descaso existem inúmeros. Basta lembrar que em poucas décadas mudamos varias vezes de moeda e que foram cortadas dezenas de zeros, enquanto que nos Estados Unidos, o dólar foi sempre o dólar.

O povo e as autoridades norte-americanas e européias, vivem de certa forma uma vida mais disciplinada, fruto de uma educação secular. Nos Estados Unidos, o vício do cigarro é tenazmente combatido. Não há um botequim em cada esquina. A cerveja é de baixo teor alcoólico, e vinho só a noite, em ocasiões especiais. Trata-se de uma civilização complexa na qual a motivação básica é o dinheiro e o trabalho, o significado da pátria e a crença na segurança nacional.

Mas lá também surgem problemas. O atentado terrorista de 11 de setembro abalou a confiança da população. O escândalo da Enron também. Foram abaladas a credibilidade na segurança nacional, a proteção do lar, e a credibilidade nos sustentáculos financeiros. As enormes perdas com carteiras de ações destinadas a garantir o futuro, abalam a fé nos fundamentos da civilização do dinheiro. Em que se poderá acreditar agora, se as irresponsáveis manobras especulativas conseguirem promover um transe financeiro global?

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Em meio a aflição muitos seres humanos procuram principalmente por algo que recomponha o valor de suas carteiras de investimentos. Mas, há também aqueles, que reconhecendo a gravidade da situação através do avolumar de ocorrências desagradáveis e da incerteza que aumenta, anseiam por uma nova Luz para que se transformem em autênticos seres humanos, escapando do caos e do pânico que se avizinha como conseqüência do acumulo de falhas da humanidade.