JESUS O PORTADOR DA LUZ
(17/12/2001)

Não foi exatamente no ano zero da era Cristã. Foi um pouco antes que Maria deu a luz a um menino na cidade de Belém, onde as hospedarias estavam lotadas e José teve que se conformar com o local que conseguiu. Jesus existiu realmente, em carne e osso. Seu corpo terreno nada diferia do corpo dos demais mortais, tendo logicamente a sua geração ocorrido em conformidade com as leis da Criação. Mas, o núcleo vivificador era de espécie muito mais elevada que a centelha espiritual que anima o corpo dos humanos.

Não podemos compará-lo com os demais homens. Sua sabedoria e visão são de abrangência total, isto é, transcendem ao puramente material, indo além do espiritual até ao Divino. Portanto, muitas de suas atitudes não foram devidamente compreendidas pelos seres humanos em sua restrição intelectiva.

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Os homens falam da missão de Jesus, mas o que sabem eles dessa missão? Enxergam exclusivamente os aspectos terrenais, sem conseguir compreendê-los adequadamente.

Em sua infinita sabedoria e o amplo conhecimento das leis da Criação, que expressam a Vontade de Deus, Jesus não podia aceitar o comportamento bitolado das elites religiosas, rebelando-se contra esse estado de coisas que ao invés de elevar o espírito, cerceava-o mediante teorias embaladoras da sonolência espiritual.E a sua vigorosa palavra de ordem ordenava ao espírito humano: desperta para a vida espiritual para que tua vida adquira sentido.

Revoltava-se contra o saber rasteiro que visava solucionar apenas as questões de ordem material, impedindo a elevação que decorre do verdadeiro saber que impulsiona todo o humano para o enobrecimento e beneficiamento.

Diante da vida de Jesus, seria o caso de se perguntar hoje: Como é possível uma pessoa declarar-se cristã e desconhecer as palavras de Cristo, que visavam explicar o funcionamento das Leis da Criação? Jesus é apenas lembrado como a criança que nasceu em Belém, e que recebeu a visita de três reis que não deram o amparo material que deveriam ter dado para assegurar o cumprimento da missão para beneficio geral. A maioria dos reis sempre falharam em sua missão em prol da evolução do povo. A lembrança da época do nascimento de Jesus se transformou numa época muito boa para o comércio, porém vazia em seu significado espiritual, e como um significativo momento de gratidão pelo dom da vida e fortalecimento na busca da Luz da Verdade.

Ele, pessoalmente, não tinha dúvidas quanto a Missão que lhe fora confiada, cumprindo-a integralmente sem recuar. Os humanos porém não aceitaram a simplicidade e clareza do seu saber que apontava para a dispensabilidade de intermediários entre as criaturas e seu Criador. O despeito e a inveja fermentaram os ódios, sobrevindo o assassinato travestido de julgamento.

A morte na cruz nunca foi desejada ou planejada. Foi uma conseqüência da reduzida receptividade humana e apresentada como deliberado ato de sacrifício, para dar força aos conceitos distorcidos que colocaram a morte cruel como escada por onde os pecadores se elevariam, mesmo sobrecarregados de pecados.

Assim, a cada absurdo, um novo absurdo foi acrescentado, sem que os seres humanos despertassem de sua sonolência espiritual. A intelectualidade resolve os absurdos dissecando os fatores externos, sem contudo conseguir penetrar no âmago da questão.

Os seres humanos sempre fincaram as suas raízes principalmente nos interesses materialistas, mais próximos da terra do que do céu. Isto é, embora revestissem os seus atos de um cunho aparentemente espiritualista, as suas atenções se voltavam prioritariamente para os interesses materialistas e lutas pelo poder, muito embora na maior parte das vezes isso é feito de forma camuflada e sem a nítida percepção da maior parte dos fiéis.

Por isso mesmo, os ensinamentos trazidos pelos profetas e Enviados de Deus se chocavam com a rigidez existente nas doutrinas religiosas, subsistindo apenas as partes mais adequadas ou modificadas para permitir uma concordância de conceitos.

Com o fortalecimento do poder econômico, o poder religioso e o político que comandaram as ações durante séculos, tiveram que recompor as suas posturas, para não dizer, negociar uma posição honrosa no contexto da sociedade humana. Assim, o interesse material se sobrepôs a tudo o mais, ficando o efetivamente espiritual para o plano secundário.

Mas o viver humano se foi tornando cada vez mais áspero. Na falta do espiritual verdadeiro norteando as ações, a sociedade humana têm caminhado para um beco sem saída, com população excessiva, exaustão dos recursos naturais e desequilíbrio nos mecanismos automáticos de preservação das condições ambientais. Some-se a isso tudo o agravamento das condições econômicas e as crescentes dificuldades no relacionamento humano.

Nesse quadro desolador, com o cenário de predomínio das forças econômicas, surgem os descontentamentos fundamentalistas buscando uma retomada de espaço. Mas não se pode afirmar que isso significa que se esteja buscando o espiritual com mais intensidade. É um choque de interesses face ao contínuo crescimento do poder econômico em detrimento do religioso que passa a se utilizar de todos os meios para a reconquista do poder de influenciar o comportamento das massas. Aqueles porem, que reconhecendo essa degradante condição humana e, ao ensejo da solenidade do Natal, pedirem humildemente, receberão o auxilio da Luz!