PROTESTOS DESCONTROLADOS
(24/07/2001)

Em Gênova, 150 mil saíram às ruas para protestar contra o Fórum do G-8, face à miséria que se esparrama pelo planeta. Mas a quem atribuir a culpa pela miséria?

A miséria se expande, mesmo assim as teorias confundem, porque enquanto no mundo desenvolvido busca-se o crescimento e a expansão do consumo através de reduções de juros, cortes nos impostos, investimentos do setor público, manipulações cambiais, no mundo atrasado, assoberbado pelas dívidas, as propostas são outras: elevação das taxas de juros, cortes nos dispêndios governamentais, aumento da carga tributária com a instituição de impostos tipicamente arrecadatórios que oneram a produção e reduzem a competitividade.

Assim, à medida que as novas gerações vão tomando consciência dessa realidade, vai surgindo um sentimento de revolta cega e surda que, sem ir mais profundamente no estudo das causas, passa a uma atitude de confrontação semelhante a uma guerrilha urbana, perigosa e inconseqüente.

Os seres humanos estão pondo a civilidade de lado e retrogradando a um comportamento embrutecido. Afinal somos todos seres humanos, seja no Norte ou seja no Sul. Há que haver respeito com os símbolos de outros povos. Povo é povo em qualquer região. Assim, se Portugal se opunha a independência do Brasil, José Bonifácio, o Patriarca da Independência jamais pensaria em queimar a bandeira portuguesa em praça pública. Contudo, sempre foi tenaz em sua luta pela emancipação do Brasil.

Opor-se violentamente ao Capitalismo nada mais é do que opor-se contra a própria humanidade que propiciou as bases para o surgimento do sistema, face ao seu próprio comportamento diante da vida. Também não se pode atribuir o mal aos avanços tecnológicos. O mal está na dissimulada cisão entre as criaturas humanas que se afastaram de seu Criador, colocando tudo sob os interesses de seus egos e desejo de dominar. Mas, com a ascensão dos Republicanos no comando da Potência hegemônica, parece que os abismos das cisões se evidenciam com mais nitidez.

Se muitos acham que tudo que está ocorrendo tem por motivação a conclusão de Adam Smith, de que a taxa de lucro sempre tenderá a diminuir com o avanço do Capitalismo, é porque a sua análise não se aprofunda amplamente no real significado da vida. De fato, o aumento da concorrência e a disputa pelos mercados provocam inevitável redução dos lucros, que passa a ser contornada com vários mecanismos de redução dos custos tais como as fusões, automatização da produção, destruição de concorrentes, invasão dos mercados, forçando abertura comercial e desregulamentação, e enfraquecendo o Estado Soberano. Tudo isso tem acontecido e, paralelamente, há a redução dos empregos e dos salários. Dizer que o mercado resolve tudo automaticamente é acobertar interesses e fugir às responsabilidades.

Contudo, o Estado deve permanecer laico, afastado das religiões. Tempos virão em que apenas poderão subsistir os Estados que fundamentarem as suas leis nas Leis da Criação, que expressam a Vontade do Altíssimo Criador de Todos os Mundos. O confronto Estado ou Mercado é um fenômeno decorrente do próprio histórico da humanidade, sempre buscando explicações cômodas sobre a vida, sem nunca se ter dado a um trabalho sério de análise do que a vida representa e como o ser humano deve pautar a sua existência no planeta, na Criação.

Por outro lado, o desprezo com que tem sido tratado o meio ambiente, já provoca distúrbios de difícil solução: poluição das águas, destruição das florestas, aquecimento global, montanhas de lixo sem destinação.

Porque surgiu a vida no Planeta? Como o ser humano deveria viver para alcançar o desenvolvimento progressivo em paralelo a todo o desenvolvimento da natureza? Essa indolência e comodismo tem sido habilmente aproveitada pelos indivíduos ávidos de poder, que não vacilaram em difundir o medo e o conformismo como forma de domínio e controle das populações, em benefício dos próprios interesses decorrentes de sua maneira errada de focar a vida, escravizando-se ao raciocínio, em oposição ao significado espiritual da existência humana.

Somente um verdadeiro mestre, isto é, sem interesses pessoais, tendo por motivação única o propósito de auxiliar aos seres humanos com puro amor, poderia trazer o esclarecimento certo. Assim, na Mensagem do Graal, Abduschim esclarece: (Vol.2, pg.385).

"Por isso o falhar hoje está em toda a parte. Para onde quer que se olhe, há um quadro da mais desoladora confusão e de muita miséria !

E em cima do monte de escombros se encontra vazio, cheio de si, orgulhosamente, o causador da confusão tremenda... o "homem moderno", conforme costuma denominar-se de preferência. O "progressista", que na realidade regrediu constantemente! Exigindo admiração, cognomina-se também ainda de "puro materialista".

Acrescentam-se ainda a tudo isso as inúmeras cisões, o sempre crescente ódio mútuo, apesar da uniformidade da escravidão voluntária! Nem empregador nem os empregados têm culpa disso, nem o capital nem a sua falta, nem a igreja nem o Estado, nem as diferentes nações, mas tão-somente a sintonização errada das pessoas, individualmente, fez com que tudo chegasse a tanto!"