NEGÓCIOS EM QUEDA
(11/07/2001)

A mais usual expressão dos empresários, dos diversos setores de atividade econômica, é de que "deu uma queda", ou então "caiu muito". Eis a grande questão. É verdade que as coisas já não andavam muito bem, mas havia alguma esperança. Não havia nenhum preparo para enfrentar uma queda. Assim, poucas são as análises sobre as causas, e muitos os queixumes e lamentações.

O mercado se assusta. Os dólares são insuficientes. Será que os argentinos estão comprando dólares no Brasil como forma de proteção ou especulação, puxando o câmbio para cima, aumentando a instabilidade? A carga tributária é elevada, os gastos ainda mais. De onde tirar mais dinheiro se a atividade econômica está em queda? Sem arrecadação o Estado não consegue subsistir. Porque os gastos são tão elevados se não há investimentos e o funcionamento das administrações públicas se torna precário? A população dá um exemplo de comportamento economizando energia, em seguida a tarifa é reajustada. Será o oligopólio? Quando a demanda cai o preço aumenta.

Com a queda aumenta a inadimplência, fica mais difícil pagar os compromissos sem atrasos. Os consumidores se retraem. As vendas encolhem. Necessitamos exportar mais. Mas, de um lado, o país não completou o seu aprendizado de exportador, e de outro, o mundo, assustado com a ressaca americana e a apatia da Europa e do Japão, está comprando apenas o estritamente necessário.

Esta é, sem dúvida, a hora e a vez dos economistas se pronunciarem, haja vista que esta foi a era dos economistas e de suas teorias. Seu grande descuido, contudo, foi pôr de lado os finitos recursos naturais e dar prioridade aos aspectos monetários e as pretensas ilimitadas possibilidades de gerar créditos virtuais eternamente sem maiores conseqüências.

Não podemos, porém, atribuir responsabilidade exclusiva aos economistas, eles apenas teorizaram os anseios de uma humanidade imediatista e sem olhos para ver que a verdadeira riqueza nos é ofertada pela natureza e seus mecanismos perfeitos e automáticos, que propiciam as condições necessárias para a vida dentro de certos limites de utilização e de carga humana sobre o planeta. Mas disso pouquíssimos seres humanos quiseram saber, a grande maioria tem agido com oportunismo em busca do poder e do contínuo prazer. Assim, o meio ambiente não resistiu saindo do equilíbrio, adoecendo.

O problema central do mundo não é o relacionamento entre o capital e o trabalho, mas sim o relacionamento entre a criatura humana e seu Criador. É exatamente aí que encontraremos a origem dos problemas que afligem a humanidade, porque a criatura quis colocar-se ao lado e até acima de seu Criador. Os homens inventaram o dinheiro e quiseram se tornar deuses, por isso ambicionam a posse de mais e mais dinheiro, pondo de lado as suas responsabilidades de criaturas humanas. O dinheiro se tornou tão importante para os homens, que a sua teorização se sobrepôs a tudo o mais que foi deixado em plano secundário, inclusive a própria vida, isto porque, cego pela cobiça, o ser humano perdeu a visão do grande significado e sentido da existência terrena. Tudo se converteu em mercadoria com preço fixado em moedas, inclusive a própria vida humana, porque os homens acreditam que sua obra, o dinheiro, seja imortal, mas a desordem monetária indica que as moedas também estão doentes, convulsionadas face ao grande acúmulo de liquidez financeira.

Assim não tardará em surgir a época em que tudo se mostrará oscilante e sem estabilidade, porque fora construído sobre base efêmera, puramente materialista. A natureza tem muito mais força e firmeza.

Agora o mundo geme a sua impotência diante do avolumar dos problemas de toda ordem. Somente no retorno a uma vida real e natural, amparada nas Leis da Criação, poderá surgir o remédio. Mas, antes disso, muitas coisas doentes terão de soçobrar, só então o ser humano aprenderá a agir como deve para produzir paz e progresso harmonioso, não perturbador.