O DÓLAR E AS BANANAS
(08/06/2001)

Os tomadores de bananas não contavam com a recessão pluviométrica, e a falta de previdência vem a tona porque o nível das barragens baixou.

Suponha que a banana seja a moeda forte. Um país como os Estados Unidos, que produzem muitas bananas verdes, poderá controlar o seu preço e ficar imune às crises por falta de bananas.

Já os países dependentes enfrentarão muitas dificuldades. Se estabelecerem uma âncora para a banana mantendo o seu preço fixo, todos vão querer se beneficiar da moeda forte. A conseqüência é que havendo uma procura ou como prefere a maioria, demanda, superior à oferta, haverá falta e o governo terá que contratar empréstimos para manter o preço fixo.

Se, por outro lado, o governo deixar o preço da banana flutuante, nos momentos de insegurança, haverá forte demanda, fazendo o preço subir descontroladamente, afetando o nível dos preços, desequilibrando toda a economia. Mas a banana também não fica livre da jogatina. Alguns aplicam o seu dinheiro em bananas como proteção, para não empobrecer de repente com as desvalorizações. Outros, porém, fazem da especulação a sua profissão, sempre comprando às vésperas das desvalorizações, visando ganhos fabulosos no curto prazo.

Então qual o melhor opção, câmbio fixo ou variável? O caminho não é por aí. O caminho está na redução da dependência e para isso só existem duas possibilidades: ou você reduz as necessidades de dólares através de mais produção e redução de compromissos que requeiram dispêndios em dólares, ou você aumenta as exportações, tanto quanto você precisar para fechar as contas. Não há mágica. Fora disso só endividamento de curto ou de longo prazo.

Governar no século 21 não está fáci,l porque nestes tempos de colheita os frutos do imediatismo e da falta de planejamento eclodem estrondosamente. O superaquecimento do planeta decorrente do agravamento do efeito estufa provocado pelos humanos coincide com os efeitos do brutal desmatamento, da desordenada ocupação urbana junto as áreas de proteção aos mananciais, do aumento da população e não menos da inusitada atividade solar que chama a atenção dos cientistas através dos espetaculares jatos incandescentes lançados do interior do astro que, esquentando o ar, cria longas estiagens, fazendo sumir a água, esse precioso líquido sem o qual não se vive no Planeta. Os seres humanos permanecem desconhecedores da poderosa força da natureza, de sua origem e necessidade.

Mas muitas pessoas já começam a perceber que os defensores da natureza e os ecologistas não eram lunáticos. Eles sabiam do que estavam falando quando defendiam ardorosamente a manutenção das florestas, o direito das aves e outros espécimes da fauna silvestre, a proteção dos rios e mares. Todavia, a crise está propiciando um benéfico estímulo educativo sobre a população, se bem que alimentado pelo temor, mas talvez seja o primeiro passo na direção da indispensável harmonização com as dádivas da natureza.

Agora percebe-se que sem água não há energia e as bananas também desaparecem do mercado. E toda essa pressão retorna caoticamente sobre as autoridades governamentais, não só no Brasil, mas em todo o Planeta.

O sofrimento e a inquietação se repartem por igual sobre a população atônita, que principia a ter um lampejo de visão menos escura. Sob as ameaças de "apagão", os seres humanos já começam a vislumbrar alguma luz apontando para o significado da vida e para a gravidade do momento em que vivemos.

Enquanto as multidões buscam por culpados, alguns buscam na Luz da Verdade por esclarecimentos que os auxiliem e os fortaleçam em meio aos embates da lei da Reciprocidade. A superação das crises sempre ensejaram um fortalecimento aos seres humanos, mas desta feita estamos diante de um momento crucial em que sinceridade e responsabilidade se fazem indispensáveis. Não há como dar um jeitinho através da maneira indolente com que a humanidade sempre agiu. Havia tempo. Agora o tempo está se esgotando. Somente na renovação se encontrará a solução para que se construa um mundo melhor, mais adequado como obra produzida por seres humanos.