Um traço comum na maioria das grandes cidades é a confusão dos congestionamentos na hora do rush. Milhões de pessoas movendo-se de casa para o trabalho, ou vice-versa, usando carros, ônibus, trens, metrôs e outras modalidades de transporte.
São muitos carros e muitas pessoas movendo-se ao mesmo tempo. Poluição excessiva, barulho e impaciência provocando estafa e estresse nas pessoas. Há casos em que muitas pessoas gastam em média duas horas para ir ao trabalho e duas horas para voltar para casa. Quatro horas por dia, vinte por semana. É um grande desperdício de tempo que poderia ser aproveitado em cursos, leituras ou atividades de lazer. Na hora do "rush" acresce ainda o inconveniente do transporte público estar sempre lotado, aumentando o desconforto.
Evidentemente as pessoas precisam e devem trabalhar, mas a necessidade de locomoção não recebeu as devidas atenções, seja das autoridades ou mesmo dos empregadores, porque as condições atuais permaneceram brutais, isto é, sem as necessárias atenções para um melhor planejamento para que a existência humana não se tornasse tão áspera e sofrida. Efetivamente os precários sistemas de transporte público nunca foram utilizados pelas classes dirigentes, governamentais ou particulares. Se tivessem sentido na pele como são desumanos e desconfortáveis, por certo teriam buscado soluções mais apropriadas. Existem muitas coisas que as classes dirigentes não experimentaram, por isso desconhecem como vive grande parte da população.
O trabalho faz parte da vida. O Planeta contém em seu revestimento material tudo que o ser humano necessita para a sua subsistência, mas a matéria deve ser trabalhada e transformada para o atendimento das necessidades humanas. Evidentemente isso requer planejamento, organização, pesquisas, treinamento. Ora, Jesus, jamais estipularia normas contrárias à necessidade de organização e planejamento do trabalho. Jamais indicou como forma genérica de vida uma existência contemplativa de ócio, ou a proibição para uma mobilidade profissional ou social segundo a vontade íntima do indivíduo em busca do ganho justo.
O movimento é inerente à própria vida. Já a indolência acarreta estagnação e enfraquecimento, opondo-se ao desfrutar de modo alegre a existência consciente. "A Mensagem do Graal", de Abdruschin, esclarece: "O pão nosso de cada dia nos dá hoje!" Isso equivale a dizer - se eu cumprir aquilo que afirmei ser, deixa então que Tua benção paire sobre a minha atuação terrena, a fim de que eu disponha sempre de tempo para conseguir meu necessário sustento de vida na matéria grosseira, para poder viver segundo a Tua Vontade!".
Contudo, Jesus pessoalmente, auxiliado pelos discípulos que escolhera, tinha que seguir a sua missão de trazer as explicações sobre as leis da Criação, a Vontade de Deus.
Basta pesquisar a história para que seja constatado que Maria e seus filhos continuaram administrando a Marcenaria de José, após Jesus se ter afastado do trabalho, recebendo encomendas, executando serviços e cobrando pelos mesmos.
A obediência a Deus nunca foi compreendida exatamente nem no tempo de Jesus, nem depois. Não houve um esforço maior dos seres humanos para a compreensão do significado da Mensagem. Obedecer a Deus é respeitar a sua Vontade que se inscreve nas leis da Criação. "Seja feita a Vossa Vontade...". Nisso reside a evolução e salvação da alma. Não através de uma existência submetida a regulamentos criados pelo intelecto humano, mas através da evolução do espírito obtida em vivências próprias na busca do reconhecimento da vontade de Deus, isto é, das leis da Criação, o que deve ser vivenciado individualmente sem a necessidade de intermediários.
A Reforma poderia e deveria ter acarretado profundas modificações no direcionamento religioso apontando na direção da efetiva evolução espiritual, mas acabou provocando desavenças e lutas pela sobrevivência própria das correntes religiosas que se opunham à Igreja e à rigidez dogmática.
Então, não tardou a ocorrer que, para os seres humanos, ganhar dinheiro se tornasse tão importante quanto a salvação da alma, através da obediência a regulamentos flexíveis e liberais. Atualmente, porém, ganhar dinheiro se tornou a motivação dominante , mobilizando todas as energias do ser humano, em todas as camadas da população, inclusive para os trabalhadores que diariamente se submetem ao demorado transporte urbano, posto que se tornaram extremamente dependentes de sua remuneração para assegurar a subsistência apertada. Distanciada das Leis da Criação, a humanidade não consegue alcançar a desejada felicidade.